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Camilla Galeano e Alan Bittencourt
Bolsonarista assumido, o candidato do PTC à Prefeitura de Niterói, Allan Lyra, busca na identificação com o presidente alavancar sua campanha para chegar ao segundo turno das eleições. Como primeira medida caso eleito, ele prometeu realizar uma auditoria nas contas da Prefeitura. Allan pretende enxugar a máquina, reduzindo o número de secretarias de 63 para 20. Na área da Saúde, sua ideia é firmar convênios para que a população possa realizar exames na rede privada no período noturno. O candidato conservador prometeu armar a Guarda Municipal caso assuma o cargo no primeiro dia 2021.
A TRIBUNA - O
senhor se identifica com o governo Bolsonaro. O filho do presidente,
o senador Eduardo Bolsonaro, esteve em Niterói, e declarou apoio a
sua candidatura. O que o senhor tem a dizer?
Allan Lyra -
Nossa coligação Aliança por Niterói tem a verdadeira chancela
bolsonarista aqui no município. Estamos alinhados com a forma que o
Brasil foi pensado por Jair Messias Bolsonaro e por isso temos o
apreço da maior parte da população de bem de Niterói.
AT
- O seu apoiador direto, o deputado Carlos Jordy, perdeu o apoio do
Podemos, que lançaria outro candidato. Houve uma mudança e decidiu
lançá-lo como opção. Porque o senhor?
Allan Lyra -
Quando que se refere à
ala bolsonarista é deturpado. Nós, conservadores, não pudemos ter
um partido. Tanto o Podemos como o PTC abrigaram os candidatos do
Aliança. Quando se percebeu que em Niterói teria uma chapa
conservadora, começamos a sofrer ataques. Aqui em Niterói somos a
raiz dos conservadores.
AT - O Presidente está sem
partido, mas, foi eleito pelo PSL, que tem uma outra candidatura aqui
em Niterói, como o senhor pretende buscar o voto da direita já que
ela está dividida na cidade?
Allan Lyra - Nem
tudo que reluz é ouro. O PSL fez um grande serviço à nação
quando recebeu o Bolsonaro. Deram outra facada no presidente, a ala
bivarista. Essa ala está personificada na pessoa da Peppa Pig
(a deputada federal Joice Hasselman, candidata à prefeita de São
Paulo), que todos sabem quem é. Nosso partido é o Brasil.
AT
- Caso eleito, qual será a sua primeira medida estando à frente da
Prefeitura?
Allan Lyra - A primeira medida como
prefeito é auditar as contas públicas depois de uma tabelinha de 30
anos de PT e PDT. Vamos fazer um grande levantamento. São milhares
de casos comissionados. Queremos saber a real situação financeira
do nosso município.
AT A
Prefeitura assumiu os problemas da segurança da cidade. Como o
senhor avalia as ações frente à segurança pública e o que faria
diferente?
Allan Lyra - Não iria gastar milhões com
a guarda patrimonial. É aguarda privada, que é armada, que fica
rondando as praças públicas para proteger o patrimônio. Capacitar
e armar a guarda. Mas não seria todo o efetivo. A Guarda Municipal é
competente e preparada. Do total, 80% tem nível superior. Vamos
valorizar a Guarda. Haverá uma mudança na mentalidade de quem
comanda a Guarda. Onde a mancha criminal apontar, a guarda vai
patrulhar. Vamos manter o Niterói Presente. Demoraram para trazer e
agora é objeto de campanha da atual gestão.
AT - Há três
anos foi realizado um plebiscito, onde quase 19 mil pessoas votaram
pelo não armamento da Guarda Municipal. O senhor pretende fazer um
novo plebiscito?
Allan Lyra - Há uma lei federal que
obriga municípios com mais de 200 mil pessoas tenha a Guarda
Municipal armada. Vamos cumprir a lei federal.
AT - O
senhor foi alvo de denúncias de não uso da máscara, durante o
período eleitoral. O que o senhor tem a dizer?
Allan
Lyra - Não é prejudicial à minha candidatura. A acolhida nas
ruas tem sido fantástica. Estou muito esperançoso de ir para o
segundo turno.
