Entre as principais indagações que agentes da Polícia Civil devem estar fazendo, certamente uma delas seria: como um traficante tão procurado pela polícia de todo o estado - Thomaz Jhayson Vieira Gomes, o 2N conseguiu se casar, no último fim de semana, numa igreja em São Gonçalo, sem ser identificado, abordado, e preso? Apontado como líder do tráfico no Complexo do Salgueiro, considerado um dos maiores redutos de criminosos ligados a facção Comando Vermelho (CV), ele subiu ao altar e se casou numa cerimônia religiosa e as imagens do evento foram parar nas redes sociais.
Entre os policiais que não gostaram da informação estão os agentes da 72ª DP (Mutuá), área de jurisdição do Complexo do Salgueiro. Além da cerimônia, o comentário geral foi de que uma grande festa se seguiu por pelo menos três dias. O titular da 72ª DP, delegado Marcello Maia afirmou que essa informação será inserida num inquérito sobre a ação do tráfico do Salgueiro, aberto desde o ano passado.
De acordo com os policiais, 2N teria aguardado que as Forças de Intervenção, que realizaram várias operações no conjunto de comunidades deixassem a região, para assim darem sinal verde para a realização do casamento, que cuja cerimônia foi realizada numa igreja próxima da comunidade. Nas imagens publicadas nas redes sociais, houve o cuidado de edição para encobrir e mascarar o rosto de 2N, já em outras, o traficante não se incomodou em aparecer.
O jogador Thales, ex-Vasco, e que atualmente atua pela Ponte Preta, de Campinas (SP), foi um dos convidados e confirmou que compareceu à cerimônia de casamento, pois seria amigo da noiva de 2N. Ele acrescentou ainda que desconhecia o fato do mesmo ser acusado de vários crimes. A direção da Ponte Preta, por sua vez, afirmou que o jogador treinou normalmente e que não iria interferir na vida particular do atleta.
Segundo a Polícia Civil, 2N estaria a frente de uma região que conta com mais de uma centena homens armados com fuzis, granadas e pistolas. O Complexo do Salgueiro teria se tornado um dos principais redutos do crime no estado, apesar das muitas investidas policiais. Por várias vezes, o traficante 2N conseguiu furar o cerco e escapar. Ele chegou a ser detido em 2014, pela Delegacia de Combate às Drogas (Dcod) em uma operação, e ficou preso por um ano. Depois saiu em liberdade em 2015. Há vários inquéritos onde 2N é investigado pelo crimes de tráfico e homicídios.