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Nessa quarta-feira (01), às 19h, o Solar do Jambeiro terá uma comemoração pelos 20 anos da restauração, que aconteceu em 2001, pela coordenação geral de Cláudio Valério Teixeira. Um dos maiores restauradores do país e do mundo morreu em 27 de abril desse ano aos 71 anos e deixou um legado histórico no mundo das artes. Além da celebração pelas duas décadas, também será aberta uma exposição itinerante com obras de Cláudio, em um atelier no segundo piso do casarão, no Ingá.O trabalho de restauro do Solar do Jambeiro contou com uma equipe multidisciplinar com acompanhamento de técnicos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A viúva Tânia Teixeira, também restauradora, explicou que a visita ao Solar que o marido restaurou será muito emocionante. Uma homenagem muito bem vinda e fico muito satisfeita e muito contente. Isso é perpetuar ainda mais o trabalho do Cláudio. Desde seu falecimento eu estou seguindo os meus projetos e tocando a vida como se deve, e como ele gostaria que eu fizesse, pontuou.
Além do restauro será aberta ao público a exposição com obras do artista plástico. Foi montado um atelier no segundo piso do casarão para comportar alguns trabalhos dele; aquarelas, quadros de nus femininos e uma pintura à óleo de um autoretrato. O presidente da Fundação de Arte de Niterói (FAN), Marcos Sabino, disse que essa será uma pequena exposição e que talvez seja provisória, ou não, e poderá ser itinerante. Estamos pensando em algo maior da altura do que ele merece. Considero o Cláudio a figura da cultura mais importante dos últimos anos na cidade de Niterói. Queremos prestar todas as homenagens para ele e ele merece exposições em todos os lugares, frisou.
RESTAURO DO SOLAR DO JAMBEIRO
De acordo com o Solar do Jambeiro a metodologia adotada baseou-se na preservação de remanescentes estéticos e históricos originais do prédio, bem como na conservação de algumas alterações posteriores, consideradas harmoniosas no conjunto. Detalhada prospecção do prédio associada a minucioso levantamento documental e iconográfico estabeleceram as referências históricas para o partido adotado na concepção do projeto.
As intervenções contemporâneas, fundamentadas em critérios científicos, tecnológicos e de funcionalidade, possuem linguagem própria e distinta dos padrões originais. Além do prédio principal, houve a preocupação com a revitalização do parque que circunda o solar, incluindo implantação de estrutura de apoio para visitantes. O propósito de manter a arquitetura original com o mínimo de intervenção projetual determinou uma única alteração de espaços: a substituição da escada de serviço por um elevador, a fim de permitir o acesso de idosos e deficientes físicos. Esta modificação favoreceu o remanejamento do banheiro do pavimento superior, que pôde então receber iluminação e ventilação naturais.
HISTÓRIA DE CLÁUDIO VALÉRIO
O artista plástico Cláudio Valério Teixeira morreu na madrugada do dia 27 de abril de 2021 aos 71 anos. Ele lutava contra um câncer no pulmão e não resistiu à doença. Um dos filhos do artista plástico, Rafael Frederico Teixeira, disse que o pai morreu dormindo, de uma forma serena, sem maiores sofrimentos. Cláudio Valério deixou a viúva Tânia Teixeira, três filhos e sete netos.
Era formado em pintura pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) onde também era professor - e colecionou prêmios como Rodrigo Mello Franco de Andrade, do Instituto de Arquitetos do Brasil. Suas obras de arte ganharam o mundo e várias galerias do país já receberam as telas do artista, como no Salão Nacional de Arte Moderna, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ). Começou sua carreira ainda no ateliê de seu pai, o pintor Oswaldo Teixeira, no Rio de Janeiro, e fez especializações no exterior, como em 1979, por exemplo, quando foi para Estados Unidos se aperfeiçoar.
ALGUNS TRABALHOS
Em Niterói trabalhou como secretário de cultura e foi presidente da Fundação de Arte de Niterói (FAN). Participou de projetos importantes como a coordenação da restauração do Theatro Municipal de Niterói, Solar do Jambeiro, Igreja São Lourenço dos Índios, Palácio Arariboia e Capela de São Pedro do Maruí, todos em Niterói. Além disso fez a restauração das grandes telas Batalha do Avaí, do pintor Pedro Américo, e Batalha dos Guararapes, do pintor Victor Meirelles, do acervo do Museu Nacional de Belas Artes; além do famoso painel Guerra e Paz de Cândido Portinari. Era membro do Comitê Brasileiro e Internacional de Críticos de Arte.