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Rafaela Damas Ribeiro Azelman, que ficou conhecida como a "Viúva Negra" de Niterói foi condenada a 30 anos de prisão pela morte do marido, o marinheiro mercante William Azelman Silva das Neves, em 9 de agosto de 2015. O julgamento, realizado na Sala de Audiências da 1ª Vara Criminal da Capital, foi iniciado na noite dessa quarta-feira (1º), terminando já na madrugada desta quinta-feira (2), quando a acusada recebeu a sentença.
A sessão foi presidida pela juíza Tula Corrêa de Mello, titular da Vara, e terminou por volta das 5h. De acordo com a sentença proferida pela magistrada, foi estabelecida pena-base de 24 anos de reclusão que, somado aos agravantes de ser crime cometido contra cônjuge e também a ré ter sido a mandante do assassinato, chegando aos 30 anos. O Conselho de Sentença reconheceu o crime como homicídio qualificado por motivo torpe.
A defesa de Rafaela tentou, no início da audiência, pedir o adiamento do julgamento, o que foi negado pela magistrada. Ainda de acordo com a sentença, a pena deverá começar a ser cumprida imediatamente e em regime fechado. Durante a sessão, também houve depoimento de testemunhas de acusação e defesa, além de debates sobre provas relacionadas ao crime.
Assim que a juíza concluiu a leitura da condenação da sentença, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), representando a acusação, afirmou que não irá recorrer. Em contrapartida, a defesa de Rafaela afirmou que irá se manifestar dentro do prazo legal. Na sentença, a magistrada afirmou que a execução de William foi feita de maneira "covarde".
"Reconhecido, ainda, pelo Conselho de Sentença, a traição, utilizo como circunstância judicial desfavorável, na medida em que a acusada simulou uma saída com seu cônjuge, entregando-o aos seus algozes. Reconheço como desfavorável a intensidade do dolo, eis que conforme depoimentos nos autos, a acusada premeditou e planejou o melhor momento do ataque, permitindo a execução de forma covarde, á noite, surpreendendo a vítima em seu momento de lazer", diz um trecho da sentença.
Além disso, a juíza destacou a premeditação do crime por parte da acusada. Tula não deixou de citar as viagens feitas por Rafaela com o seguro de vida de William, do qual Rafaela era beneficiária. Segundo informações levantadas pela reportagem de A TRIBUNA, o valor chegava a R$ 1 milhão. Outro fato apontado na sentença foi o fato de a execução ter sido feita na véspera do Dia dos Pais.
"Reconheço, ainda, as circunstâncias desfavoráveis verificadas pela audácia criminosa da acusada, que após a execução organizou viagens custeadas pelo seguro de vida e pensão, eis que figurava como beneficiária na condição de viúva. Reconheço, ainda, como desfavorável a circunstância da ausência de contribuição da vítima para o crime em questão, sendo trabalhador e querido pela família e amigos. As consequências para os familiares da vítima, em especial o pai, se deparando com a execução da vítima na véspera do dia dos pais, igualmente deve ser considerada", prosseguiu.
Recordando
O marinheiro mercante foi morto no dia 9 de agosto de 2015. A princípio, várias evidências acabaram por desfazer a impressão inicial de crime de latrocínio (roubo seguido de morte). Câmeras de segurança registraram imagens do carro usado no crime rondando a residência do casal meia hora antes do assalto. Após investigações diligenciadas pelo então titular DHNSG, delegado Fábio Barucke, foi descoberto que Rafaela havia planejado a morte do marido, que foi executada pelo seu amante, o traficante Victor Marins Tavares Ribeiro, vulgo Vitinho Mete Bala, de 25 anos, apontado como um dos chefes do tráfico de drogas na comunidade Grota do Surucucu, em São Francisco. Ele foi preso em setembro de 2016.
Também durante o trabalho investigativo, foi verificado que Willian (trabalhando embarcado) passava todo mês cerca de 15 dias fora de casa, e que possuía dois seguros de vida em nome de Rafaela, no valor de mais R$ 1 milhão cada. Um deles foi resgatado por Rafaela após a morte do marido. Testemunhas relataram à polícia que Rafaela frequentava os bailes funks, patrocinados pelo tráfico, em São Francisco, na ausência do marido. Os indícios que mais chamaram a atenção da polícia e levantaram suspeitas sobre o crime foram o fato de Rafaela não buscar ajuda nas proximidades de onde ocorreu o crime, mas sim há grande distância, no condomínio onde morava (cerca de 500 metros de distância), os assassinos levaram apenas o celular de Rafaela e as alianças, mas não roubaram um cordão de ouro da vítima, o veículo da vítima foi localizado a menos de 2 km de onde foi roubado, na Vila Progresso.
Após crime, o amante de Rafaela promoveu um churrasco na comunidade da Grota, afirmando ainda (segundo informes) que havia ganhado muito dinheiro para matar o oficial da Marinha. Com a morte de William, a acusada alugou o imóvel onde morava e passou a desfrutar da pensão de cerca de R$ 5 mil deixada pela vítima, além disso ainda realizou um tour pela Europa. Rafaela foi presa em 26 de junho de 2017, por policiais civis da 118ª DP (Araruama).