AT - A atual gestão criou programas de
ajuda financeira aos empresários da cidade nesse período de
pandemia e para as famílias que ficaram sem trabalhar. Esses
programas permanecerão caso o senhor seja eleito?
Allan
Lyra - É uma questão delicada. O atual prefeito foi preso por
92 dias. Durante a pandemia conduziu a cidade de forma irresponsável
ao lockdown e muitas empresas fecharam. O maior desafio da minha
gestão será a geração de empregos. O combate à corrupção é o
ponto principal. Acabar com essa mentalidade de que o estado tem que
pagar tudo para o cidadão. Vamos baixar imposto e buscar empresas de
âmbito internacional para gerar empregos aqui em Niterói. Quais
foram as políticas adotadas pelo prefeito para a geração de
empregos?
AT - O senhor falou sobre atrair empresa
para Niterói. De que forma isso seria feito?
Allan Lyra - Vou baixar o ISS para 1%. A gente precisa encolher a máquina. Vamos reduzir os impostos para atrair os investimentos. Vou passar o facão. Vou atrás das empresas, fazer reunião, ligação.
AT - O Centro de Niterói é o principal polo comercial da cidade. O senhor como comerciante, como pensa em revitalizar o bairro?
Allan Lyra - A primeira coisa é garantir o direito básico do cidadão para poder trabalhar. Se o empresário conseguiu manter seu negócio é um guerreiro e eu quero te ajudar a manter seu negócio. O comércio inteiro está comigo.
AT - O
senhor chegou a dizer que reduziria o IPTU em até 20% ao longo dos
quatro anos. Como pretende fazer isso?
Allan Lyra -
Vamos desenvolver um estudo nesse sentido. Temos em torno de 500
mil habitantes e nosso orçamento é de R$ 3,2 bilhões. O atual
prefeito conduz o município com 63 secretarias. Do total do
orçamento, R$ 1,2 bilhão são para a folha de pagamento. Somos um
estado imenso. A gente precisa enxugar essa máquina. Teremos 20
pastas. Vou baixar o valor do IPTU enxugando a máquina. O problema
de Niterói não é dinheiro, é caráter e moral, e por isso eu vou
ser eleito.
AT - Como o senhor pretende administrar a
saúde do município? Na quarta-feira, o presidente anunciou a
privatização das unidades básicas de saúde e depois voltou atrás.
Ele estava certo ou errado?
Allan Lyra - Então, a
gente não teve acesso da fonte primária. Sabemos como a imprensa
funciona, aquele sensacionalismo
aqueles que falam que não existe
cristofobia. O presidente é um patriota, não fará nada
inconsequente. Faremos o Corujão da Saúde. Vamos buscar uma
pareceria público-privada. O cidadão que hoje sofre com a fila. Faz
campanha do Outubro Rosa, mas não tem mamógrafo. Isso será no
período noturno porque a rede privada tem todos os equipamentos
ociosos. Vamos esvaziar essa longa fila de espera para realizar seus
exames.
AT - O senhor pretende municipalizar o Hospital
Oceânico?
Allan Lyra - A gente quer que esse hospital continue na rede do município. Os contratos são caso de polícia. Antes de opinar preciso ter uma garantia jurídica para saber como foi conduzido. ONG Viva Rio, a quantidade de dinheiro que foi colocado lá, o valor que estava sendo vendido aquele imóvel. É brincadeira!
AT - Caso a
decisão do STF seja pela redistribuição dos royalties do petróleo,
como Niterói fica no próximo ano com esse corte de verba e quais
medidas o senhor adotaria?
Allan Lyra - Com a redução
muda tudo. Perdemos a oportunidade de ser uma grande cidade. Não
houve retorno. Ah, mas teve o túnel. A que preço? A preço de
prisão, delação premiada. Niterói nem dependeria da arrecadação
de impostos. Os royalties seriam suficientes. Se um gestor tivesse
pensado no bem comum teria traído investimentos, até mesmo com
isenções, não dependeria exclusivamente dos royalties. A conta da
Transoceânica está chegando. Niterói não tem vice-prefeito, mas
seu gabinete recebeu R$ 940 mil. É dessa forma que nossa cidade está
sendo conduzida. Precisamos abrir a caixa preta da cidade.
