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A voz dele não saia. Ele puxou o ar a primeira vez e a voz não saiu. Na segunda tentativa ele deixou o palco e minutos depois escutamos a sirene da ambulância. Esse é o relato do jornalista Vinícius Martins, 53 anos, fã do saudoso Tim Maia que estava no Teatro Municipal de Niterói esperando o show do ídolo. Nesse domingo, 15, completa 22 anos da morte do cantor e o espaço cultural realizou na sexta-feira (13) um show em homenagem ao cantor com a Banda do Síndico. No sábado (14) também terá a apresentação dos músicos do eterno Tim Maia que passou mal no palco do Municipal no dia 8 de março de 1998.
O último palco que o músico pisou foi o do Teatro Municipal de Niterói. Na fatídica noite do dia 8 de março de 1998, como era de costume, ele chegou atrasado ao show e não conseguiu fazer sua apresentação. O teatro estava comemorado a reabertura após obras de restauração e a diretora, Marilda Ormy, que já era responsável pelo equipamento cultural, participou dos primeiros socorros do artista. A diretora do Municipal disse que homenagear Tim Maia é motivo de muita emoção. Tive a honra de ter sido a última pessoa a falar com ele, antes dele entrar no palco. Estava nervoso, queria entrar antes do terceiro sinal e eu, de mãos dadas com ele, o acalmava. Fui eu que o recebi na coxia quando com olhos arregalados, veio em minha direção abrindo a camisa. O segurei e só tive tempo de pedir ao maquinista para pegar uma cadeira. Corri na minha sala, liguei para o Hospital Antônio Pedro, que em cinco minutos mandou uma ambulância, frisou.
Da plateia as informações não foram tão claras assim. O jornalista Martins contou que sempre foi fã do Tim Maia e estava ansioso para assistir mais um show dele. Gostava da irreverência dele e ele era um cantor espetacular. O teatro estava lotado, restaurado e o show seria gravado para um vídeo. A banda começou a tocar e ele tentou cantar a primeira frase e não conseguiu. Vi ele tentando respirar de novo e eu percebi que algo estava dando errado. Ele saiu do palco e em poucos minutos ouvi a ambulância. Ali tive certeza que algo grave estava acontecendo, contou o niteroiense que guardou o ingresso do show.
Vinícius contou ainda que a filha dele, atualmente, faz estágio no Hospital Universitário Antônio Pedro (Huap) e alguns médicos que trabalham lá contaram que na época o Raio X que fizeram em Tim Maia teve que ser feito em duas vezes, uma imagem para cada pulmão. Marilda contou também que na época esteve várias vezes no hospital para ter informações sobre o estado de saúde dele, até ele morrer e ter sido velado no próprio teatro. Um dos responsáveis pelo velório, o radialista Luiz Antônio Mello, contou que na época era presidente da Fundação de Artes de Niterói (FAN) e que conseguiu autorização do prefeito, Jorge Roberto Silveira, para o velório ser no palco do Municipal. Fiquei impressionado com o respeito daquele momento. O teatro ficou lotado para o último adeus ao cantor e o silêncio foi respeitado e foi um momento muito comovente e emocionante, lembrou.
A jornalista Débora Sader, 36 anos, já garantiu o ingresso para o show do final de semana. "Eu sempre gostei de Tim Maia e lembro perfeitamente daquele 15 de março. Eu e meu pai estávamos assistindo o show no Municipal e ele saiu do palco no meio de uma música. Em questão de minutos ouvimos a ambulância chegar e fomos informados pela direção do teatro que Tim Maia teria passado mal e foi levado para o hospital. Quando fiquei sabendo desse show com a banda eu fui uma das primeiras a comprar. Uma pena que meu pai já faleceu, senão ele com certeza iria comigo. Estou muito animada em reviver essa emoção. Tim Maia é lendário e nunca será esquecido. Com certeza ele estará naquele palco", contou a moradora do Ingá e fã do cantor.