Campanhas educativas, multas e até prisões não inibem muitos motoristas na hora de beber e dirigir. Um levantamento do grupo Arteris, mesma empresa que administra a Rodovia Niterói-Manilha (BR-101), mostrou através de uma pesquisa que 26% de mais de mil condutores admitiram que dirigir sob efeito de álcool. Na análise por gênero e faixa etária, foi verificada que a maior incidência era entre homens (30,7% contra 18,3% de mulheres) e motoristas de até 45 anos (28,5%). Outras infrações também foram abordadas e o resultado foi alarmante. Muitos condutores admitiram que dirigem alcoolizados, usam celulares e não respeitam os limites de velocidade. As tragédias provocadas por acidentes são uma realidade para uma parcela expressiva dos pesquisados: uma em cada cinco pessoas tem histórico de mortes na família. A percepção de que o trânsito brasileiro é perigoso também foi compartilhada por 68,9% dos entrevistados.
Com o Whatsapp e o Pokemon Go o número de pessoas no celular também cresceu. Mais da metade (51,8%) dos condutores utilizam, ainda que raramente, os aparelhos enquanto dirige. A prática aumenta o risco de colisões. Estatísticas apontam que gastar 5 segundos para fazer uma ligação a 60 km/h é igual a percorrer 83 metros às cegas, tempo mais do que suficiente para ocorrer um acidente grave. Entre as mulheres, outra curiosidade: quase 20% admitem que se maquiam no trânsito.
O levantamento não se restringe às rodovias, mas abrange condutores de todo o Brasil, incluindo centros urbanos e zonas rurais. Nosso objetivo foi levantar comportamentos que colocam vidas em risco e aprimorar políticas de segurança no trânsito. E os resultados mostram que ainda há um longo caminho a percorrer., explica Elvis Granzotti, gerente de operações da Arteris e coordenador do Grupo Estratégico de Redução de Acidentes (GERAR).
O motorista Oberdan Pereira, 53 anos, dirige há 35 e afirma que nunca se envolveu em nenhum acidente. Ele confirma também que nesse tempo de direção nunca tomou multa.
Eu acho que as pessoas precisam ter responsabilidade. Nunca me envolvi em acidente porque sempre tive responsabilidade. O que mais vejo na rua é motorista com som alto ou mexendo no celular, disse.
Já o condutor José Roberto Longhi, 59 anos, sentiu na pele o que é ser vítima de um motorista irresponsável. Há 10 anos ele sofreu um acidente que quase tirou sua vida. Ele quebrou as duas pernas, nariz, dedo e teve o rosto marcado por estilhaços.
Foi no Colubandê. Nunca vou esquecer aquele dia. O motorista que causou isso estava brincando no volante ali no Colubandê em São Gonçalo. Achei que fosse morrer, disse.