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Militar da reserva faz carta aberta contra Bolsonaro no Facebook
Militar da reserva faz carta aberta contra Bolsonaro no Facebook
Foto do autor A Tribuna A Tribuna
Por: A Tribuna Data da Publicação: 07 de junho de 2021FacebookTwitterInstagram
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Nas últimas semanas cresceu bastante o número de militares insatisfeitos com a influência cada vez maior de Jair Bolsonaro sobre as instituições militares. O general Paulo Chagas, antigo aliado de Jair Bolsonaro, publicou em suas redes sociais uma nota onde acusa colegas militares de idolatrar o presidente e de dividir a reserva das Forças Armadas.

O pedido de arquivamento de processo administrativo disciplinar contra o general Eduardo Pazuello por participar de um ato político ao lado de Jair Bolsonaro causou um verdadeiro racha nas Forças Armadas. Quem agora se manifesta contra a medida foi o Paulo Chagas, antigo aliado de Jair Bolsonaro. O militar publicou nesta segunda (7) uma carta aberta em seu perfil no Facebook um desabafo contra a decisão.

"Uma idolatria, cega e pouco inteligente, está dividindo a reserva das Forças Armadas. A maioria dos militares reformados e ainda em reserva desempenharam sem máculas as suas funções militares e sempre foram companheiros sérios, agradáveis e divertidos, como é e deve ser a vida de Soldado. Hoje, contradizendo a cultura adquirida em mais de 30 anos de caserna, uma parte está contaminada pela mitomania e pelo culto à personalidade de um homem cuja cultura, militar e acadêmica, não ultrapassa o nível da sola dos seus sapatos e cujo comprometimento com o Brasil fica a léguas de distância do juramento de vida e morte que fielmente tem sido cumprido por eles" diz Chagas no início da quarta.

Logo na sequência, ele cia diretamente o presidente da República e o critica duramente por representar o oposto do que deveria ser um militar.

"Jair Bolsonaro, a quem eles parecem idolatrar e que tratam como o "Salvador da Pátria" (como se isso existisse), é a antítese do Soldado, um homem que sente prazer em ser o indutor da indisciplina nas instituições que a têm como alicerce das suas missões e da sua própria existência. Disciplina e hierarquia são coisas que Bolsonaro, quando em seu curto tempo no serviço ativo ou mesmo fora dele, nunca respeitou devidamente ou entendeu a importância. Disciplina e hierarquia são coisas que Bolsonaro, quando em seu curto tempo no serviço ativo ou mesmo fora dele, nunca respeitou devidamente ou entendeu a importância", prosseguiu.

Chagas reconhece que votou em Bolsonaro e que o defendeu "em todas as oportunidades", mas reconhece que guarda "na consciência o peso do erro de ter acreditado que os bons homens que o acompanharam e o orientaram na formação da melhor parte do seu ministério e na formulação do seu "protocolo de intenções" seriam capazes de controlá-lo e de orientá-lo durante o governo, em especial com relação ao saneamento moral, ético e cultural do Brasil".

"Todos que pensaram e agiram como eu foram enganados (não sem aviso, confesso!). Bolsonaro foi uma ilusão da qual a parte contaminada dos militares reformados e em reserva ainda não apeou", afirmou.

O oficial reclama de que muitos militares, ofuscados pela idolatria, estariam tendo até dificuldades de reconhecer méritos de militares como o general Santos Cruz. Ele fala ainda sobre as acusações que recaem sobre qualquer militar que se reserva o direito de pensar.

"O maniqueísmo idólatra que trava o raciocínio e venda os olhos é tamanho que são carimbados de comunistas, "comunoISENTÕES" ou até de petistas todos os que preservam o direito de pensar e se negam a incorporar à seita bolsonarista. Pelo bem do Brasil, faço votos para que a liderança dos Chefes Militares, o compromisso exclusivo com a missão e com a democracia continuem a manter esta divisão, cega e pouco inteligente, fora dos navios, dos quartéis e das bases aéreas", concluiu o militar.

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