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Devido à pandemia de coronavírus, os estoques de sangue estão abaixo do esperado nos hemocentros do estado do Rio de Janeiro. Em Niterói, o Hemonit, banco de sangue do Hospital Universitário Antônio Pedro (Huap), também está em situação crítica. A diminuição no número de doadores é um problema grave, já que os procedimentos cirúrgicos do hospital dependem do estoque de bolsas de todos os tipos sanguíneos.
Em 2019 (último ano antes da pandemia), o Huap realizou 4.293 cirurgias, o que representa, em média, 358 por mês. Cada uma delas precisa de uma quantidade de sangue, que depende do corpo do paciente e do tamanho da cirurgia. De acordo com o Cirurgião Cardíaco do Huap, Leonardo Canale, a falta de bolsas de sangue afeta diretamente o volume de cirurgias feitas em qualquer hospital, já que, se não houver sangue disponível para o paciente operado, os médicos ficam legalmente impedidos de seguir com a cirurgia.
Todas as cirurgias eletivas grandes e com possível sangramento vultoso necessitam, obrigatoriamente, de uma reserva de sangue. É o caso de cirurgias abdominais, cardíacas e vasculares, que, com frequência, precisam de transfusão. Mas, ninguém tem como adivinhar antes da cirurgia quem vai precisar ou não. Então, é necessário que todo paciente entre na sala de cirurgia com uma reserva de sangue para ele. Se, por algum motivo, não utilizar, volta para o estoque, explica o médico, que também é doador de sangue há muitos anos.
Algumas pessoas acreditam que uma única doação não faz tanta diferença. Mas, é justamente o contrário. Uma pessoa gera três produtos sanguíneos diferentes: a hemácia, que combate a perda de sangue, as plaquetas e o plasma, que podem ser usados no caso de pacientes que, por algum motivo, perderam esses fatores de coagulação e precisam repô-los. É por isso que o Cirurgião Geral do Huap, Marcelo Sá, doa sangue há dois anos (a última vez foi no fim de janeiro de 2021).
Doar sangue é uma forma de ajudar o próximo, uma maneira de poder contribuir com aqueles que precisam. O ato da doação permite que sejam realizados procedimentos cirúrgicos, tratamentos oncológicos e assistência aos pacientes que precisam de sangue. Eu me sinto ajudando o hospital que tenho tanto prazer em trabalhar, diz Marcelo.