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Camilla Galeano
Eleito como novo prefeito no município de São Gonçalo, com 50,79% dos votos, Capitão Nelson (Avante) conversou com o Jornal A Tribuna e falou sobre seus projetos para a cidade e a expectativa que foi aguardar o fim da apuração para, enfim, comemorar a vitória. Escolhido pelas urnas, com 189.179 votos, afirma que as prioridades do governo serão segurança e saúde. O prefeito eleito também falou do apoio que recebeu do presidente Jair Bolsonaro e que pretende usar essa parceria para conseguir recursos para o município.
A TRIBUNA - O senhor foi eleito com 50,79% dos votos, uma votação bem apertada, contra os 49,21% do seu adversário. Mas foi uma vitória de virada. Por que o senhor acha que a população lhe deu esse voto de confiança?
Capitão Nelson - Antes nós tínhamos nove candidatos e isso acabou sendo polarizado. A quantidade de mentiras e fake news que inventaram ao meu respeito, acabou prejudicando um pouco a nossa caminhada no segundo turno. Mas agora no segundo turno, só com dois candidatos, ficou claro quem estava mentindo, quem estava praticando as fake news. A população de conscientizou das promessas que estavam sendo feitas. É até um sonho, a gente queria mesmo que fosse feito tudo que ele estava prometendo, mas é impossível na nossa realidade financeira. Com isso a população começou a ver com mais carinho as nossas propostas que são dentro da nossa realidade. Ninguém faz política sozinho, então os vereadores que trabalham conosco, cada um que trabalhou na rua, o empenho foi muito grande de todas as partes.
AT - Agora que foi eleito, o que fazer primeiro no município?
Capitão Nelson - Já estamos começando a tomar ciência sobre o aumento do número de pacientes com a Covid-19. Mas precisamos traçar um planejamento, saber o que o município tem ao alcance de imediato para que possamos atender bem a população em relação à saúde. A gente torce para que os cientistas encontrem rápido uma vacina para que as coisas voltem ao normal. Esse é o primeiro plano.
AT - Entre as propostas do programa de governo, o senhor garantiu que vai implantar, já no segundo mês de mandato, o programa São Gonçalo Presente, um convênio com o Governo do Estado com o acréscimo de recursos investidos pela própria Prefeitura. Os gonçalenses podem continuar confiando nisso?
Capitão Nelson - Claro! Já estou marcando uma conversa com o governador. A gente pretende ampliar o São Gonçalo Presente. Nossa intenção, inicialmente, é ter 150 homens e irradiar para outros bairros. E com o apoio do Governo Federal a gente vai adentrar aos 33 bairros que hoje são reféns das barricadas. Logicamente que é todo um processo. Existem vários itens a serem cumpridos por trás disso.Queremos algo pacífico, mas nós vamos entrar. A prefeitura vai ter que desobstruir as ruas que infelizmente hoje estão fechadas com aterro, pedaço de pau, pedra, trilho de trem. A via pública pertence à prefeitura. Inclusive, as empresas de ônibus estão retirando as linhas de determinados lugares porque não tem mais a possibilidade de entrar. E quem paga o alto preço é o morador, cidadão de bem, que precisa sair cedo para trabalhar e precisa andar quilômetros para ter acesso a transporte público por causa da barricada.
AT - Sobre o seu secretariado, o senhor já tem nomes para montar a equipe?
Capitão Nelson - Eu fiquei muito tranquilo porque não assumi compromisso com nenhum partido político. Já estamos começando a vislumbrar a capacidade técnica e profissional de cada um em cada pasta, para que possamos encaixar as pessoas certas nos lugares certos.
AT - Como será a questão das aulas presenciais ainda no meio de uma pandemia?
Capitão Nelson - Por enquanto não, porque vamos estudar como vai ser o ano que vem. Temos que ter o plano A e o plano B. Plano A é caso a vacina chegue. Vamos fazer o 2 em 1. Em 2021 gente vai ter que fazer dois anos em um. O ano escolar de 2020 foi perdido. E para que essas crianças não percam ou se atrasem no conteúdo, vamos fazer um planejamento para que elas possam conciliar dois anos em um. O plano B é para se os cientistas não acharem uma vacina. O serviço público não pode ser pego de surpresa por conta de uma situação que prejudica a vida de todo mundo.
Já em janeiro, junto com os profissionais de educação, vamos elaborar esses dois planos. Porque a nossa intenção, já no ano que vem, é estabelecer cinco colégios em horário integral, um em cada distrito, para que as crianças tenham atividades esportivas e culturais. Queremos os 91 colégios nesse regime. Mas a princípio serão cinco colégios.
AT - O Hospital da Mãe, no bairro Colubandê, seria a primeira maternidade estadual do município, mas as obras estão paradas desde 2013. Existe a possibilidade do município e governo se juntarem para que algo seja feito no local?
Capitão Nelson - Quando eu estava na Alerj como deputado estadual, eu mexi nisso porque tinham várias irregularidades na licitação da obra desse hospital. Tentamos acelerar a retomada da nova licitação, mas tivemos problemas com a empresa responsável pela obra, depois vieram outros problemas, até mesmo com o secretário estadual de Saúde, o Edmar Santos, e acabamos recuando. Nossa intenção é retomar essa pauta com o Governo do Estado.
