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Criado em 1991, parque é um dos últimos redutos da biodiversidade local
O Parque Estadual da Serra da Tiririca (PESET) comemora, nesta segunda-feira (29), o 30º aniversário da sua fundação. Situada na região litorânea do Leste Fluminense, abrangendo áreas dos municípios de Niterói e Maricá, a Unidade de Conservação, inicialmente composta de uma parte marinha e outra continental, tendo como limite a cadeia montanhosa da Serra da Tiririca, que se estende até a RJ 106, ao longo de seus 30 anos ampliou seu território com acréscimo de novas áreas, tais como o Morro da Andorinhas (Niterói), o conjunto de terras do entorno da Lagoa de Itaipu e, mais recentemente, uma parte da Reserva Ecológica Darcy Ribeiro, o Morro da Peça (Niterói) e as porções emersas das ilhas marinhas do Pai, da Mãe e da Menina, ficando assim estabelecidos os atuais limites da Unidade.
A administração do Parque, através do Instituto Estadual do Ambiente, (Inea), promoverá, na tarde de hoje (29), uma série de atividades na Pousada Dunas de Itaipu para celebrar a data. A agenda de eventos conta com o lançamento do livro infantil A história da Serra da Tiririca, de Luiza Perim e um Bate papo entre especialistas convidados e a sociedade civil. A celebração será encerrada com uma grande confraternização de parabéns, prevista para acontecer às 18h30min.
O Parque é uma unidade de conservação destinada à prática de montanhismo e turismo ecológico. De acordo com o Inea, atualmente a unidade possui uma área total de 3.493 hectares, com 155,52 km de perímetro, e conta com um circuito formado por 15 trilhas: Trilha Pedra do Elefante; Costão de Itacoatiara; Enseada do Bananal; Córrego dos Colibris; Caminho de Darwin; Túnel Ferroviário; Morro do Catumbi; das Orações; Morro da Peça, Morro das Andorinhas; Ilha da Mãe; Pedra de Itaocaia; Ilhas Maricás; Travessia Vila Progresso X Serra Grande; e Circuito Volta da Lagoa de Itaipu.
História
O nome do Parque tem origem no atual nome da serra onde a primeira área da unidade foi criada (Serra da Tiririca), antes conhecida como Serra de Inoã ou Serra de Maricá. No passado, quando o transporte de carga era feito no lombo de burros, a travessia da região de Niterói para Maricá era feita por um caminho traçado na serra, onde se encontrava uma quantidade dominante de plantas da família das Cyperaceae, popularmente chamadas de tiriricas, fato que acabou dando origem ao nome da serra e, posteriormente, ao próprio nome do Parque.
Geólogo por formação e educador por paixão, Cláudio Martins deu origem à ideia de criação do parque florestal quando fundou o Movimento Ecológico de Itaipuaçu. Morador de Maricá, Cláudio tinha personalidade forte e parecia não temer ameaças de morte quando enfrentava sozinho, no início da década de 1980, caçadores de animais silvestres e desmatadores que atuavam na região. Outro personagem importante para a história do Parque é o biólogo gonçalense, Jorge Antônio Lourenço Pontes, que desenvolveu seus primeiros estudos sobre a fauna e flora na Serra da Tiririca numa época em que poucos se expunham pela proteção da Mata Atlântica, em Niterói e região. O biólogo foi o fundador do Grupo de Estudos Ecológicos Suçuarana, primeiro grupo de estudos sobre os ecossistemas, na região.
Lendário em suas ações enquanto promotor de Justiça, João Baptista Petersen é outro personagem importante para a história do Parque. Seu mérito foi a primeira iniciativa de Ação Cível Pública em defesa da Serra da Tiririca, que pretendia, em 1986, anular um loteamento ilegal no Engenho do Mato, em Niterói. Pouco mais de uma década após a investida jurídica, finalmente a decisão da Justiça foi obtida favoravelmente ao meio ambiente.
Moreira Franco, então governador do Estado do Rio de Janeiro, recebeu, em 1990, das mãos de representantes da Frente de Defesa da Serra da Tiririca, uma minuta de proposta de criação do parque florestal. Não criou a Unidade de Conservação, mas determinou o tombamento da Mata Atlântica localizada em sua área territorial. Ainda em 1990, surgiu como interlocutor das discussões em torno da Serra da Tiririca o então engenheiro florestal Axel Grael, que junto com outros ambientalistas de destaque fundou o Movimento de Cidadania Ecológica, entidade ecológica que apresentou anteprojeto de lei que resultou na criação do Parque Estadual da Serra da Tiririca.
Na ocasião outros três personagens também de destacaram: o deputado estadual Carlos Minc, o biólogo Paulo Bidegain e o jornalista Vilmar Berna. O primeiro foi o autor da lei e o articulador político pela sua aprovação, o segundo foi o autor da redação original da proposta de criação do Parque e o terceiro o revisor do texto final do anteprojeto de lei.
Antes da aprovação da lei que estabeleceu a criação do Parque Estadual, em 1991, uma Lei Orgânica de Niterói declarou a Serra da Tiririca como Área de Preservação Permanente. Atendendo às reivindicações de ambientalistas, o então prefeito da cidade, Jorge Roberto Silveira, através do decreto municipal 5902/90, reconheceu igual status ao conjunto florestal dentro do município de Niterói. No mesmo período, em Maricá, uma Lei Orgânica Municipal declarou a Serra da Tiririca como Área de Proteção Ambiental, abrindo caminho para a Lei definitiva que criaria o Parque Estadual, no ano seguinte.
Coube ao então governador do estado do Rio de Janeiro, Leonel Brizola, o ato oficial que sancionou a Lei Estadual nº 1.901, em 29 de novembro de 1991, criando o Parque Estadual da Serra da Tiririca. Dois anos depois, Brizola também assinou o decreto estadual nº 18.598, de 19 de abril 1993, que estabeleceu os limites provisórios do parque florestal, naquela época. Devido a sua relevância cultural e científica, o Parque Estadual da Serra da Tiririca foi declarado como parte integrante da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica pela UNESCO em 1992, ato reconhecido pelo governo estadual através da portaria IEF/RJ nº 14, de 29 de dezembro de 1994.