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‘Rock: o Livro’, uma bela antologia de emoções, ideias, reflexões
‘Rock: o Livro’, uma bela antologia de emoções, ideias, reflexões
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Por: Not found author Data da Publicação: 17 de setembro de 2022FacebookTwitterInstagram
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Por Luiz Antonio Mello -

Está pousando nas livrarias uma obra sensacional chamada “Rock: o Livro” (Editora Hucitec), que poderia se chamar “A Saucerful of Secrets”, ou “Um obscuro objeto do desejo”, mas para que complicar? O nome é simples e objetivo como uma bofetada, um dardo, um beijo na boca: “Rock: o Livro”.

Um livrão com quase um quilo e meio, 21 x 29,7 cm, letras graúdas, confortáveis.

Ao longo de quase 600 páginas, dezenas de pessoas conectadas de diversas áreas despejam suas vivências, emoções, vastas emoções e pensamentos imperfeitos (copyright, Rubem Fonseca) em torno do Rock, esfinge ligada na tomada que distribui choques elétricos na incivilização desde meados dos anos 1950.

Professores de arte, psicanalistas, médicos, historiadores, jornalistas, pessoas de várias regiões das ciências inexatas destilam seu brado retumbante sobre uma das mais poderosas manifestações artísticas, emocionais, existenciais do século 20, esse filho ilegítimo do blues/rhythm and blues, nascido como música para dança dos quadris, transformado em zoada para dança das cabeças (copyright, Egberto Gismonti) e até coquetel molotov por muitos.

Quando o Rick Goodwin (confrade de trincheiras desde os tempos do O Pasquim, anos 1970/80) me convidou para escrever um ensaio para uma antologia sobre rock com diversos não roqueiros profissionais, topei na hora.

Uma ideia inusitada, provocadora, balaústre apimentado na anilha dos mofados de pijamas de flanelas, junkies de vick vaporub, zumbis existenciais e os cacetes a quatro.

Rapidamente sentei no computador, pedi ao garçom para trazer um metafórico AK-47 e, ao longo de curtos 52 minutos disparei milhares de balas traçantes na tela, um descarrego tão dilacerante que chegou as raias do absurdo absoluto, como um filme de Jean-Luc Godard, aquele que ninguém sabem quem foi. Esadof.

No entanto, como um covarde penetrando no Afeganistão no começo do milênio, arremeti. Não como um B 52, ou como um 747, ou, quem sabe, um Spifire. Arremeti como um pombo da Praça 15 depois de bicar chumbinho perto de uma carroça do Angu do Gomes, nos tempos em que havia Angu do Gomes, carroça, Praça 15 e pombo.

Ou seja, meu texto que está em “Rock: o Livro” não é o primeirão, devidamente deletado, mas um outro, contando uma história que tem como um dos personagens o amigo Ricardo Boechat. Aí você pergunta, mas não ficou bom?

Se não tivesse ficado bom não seria publicado, mas trago na alma um carrasco que ceifa muito do que escrevo. Foi numa dessas que destruí a biografia de Cara de Cavalo, que nunca vi, mas ouvi falar, cujo cadáver pesado de tanta bala inspirou Hélio Oiticica a produzir “Seja Marginal, Seja Herói”, aquela bandeira poema. Ícone da Tropicália, hoje Escrotália.

Os organizadores do livro são Rita Almico, Valéria Leão Ferenzini, Edson Leão Ferenzini, Fernando Gaudereto Lamas, Luiz Fernando Saraiva e. Ricky Goodwin. Na sinopse, eles relatam:

“Da ideia original dos cinco amigos, mais amigos chegaram ao longo do tempo e essa empreitada seguiu de uma maneira bastante inovadora (sem falsa modéstia mesmo), apresentando o rock em suas múltiplas facetas, como um estilo de vida, uma música, uma moda, uma experiência espiritual, sensitiva, e tudo o mais que pudermos proporcionar aos leitores. Depois de litros de cerveja, vinho, água, café, destilados, cigarros, trocas, brigas, carinho, amizade e trabalho (muuuuiiiittttoooo trabalho) o livro está pronto. E que os leitores apreciem com prazer e compartilhem nossa paixão”.

O cardápio:

O rock antes do rock – Ayrton Mugnaini Jr.

ÁLBUM 1 – VIDA (OU MORTE) - Rock e a invenção da juventude – Gisele Cristina Luiz; Rock e envelhecimento – Ivar Brandi Rock e morte – Ramon Mapa.

ÁLBUM 2 – IDENTIDADES E SEXUALIDADES -Rock e racismo – Chico Castro Jr.; Rock e feminismo – Carolina Votto; Rock e sexualidade – Maria Izabel Sá e Ferreira de Souza, Pérola Maria Goldfeder Borges de Castro.

ÁLBUM 3 – REFERÊNCIAS CULTURAIS - Rock e geração beat – Valéria Leão Ferenzini; Rock e contracultura – Bruno Tuler Perrone; Rock e folk – Edson Leão Ferenzini.

ÁLBUM 4 – ENTRE O SAGRADO E O PROFANO - Rock e drogas – Antônio Reis de Sá Jr.; Rock e psicodelia – Veet Vivarta; Rock e mística – Eduardo Guerreiro B. Losso; Rock e satanismo – Luiz Eduardo Simões de Souza.

ÁLBUM 5 – MATERIAL GIRLS AND BOYS - Rock e grana – Rita Almico, Fernando Gaudereto Lamas, Luiz Fernando Saraiva; Rock e publicidade – Filipe Sette; Rock e a indústria de instrumentos – Maurício Luiz Bertola.

ÁLBUM 6 – WE ARE THE WORLD - Rock e outras tradições musicais – Edson Leão Ferenzini; Rock e Brasil – Antônio Carlos Miguel.

ÁLBUM 7 – O SOM E AS FÚRIAS - Rock e virtuose – Alexandre H. Paes; Rock e efeitos – Marcos Falcão; Rock e rádio – Luiz Antonio Mello; Rock e videoclipes – Marco Antônio Lemos Miguel.

ALBUM 8 – O MURO (ACORDES DISSONANTES) - Rock de direita – Glauber M. Florindo, Ramon Mapa; Rock de esquerda – Luis Gustavo Mandarano.

ÁLBUM 9 – OUTRAS LINGUAGENS - Rock e literatura – Rafael Senra; Rock e cinema – Luiz Couceiro; Rock e quadrinhos – Ricky Goodwin Jr.; Rock e capas – Antônio Carlos Barbosa Caldas; Rock e moda – Valéria Leão Ferenzini.

ÁLBUM 10 – AND PARTY EVERY DAY; Rock e festivais – André Grillo; Rock e lugares – Fernanda Quintão; ONE MORE SONG - No meu quarto ou na cidade: o Rock nunca errou… – Rosa Martins, Sávio Guimarães.

A horta está plantada, que venham os gafanhotos. Copyright, almirante Faria Lima, ex-governador do estado do Rio.

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