Uma disputa interna entre criminosos de mesma facção e a expectativa da invasão de outros rivais está gerando o temor de uma guerra pelo controle do tráfico na Zona Norte de Niterói, região já apelidada devido a sucessivos confrontos anteriores de Fonsequistão. A morte de um jovem, que estava sendo investigado pela polícia por envolvimento com o tráfico, apontado como gerente da venda de drogas na comunidade da Coréia, pode ser o estopim para possíveis e novos confrontos na região. Fontes policiais adiantaram que para a guerra começar bastaria apenas uma ordem, que partiria de dentro de algum presídio onde estaria presa alguma liderança do tráfico da área.
De acordo com outras fontes policiais, o clima passou a ficar ainda mais tenso com o assassinato, na madrugada do dia 27, de um jovem apontado como gerente do tráfico na comunidade do Pimba, onde a venda de drogas seria ligada ao Terceiro Comando Puro (TCP), mesma facção que dominaria as comunidades da Palmeira, Santo Cristo e Coréia. Com anotações criminais anteriores, de tráfico e porte ilegal de arma na 78ª DP (Fonseca), o menor foi assassinado quando retornava de um baile funk, ao passar por uma rua da comunidade da Coréia.
Investigadores estão checando informe de que o crime teria sido cometido num suposto ato de traição, por um homem identificado como Bené, ligado ao tráfico da comunidade do Santo Cristo. Agentes da Divisão de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSG) passaram a investigar o crime.
Bené integraria um bando considerado muito bem armado, incluindo fuzis. O comentário em grupos de redes sociais na Zona Norte de Niterói foi que o crime causou mal estar entre líderes de tráfico que já estariam presos, como o Botafogo (do Morro da Palmeira) e o Bk (do Pimba), que teriam pressionado outra liderança do Santo Cristo. A alegação para a ordem de execução do dia 27 teria sido que o gerente do tráfico no Pimba estaria supostamente roubando no conjunto de comunidades controlados pelo TCP. Essa insatisfação estaria prestes a desencadear um acerto de contas interno no TCP, envolvendo Palmeira e Pimba contra Santo Cristo e supostamente Coronel Leôncio. A discussão estaria sendo acompanhada de perto por rivais da facção Comando Vermelho (CV), situados principalmente na Vila Ipiranga (Fonseca) e Nova Brasília (Engenhoca), que podem se aproveitar para tomar o controle do tráfico nas localidades envolvidas na briga interna.
Informes estão sendo acompanhados a distância por fontes policiais. No último sábado, durante uma incursão da PM na comunidade do Santo Cristo, militares prenderam Douglas Henrique dos Santos, de 30 anos, conhecido como Digão, e João Pedro Marques Renó, 19 anos, o Pivete. Com a dupla, ligada ao TCP, os policiais apreenderam uma pistola calibre 40 e um rádio de comunicação.
Denúncia de baile funk com feirinha de drogas
Um baile funk com feirinha de venda de drogas teria sido realizado no último fim de semana na comunidade Nova Brasília, no bairro da Engenhoca, Zona Norte de Niterói. Um morador da comunidade disse para A TRIBUNA que na última sexta, sábado e domingo foi realizado um baile funk na localidade com a presença de vários criminosos (convidados) vindos de outras localidades do Rio e Niterói (de mesma facção).
Na mesma denúncia foi informado que criminosos montaram durante os três dias uma espécie de feirinha de drogas, com entorpecentes sendo vendidos numa grande banca para usuários e frequentadores do baile. Ainda segundo o denunciante anônimo, carros foram usados para bloquear a passagem em várias vias e muitos moradores (com medo) tiveram que ficar trancados em suas residências. Na tarde desta segunda-feira (03), o serviço de denúncias do 12º BPM explicou que eles também teriam recebido um informe sobre a realização do baile e que as informações seriam checadas pela unidade. Na tarde de segunda a assessoria de comunicação do Serviço de Disque Denúncia informou que durante o fim de semana não havia recebido informe sobre o fato, mas nas semanas anteriores várias denúncias foram encaminhadas para o órgão. Durante o final de semana não tivemos denúncias, mas é importante lembrar que não estamos mais funcionando aos domingos e feriados (
) na pesquisa para o ano de 2017 temos 21 denúncias sobre o assunto.
O Disque-Denúncia solicita à população de todo o Estado que continue denunciando qualquer tipo de atividade criminosa através de seu aplicativo de denúncias, onde é possível anexar fotos e vídeos, ou através dos telefones 2253-1177 (capital) e 0300 253 1177 (interior) no custo de uma ligação local. O anonimato é garantido ao denunciante.