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Há oito anos, a Universidade Federal Fluminense (UFF) executa um projeto de inclusão de sucesso: o Include Meninas. Sob coordenação da professora Luciana Salgado, do Instituto de Computação (ICUFF), o projeto de extensão tem como objetivo despertar o interesse das mulheres - alunas do Ensino Médio e Fundamental - nas carreiras da área de Computação. Iniciado em 2016, o projeto acumula três prêmios e foi referência para dez trabalhos acadêmicos.
Na prática, são realizadas palestras presenciais, oficinas, rodas de conversas, aulas eletivas de programação e visitas à UFF. As atividades são abertas a todas as pessoas interessadas, porém somente profissionais e estudantes mulheres as conduzem, a fim de serem exemplos de sucesso e empoderamento feminino das áreas de informática e exatas.
“Quando falamos das profissões relacionadas à computação nas escolas, notamos que as estudantes acham que só existe a profissão do técnico que conserta o celular, geralmente exercida por homens. Então, fazemos uma palestra introdutória sobre a área e respectivas profissões, juntamente com a professora Karin, que fala sobre o viés implícito e ameaça pelo estereótipo. Em setembro, as meninas vieram aqui no Departamento de Ciência da Computação, durante três semanas, para participar de oficinas intensivas de programação em Phyton, em nossos laboratórios”, explica a professora Karin Calaza, do departamento de Neurobiologia da Universidade e atuante em escolas municipais e estaduais de Niterói.
Segundo dados do Portal de Transparência da UFF, em 2023, as mulheres representam aproximadamente 12% do total de estudantes matriculados no Departamento de Ciência da Computação. Dessa maneira, iniciativas como essa são essenciais para criar oportunidades equitativas, contribuindo para uma maior representatividade de gênero no campo da tecnologia.
As ações do Include se estendem às estudantes do ensino superior, a fim de criar espaços de acolhimento dentro da universidade. Ao longo de 2023, por exemplo, estudantes dos cursos de ciências da computação e sistemas de informação participaram de rodas de conversa e palestras, que possibilitaram a troca de experiências com alunas egressas sobre as oportunidades do mercado de trabalho.
“Em 2022, já colhemos os frutos do projeto. Uma de nossas estudantes, Iasmin Cavalcante, de 17 anos, foi uma das selecionadas para o Instituto Federal para cursar Informática e o Include fez a diferença na vida dela por ser uma iniciativa voltada para a inclusão digital. Acredito que começar a transformação na base da educação, com projetos de inclusão que falam do protagonismo feminino, é importante para as mulheres, que sempre foram protagonistas em várias situações. Agora é a hora reconhecer esse lugar, para que seja normalizado e natural”, disse a diretora-adjunta, Luciana Gonçalves.
Para 2024, o Include prevê novas ações, visando ampliar a difusão do conhecimento e o número de meninas impactadas pelo projeto: “Estamos estruturando oficinas voltadas à programação em parceria com as professoras das escolas, com o objetivo de integrar o conhecimento sobre computação nas próprias disciplinas. Além disso, planejamos ampliar nossa atuação, estendendo as oficinas realizadas na UFF para as meninas de escolas públicas e privadas”.
O Include Meninas recebe o apoio da Pró-reitoria de Extensão (PROEX-UFF), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ) e é parceiro do programa “Meninas Digitais” da Sociedade Brasileira de Computação.
A estrutura atual do projeto conta com a professora Luciana Salgado, quatro professoras colaboradoras: Aline de Paula Nascimento, Karin da Costa Calaza, Maria Cristina Silva Boeres e Simone de Lima Martins; três professoras bolsistas de escolas públicas; nove estudantes bolsistas do ensino fundamental e médio e duas bolsistas de iniciação científica, além de participações voluntárias de estudantes da UFF.