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O Centro de Niterói vive momentos difíceis com o número crescente de assaltos, arrombamentos e furtos. É o que afirmam profissionais de saúde, trabalhadores do comércio e residentes do bairro. Próximo ao Hospital Municipal Carlos Tortelly, funcionários que atuam contra a pandemia da Covid -19 são constantemente atacados por criminosos nas entradas e saídas dos plantões. Nas ruas Visconde de Sepetiba e Saldanha Marinho, comerciantes e moradores acumulam histórias de medo e prejuízos.
Eu estava procurando hoje (ontem) uma vaga para estacionar por volta das 7h e assim que consegui encontrar uma eu fui abordada por um homem de capuz armado. Fiquei tremendo sem saber como reagir e gelada. Ele levou o meu celular e um dos meus colegas chegou a vê-lo fugir em uma moto com outro homem, contou a técnica em enfermagem Daniele Peixoto, de 26 anos.
A vítima estava substituindo uma colega no centro de tratamento intensivo às vitimas da Covid - 19 no hospital.
Eu passei na hora. Vi o cara sair correndo junto de outro homem que estava em uma moto. Imaginei que se tratava de um assalto, mas não sabia quem era. Só fui saber depois. Graças a Deus comigo não aconteceu nada, relatou o maqueiro Alexandre Caputo, de 40 anos.
Outro funcionário do hospital afirma que um dos lugares preferidos dos criminosos para a realização de assaltos no é uma escadaria que fica em uma esquina próxima.
Todo dia tem alguém por aqui sendo assaltado. Hoje (ontem) já foram pelo menos duas pessoas. Onde eles mais gostam de atacar é na escadaria aqui perto, afirmou o auxiliar Renan Santos, de 28 anos.
Na mesma manhã, um motorista de aplicativo registrava na 76° DP (Centro) o roubo do seu celular na Rua XV de Novembro por dois criminosos a pé.
Eu estava com um cliente. Tentaram levar o carro, mas desistiram. Decidiram levar só o meu celular e um dinheiro que eu tinha. Eu soube sobre os assaltos de mais dois colegas de aplicativo agora pela manhã na mesma rua, disse a vítima de 24 anos.
ARROMBAMENTOS
Comerciantes e moradores também têm sido reféns do medo no Centro de Niterói. Eles denunciam sobre a ocorrência de inúmeros arrombamentos, roubos e tentativas de furtos nos últimos meses. Acuados pedem por justiça e um maior policiamento na área ao entorno das ruas Visconde de Sepetiba e Saldanha Marinho.
Os relatos de violência não param. No início da noite da última terça uma casa foi invadida na Rua Visconde de Sepetiba. Porém, o imóvel estava vazio por conta de um inventário e nada foi levado.
Graças a Deus não havia ninguém na casa e não puderam levar nada, disse aliviado o aposentado José Renato, de 66 anos.
Isso daqui é corredor. Ninguém vê nada. Os comerciantes por aqui fecham por conta dos arrombamentos e furtos. A polícia não dá uma posição, não faz nada porque não é com eles. Niterói está largada. Somos contribuintes, geramos empregos e estamos largados. Eles roubam e não roubam coisas pequenas. Levam cabos dos postes, aspirador industrial, geladeira. Vai precisar eles invadirem algum lugar, serem surpreendidos por alguém e causar alguma tragédia para ser tomada alguma providência? questiona o comerciante Marcelo Campista, 48 anos, dono de uma oficina na Rua Saldanha Marinho invadida no último final de semana por três homens e uma mulher.
Campista estima um prejuízo de pelo menos R$ 20 mil. Uma outra oficina em frente também passou por uma tentativa de arrombamento recentemente.
Eles começaram o arrombamento próximo ao meio-dia de domingo e só foram embora por volta das 4h da madrugada do dia seguinte. Indo e voltando em busca de ferramentas e ninguém viu nada. Eu fui procurar saber e os vizinhos aqui da área me disseram que eles são da Favela do Sabão. Nas minhas filmagens e nas de outro comerciante apareceu a mesma pessoa, disse o comerciante revoltado.
Marcelo fez o registro de ocorrência online na busca por justiça e o caso é investigado pela 76° DP (Centro).
A altivez dos criminosos impressiona. Há dois meses na mesma rua um homem foi encontrado no terraço de um morador. O também comerciante recebeu até pedido de licença por parte do seu invasor.
Chegaram a dormir no meu terraço. O cara ainda disse dá licença para sair. Tinham invadido o Externato São Jorge, ficaram acuados pela polícia e um veio parar aqui. A minha filha não fica mais sozinha em casa, tem medo, disse seu João Carlos Tavares, de 54 anos.
Reféns
No final de março duas universitárias foram feitas reféns por criminosos na Rua Saldanha Marinho. As estudantes estavam na sala à tarde quando escutaram o barulho do portão sendo aberto e viram através da janela um homem desconhecido forçando a porta. As jovens correram para o banheiro e escutaram vozes de algumas pessoas enquanto a casa era saqueada. Enquanto isso ligaram para a polícia e para o namorado de uma das garotas. Um dos criminosos exigia a abertura da porta e tentou entrar no banheiro, porém não conseguiu. A polícia chegou após a saída dos criminosos e arrombaram a porta do banheiro onde estavam as universitárias.
De acordo com o comandante Sylvio Guerra, do 12° BPM (Niterói), a pandemia trouxe como consequência o aumento do número de moradores de rua e da ocorrência de crimes na região.
Nós estamos tendo reclamações e estamos atuando. Nós prendemos um dos elementos, porém ele já foi solto. Desde o início da pandemia tem aumentado o número dos moradores de rua e alguns deles chegam a cometer crimes. A polícia não está podendo subir morro. Esses números tendem a aumentar. Nós tínhamos reduzido o número de roubos antes dessa medida. O bandido sabe que pode subir o morro e nós não. Nós continuaremos a fazer os nossos patrulhamentos durante as madrugadas E vamos estar realizando modificações para uma maior eficiência do policiamento na área, declarou.
Sobre as ocorrências de assaltos aos arredores do Hospital Municipal Carlos Tortelly, o comandante afirma que o batalhão irá se empenhar no combate aos criminosos.
Nós aumentamos e melhoramos o policiamento ao redor do hospital, garantiu.
A Prefeitura de Niterói foi procurada para comentar o aumento do número de moradores de rua citado pelo comandante, mas não retornou até o fechamento desta edição.