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Os líderes de uma quadrilha de estelionatários e um funcionário da Caixa Econômica federal foram presos hoje (22) por agentes da delegacia da Polícia Federal de Niterói na operação denominada Abono. O grupo responde pelos crimes de estelionato qualificado; organização criminosa; peculato; crimes contra o sistema financeiro e lavagem de capitais. Segundo a polícia, a quadrilha movimentou um montante exorbitante de dinheiro, mais de R$ 600 mil, das contas de pelo menos 150 vítimas. Durante a ação foram realizadas quatro prisões em flagrante e duas prisões preventivas.
A ação teve por objetivo desarticular uma quadrilha especializada em crimes contra instituições bancárias, entre elas a Caixa Econômica Federal, foram 23 pessoas indiciadas tendo sido expedidos oito mandados de prisão temporária dos líderes dessa organização criminosa . Desses oito mandados, sete foram cumpridos e uma pessoa permanece foragida. Durante as buscas também foram encontrados também diversos documentos, documentos falsificados, extratos previdenciários, depósitos e documentos diversos que comprovam fraudes bancárias. Em um desses endereços a gente encontrou mais de 50 documentos falsificados (RGs) e o falsificador foi preso em flagrante, informou o delegado Bruno Bastos, responsável pela ação.
A quadrilha se beneficiava com informações vindas de um funcionário do banco federal.
"A quadrilha se utilizava de um funcionário da Caixa para repassar dados internos. Repassava dados de contas, dados de PIS, FGTS... De posse desses dados eles falsificavam documentos, falsificavam assinaturas idênticas, assinaturas constantes de aberturas de contas e assim sacavam o valor. Nós identificamos mais de 600 mil em poucos meses. Nós temos tem mais de 150 fraudes comprovadas, só que estimamos um número bem maior, bem além disso, muito superior, tendo em vista a quantidade de documentos apreendidos sendo que isso é rotineiro deles. Todos os dias eles fazem isso", relatou o delegado.
As investigações continuam e apontam para a participação de mais funcionários do banco do esquema criminoso.
É bem possível o envolvimento de outros funcionários da Caixa nesses esquemas, há indícios fortes de outros funcionários fornecendo dados, mas somente um deles foi identificado. A investigação continua. Nós tivemos o auxílio da Caixa prestando informações, disse Bastos.
Os crimes tem a participação de pessoas idosas contra outras pessoas idosas.
A investigação começou com a prisão em flagrante de um sacador. A quadrilha se utiliza de inúmeros sacadores. A maior parte deles de idosos. Começou com uma tentativa de saque de cota PIS. Essa cota é um fundo que é pago para trabalhadores que tiveram vínculo empregatício entre os anos de 1971 e 1988. Havia uma série de requisitos para sacar esses valores, só que desde 2018 esse dinheiro está liberado para todos os cotistas. São pessoas em regra idosas pela distância temporal do vínculo e por isso elas desconhecem completamente a existência desses valores. Então é um crime perfeito porque os sacadores, os estelionatários, vão lá, sacam os valores e a vítima se quer sabe que foi lesada porque ela não sabe desse direito para receber, contou Bastos.
De posse dos dados das vítimas, a quadrilha desconhecia limites.
Os criminosos sacavam o auxílio emergencial e toda sorte de fraudes bancárias. Eles obtinham empréstimos, eles sacavam valores de contas com a participação do funcionário público que identificava contas com valores vultosos, eles sacavam benefício do auxílio emergencial, sacavam fundos de garantia e também cota PIS. A atuação da quadrilha foi em todo o estado do Rio. Agiam desde pelo menos janeiro de 2019 que foi quando aconteceu a primeira fraude que nós temos conhecimento, informou o delegado Bruno Bastos.
Foram presos hoje (22) os líderes da organização criminosa e o funcionário público identificado.
Os líderes dessa quadrilha , responsáveis por todo o planejamento, utilizavam de gerentes que coordenavam esse grupo de sacadores. Esses sacadores em sua maioria eram idosos, mas apesar de idosos e da menor importância (dentro do grupo) eles tem uma atuação profissional. Eles vão todos dos dias às ruas e sacam valores. Então, também são pessoas que são imprescindíveis para a organização. Os líderes da quadrilha eram os que tinham contato com o funcionário público que repassava os dados das vítimas. Hoje só foram presos os membros de maior hierarquia na quadrilha. Os sacadores não foram presos, concluiu o delegado.