AT - Sobre a retirada das barricadas. Depois que esse processo for feito, como o senhor pretende fiscalizar para que elas não voltem a ser colocadas?
Capitão Nelson - Eu estive visitando o Centro Integrado de Segurança Pública em Niterói. Apesar de ter 500 câmeras monitorando a cidade, eles não tem nenhuma câmera observando a entrada das comunidades. Estive visitando também o Centro de Operações do Rio, tive a oportunidade de me reunir com o técnico responsável pela montagem de lá. Conversamos muito e ele me relatou que há a possibilidade de montarmos em São Gonçalo, dentro da nossa capacidade financeira, e instalarmos cerca de 100 câmeras para visualizar as comunidades e fiscalizar para que essas comunidades não retomem com as barricadas.
AT - É possível usar o porto que a Petrobras construiu para servir ao Comperj? Teria como fazer um ponto para as barcas, por exemplo, pra aliviar o trânsito?
Capitão Nelson - E o que faz com o tráfico ali na localidade? Quando você passa do bairro Portão do Rosa, já esbarra no tráfico. Você não consegue nem chegar na Ponte do Rodízio. Você não faz nada sem resolver a questão da segurança pública. Nós temos um patrimônio histórico na Praia da Luz que é a Capela. Mas como eu vou criar um ponto turístico ali se no acesso, você precisa passar por vários fuzis? Os problemas precisam ser resolvidos por partes. Não adianta colocar carroça na frente dos burros. E outra coisa, vou dar uma lambada na Petrobras. Eles construíram essa estrada só para ligar os traficantes do Salgueiro com os do Catarina. Vou entrar na Justiça contra eles. Já tenho um advogado muito bom. Eles terão que indenizar São Gonçalo pelo dano que eles criaram. E também criaram toda uma expectativa na população gonçalense e acabou indo tudo por água abaixo.Vai ficar a cargo do Judiciário, mas eu acho que cabe uma reparação ao município. Assim como eu vou travar uma luta para trazer para São Gonçalo a Ilha Redonda e a Ilha Comprida. Elas estão a 700 metros do bairro Gradim, São Gonçalo, e a 3,5 mil metros do Rio de Janeiro, mas os royalties do Petróleo vão para a capital. Eu quero entender o por quê.
AT - Sobre a geração de empregos. O que o senhor pretende fazer para trazer para São Gonçalo o morador que vai trabalhar em Niterói ou no Rio?
Capitão Nelson - O grande problema é que nenhum empresário quer vir para São Gonçalo. O município ganhou a fama de rua esburacada, falta de iluminação, insegurança total. Temos centenas de comerciantes e empresários que estão tendo que pagar para traficantes e milicianos para continuar trabalhando. Até quando eles vão permanecer no município? Muitas empresas estão saindo daqui.
AT - Um dos maiores problemas que São Gonçalo tem são as inundações. O senhor acha que é possível conseguir isso?
Capitão Nelson - No ano passado nós fizemos uma audiência pública na Alerj e o secretário do Meio Ambiente participou. E nós assinamos um documento da viabilidade de dragagem dos rios Imbuaçu, Alcântara, entre outros, para que o Inea fizesse essa dragagem. Mas uma série de problemas aconteceram com o Governo do Estado. Agora que o vice assumiu, nós vamos voltar ao diálogo com eles para cobrar que essa ação seja feita. Existe também todo um trabalho que não foi feito anteriormente. Alguns pontos crônicos de alagamento na cidade onde os engenheiros da Prefeitura vão lá para a gente achar uma solução.
AT - O senhor contou com o apoio do presidente Jair Bolsonaro. O senhor acredita que vai facilitar o diálogo na hora de conseguir recursos para o município?
Capitão Nelson - Ele fez um vídeo me apoiando e já se comprometeu em vir ao município em 2021. Essa parceria vai ser benéfica porque vamos reivindicar recursos para educação para construir creches. Na área da saúde também, para informatizar o sistema. E várias outras áreas que a gente pretende pedir apoio do Governo Federal. Nossa margem de orçamento no município é muito pequena. Se não tivermos essa parceria com o Governo Federal e do Estado, fica difícil solucionar os problemas da cidade.
AT - O que a população gonçalense pode esperar do governo do Capitão Nelson?
Capitão Nelson - A população pode esperar muito trabalho! Tudo que eu já faço há 38 anos aqui na cidade. Sempre nos empenhamos muito, mas os problemas na cidade aumentam a cada dia. As providências que devem ser tomadas de imediato, e não são, elas acumulam. A gente tem bairro aqui que ainda não tem água tratada. Pavimentação não tem. O Jardim Bom Retiro, é o segundo maior bairro da cidade e só tem uma rua pavimentada. Não tem esgoto, não tem água. Como homem público, minha obrigação é levar dignidade para essas famílias. Vamos tratar tudo com muita responsabilidade para minimizar esses problemas o mais rápido possível.