AT
- O senhor citou que buscará uma parceria com o Governo Federal para
a criação de uma escola cívico-militar. Fale um pouco de suas
ideias para a área educacional.
Allan Lyra - Niterói
é um dos municípios que mais investe em educação. Porém,
infelizmente, Niterói não alcança a média 5 do Ideb. Ficamos
atrás de municípios que investem muito menos. Temos que ter retorno
e isso passa pelos professores. O presidente ofereceu a escola
cívico-militar através do MEC, mas politizaram.
AT -
Sobre as privatizações. O senhor já falou em transferir para a
iniciativa privada a gestão de locais como o Teatro Municipal, o MAC
e o Caminho Niemeyer. Por que privatizar?
Allan Lyra - Fica
pesado manter esses espaços. Temos que repensar a Cultura no nosso
município. A gente quer investir mas queremos um retorno cultural e
financeiro para a cidade.
AT - Quanto às escolas de
samba, que é algo que faz parte da cultura do município. Seu plano
de governo mostra que a sua intenção é cortar o auxílio que as
agremiações recebem. O senhor não acha que é uma atitude
impopular e que prejudicaria também o turismo na cidade?
Allan
Lyra - Isso que eu quero provocar na Cultura: a gente precisa se
desenvolver, para fazer o Carnaval não é possível que tenha que
sair dos cofres públicos, buscar patrocínio na rede privada. Esse
dinheiro vai para o essencial: educação, saúde, segurança,
redução de impostos. Não vamos abandonar o profissional do
Carnaval, mas queremos que ele se desenvolva, se aperfeiçoe e gere
lucros para o nosso município. Temos que repensar o turismo aqui.
Nossa cidade é linda. O estrangeiro quando passeia em Icaraí fica
doido. A Região Oceânica pode ter o ecoturismo. Isso fica
escondido. Temos um potencial tremendo para desenvolver o turismo.
Estar próximo do Rio só nos beneficia. O turismo tem que ser
profissionalizado.
AT - O que o
senhor tem de projetos para o meio ambiente?
Allan Lyra -
Vou fazer algo que outros não fariam. A pauta ambiental hoje é
muito politizada e por isso não é levada a sério. A gente viu a
Prefeitura fechar os olhos para a Lagoa de Piratininga. A lagoa está
morta. Assumo o compromisso de começar o trabalho que é longo, mas
precisa ser feito. O prefeito liberou construções no entorno da
lagoa. Isso é criminoso!
AT - O que os
atletas e artistas da cidade podem esperar de projetos para
eles?
Allan Lyra - Niterói tem vocação para o
esporte. A gente quer desenvolver isso junto à rede municipal. Quero
organizar eventos de esportes. Quero que quem tenha mantido a média
possa encontrar seu ídolo. Vamos organizar as coisas aqui em
Niterói.
AT - Em relação ao crescimento desordenado
das comunidades em áreas de risco. Tem como conter?
Allan
Lyra - Hoje está muito complicado, hoje já passam de 50
comunidades. Precisamos fazer um mapeamento, trabalho de
conscientização, um trabalho popular para retirar as pessoas das
áreas de risco e dar moradias. Um trabalho duro.
AT -
O senhor tem alguma proposta para a mobilidade da cidade? Como avalia
as ciclovias?
Allan Lyra - Infelizmente perdemos a
oportunidade com o volume de dinheiro do royalties de petróleo de
desenvolver nosso trânsito. O volume de veículos que saem ao mesmo
tempo é tremendo. Infelizmente, não temos metrô. Perdemos a
oportunidade de fazer obras que impactassem a vida do niteroiense.
Temos um problema geográfico. São Gonçalo é um município
gigantesco, dormitório, pois as pessoas de lá trabalham em Niterói
e no Rio de janeiro. Isso dá um nó trânsito. Há um projeto de
duplicar a BR-101, para que acesse a Ponte Rio-Niterói sem passar
por Niterói. A gente precisa fazer estudo.