Maria Maya, Alexandre Lino e Daniel Porto reeditam parceria de sucesso em nova incursão documental, que discute o cenário educacional do país, onde os alunos são a plateia. Mudanças internas na direção de um colégio provocam a substituição de um professor de história do ensino médio. Alexandre Lino apresenta seu novo espetáculo solo - O Substituto - dia 17 de outubro, em comemoração ao Dia do Professor, no Teatro da UFF, em Icaraí, às 19h em apresentação única.
Humberto Arthur Emílio Ernesto Baptista assume o cargo e está diante de sua primeira e inesquecível aula inaugural. Esse é apenas o ponto de partida para uma série de questionamentos sociais e morais, apresentado pelo personagem título e que tem como pano de fundo o cenário atual da educação brasileira.
O substituto reúne, pela segunda vez, o trio Maria Maya, Alexandre Lino e Daniel Porto em uma nova investigação pelo teatro documental. Depois de apresentarem, com sucesso de crítica e de público, a polêmica peça sobre a travesti Lady Christiny, diretora, ator e autor se encontram oportunamente para falarem sobre temas atuais da sociedade, incluindo questões que dividem opiniões. Sozinho no palco, Alexandre Lino conta com a participação do público como seus alunos durante a aula espetáculo. Quando idealizamos um projeto, estamos sempre idealizando conquistas e expectativas. Com essa peça foi diferente. Durante o processo, percebemos que eram assuntos tão emergenciais e muitas vezes apresentado de forma tão indigesta que se tornaram maior do que nós. Esse professor é tão real aos olhos de qualquer um que pode gerar empatia, ódio, risada, deboche ou qualquer outro sentimento, contou o ator Alexandre Lino.
Recebida com entusiasmo pelo público em sua pré-estreia na 7ª Mostra de Artes Cênicas Tiradentes em Cena, em maio deste ano, O substituto foi comparado ao celebrado espetáculo Apareceu a
Margarida (1973) de Roberto Athayde, por abordar a questão da educação diante de um cenário político tão decisivo para os rumos da sociedade.
Recentemente pensei em fazer uma feira brasileira de opinião, nos moldes da feira feita por
Augusto Boal, Guarnieri e Plinio Marcos, e quando assisti a essa peça tive a certeza da função política que o teatro ainda exerce, disse o diretor e ator Roberto Bomtempo, após a apresentação em Tiradentes.
Longe de uma narrativa maniqueísta, o texto de Daniel Porto não conduz o público a um julgamento sobre o que está se vendo e muito menos pretende influenciar em uma possível opinião.
Ele apresenta um ponto de vista muito bem argumentado e que toca em questões comuns a qualquer pessoa.
Durante o processo de construção deste espetáculo, nos alternamos muitas vezes como alunos, professores, e até mesmo diretores. A urgência dos questionamentos diante do atual cenário da nossa educação era enorme. Mas a necessidade de se fazer teatro diante do atual cenário da nossa cultura no país era tão grande quanto. Juntamos nossa coragem e afinidades intelectuais em busca deste pertencimento. Hoje, tenho certeza que este encontro que começou em Lady Christiny e agora se estende em O substituto era mais que necessário. Pois só arte mesmo para tornar a nossa realidade tolerável, contou Maria Maya.
A classificação etária é 14 anos e os ingressos custam R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia-entrada). O Teatro da UFF fica na Rua Miguel de Frias, 9, em Icaraí.