Para substituir os policiais militares, presos durante a Operação Calabar da Polícia Civil, na quinta-feira (29), o Comando da PM está providenciando o envio de 60 homens oriundos das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) do Rio para ajudar no patrulhamento das ruas de São Gonçalo e Niterói. O 7º e o 12º batalhões tiveram pelo menos 60 policiais denunciados por corrupção e, por isso, devem receber, respectivamente, 40 e 26 policiais vindos de UPPs. Ao todo 96 PMs foram denunciados à Justiça, apontados por envolvimento num esquema milionário de recebimento de propina.
De acordo com informações, logo depois da deflagração da Operação Calabar, a PM comunicou, em seu boletim interno, a transferência de 40 agentes de UPPs que se apresentarão no 7º BPM (São Gonçalo) e outros 26 para o 12º BPM (Niterói). Apesar da oficialização da migração dos agentes, a Polícia Militar não sabe determinar em quanto tempo os novos policiais chegarão aos batalhões daqui. Enquanto isso, os efetivos das duas unidades, que já são insuficientes, ficam mais prejudicados. Entre os agentes já circula a informação da insatisfação daqueles lotados em UPPs, que recebem gratificação, e poderiam se negar a ir para outra unidade e perder o benefício. A reportagem de A TRIBUNA tentou contato com os comandantes dos batalhões de Niterói e São Gonçalo, mas ambos não foram localizados
O batalhão gonçalense teve 41 PMs denunciados e o de Niterói 20 (que haviam sido transferidos do 7º BPM). Também, segundo informes, os policiais vindos UPPs não serão repostos nessas unidades. A troca envolverá apenas praças e os presos no 7º BPM representaram cerca de 15% do efetivo da unidade, estimada em torno de 700 policiais. A Justiça também expediu 184 Mandados de Prisão contra traficantes que teriam ligação com o esquema de propinas, o chamado arrego, ao qual os PMs estariam envolvidos.
Na quinta-feira, a Polícia Militar divulgou uma nota sobre a Operação Calabar e os militares investigados. Policiais militares, todos nós iniciamos o dia de hoje (quinta-feira) incomodados pela operação que está em curso. Sentimos na própria pele toda vez que policiais militares são acusados de crimes graves. Mas não podemos deixar de ressaltar que se trata de uma operação necessária para nos fortalecer. A operação de hoje (quinta), ao contrário do que alguns querem construir, teve participação constante da Corregedoria Interna da PM, o que mostra que não foram órgãos externos que protagonizaram essa ação. Desafiamos outro órgão correcional de qualquer segmento profissional a mostrar resultados tão contundentes quanto a Corregedoria da PM na apuração de desvios e exclusão de seus agentes.