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Luiz Antonio Mello
Neste fim de semana, o Teatro Municipal de Niterói recebe um musical absolutamente fundamental sobre um dos mais contundentes, românticos, ácidos e viscerais compositores brasileiros.
Cartas para Gonzaguinha está em cartaz nesta sexta (8), 19 horas, sábado (9) e domingo (10) as 18 horas. A sinopse conta que o musical se passa no início da década de 80, primeiros passos rumo à redemocratização do Brasil, tempo de uma das piores crises econômicas do país. As músicas de Gonzaguinha narram a luta de José e de outros funcionários de uma fábrica ameaçados de perderem seus empregos. Falta não só dinheiro, mas também liberdade e direito.
Nessa época, Gonzaguinha pediu ao público que lhe enviasse cartas respondendo à seguinte (profunda e simples) pergunta: O que é a vida?
As muitas respostas culminaram na composição de um dos maiores sucessos de sua carreira. A pergunta ecoa também na trajetória dos personagens dessa história musicada. É através das relações que se estabelecem ali e dos dramas pessoais dos funcionários da fábrica, que vemos a imensidão de soluções que cada um encontra para enfrentar os obstáculos que a vida apresenta.
A reviravolta no cenário político brasileiro e as recentes eleições, trouxeram o debate sobre aquilo que não se discutia à boca e às telas de todos.
Luiz Gonzaga Junior se tornou ídolo nacional a partir da música de protesto. Foi um dos principais integrantes do MAU, Movimento Artístico Universitário, que nasceu no Rio, na casa do psiquiatra Aluízio Porto Carreiro de Miranda e sua mulher Maria Ruth, em meados da década de 1960.
Gonzaguinha foi monitorado o tempo todo pelos agentes da repressão militar, mas, destemido, nunca se calou. Por causa de seu temperamento fechado, de poucos sorrisos, assumidamente amargo rendeu-lhe o apelido de cantor rancor, mas ele não ligava. Seguia em sua militância democrática sempre abrindo generosos espaços para canções românticas inesquecíveis.
"Cartas para Gonzaguinha" é fundamental para os fãs dele mas, principalmente, para quem não o conheceu bem. Tem o potencial de alcançar jovens, adultos e idosos, não somente por trazer à memória (e aos ouvidos) este grande ícone da música popular brasileira, mas também por iluminar uma época de nossa história que tem sido constantemente citada: a ditadura e a redemocratização do país.
Um elo realidade e ficção, segue a sinopse, com músicas engajadas e canções de amor, o espetáculo traz reflexão e leveza, ao convidar os espectadores a repetir que mesmo sabendo que a vida devia ser bem melhor. E será!
Gonzaguinha morreu em 29 de abril de 1991 aos 46 anos, num acidente automobilístico no Paraná, onde fazia uma turnê.
Ficha Técnica:
Direção e Direção de Movimento: Rafaela Amado
Direção Musical, Arranjos e Idealização: João Bittencourt
Texto: Tiago Rocha
Pesquisa de Dramaturgia: Nanan Gonzaga
Coordenação Pedagógica: Reiner Tenente
Produção Executiva: CEFTEM
Cenografia: Nello Marrese
Iluminação: Luis Paulo Neném
Figurino: Valéria Stefany
Informações: (21) 2620-1624