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Segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças, entre 1997 e 2011, as alergias alimentares em crianças aumentaram 50%. No Brasil, dados da iniciativa Alergia Alimentar Brasil revelam que cerca de 6% das crianças e 3,5% dos adultos brasileiros possuem essas alergias.
As alergias alimentares são um tipo de reação adversa a determinados alimentos, resultante de uma resposta imunológica exacerbada específica a um antígeno, substâncias que provocam a resposta imune do organismo, e que se reproduz a cada contato com aquele mesmo alimento.
Embora qualquer alimento possa causar uma reação alérgica, castanhas, amendoim, leite, ovos, soja, peixes, crustáceos e mariscos são os principais causadores de alergia. A intensidade da resposta imune varia de organismo para organismo, podendo até mesmo causar a morte.
Em entrevista ao site da Universidade Federal Fluminense (UFF), a professora do Departamento de Nutrição e Dietética da Universidade Federal Fluminense (UFF), Ana Lúcia Pires Augusto, explica sobre as alergias alimentares e o que tem levado ao aumento delas entre crianças e adultos.
Qual a diferença entre alergia e intolerância alimentar?
“A alergia alimentar é uma reação alimentar adversa de caráter imunológico, já a intolerância alimentar é, principalmente, de caráter digestivo; não há envolvimento de elementos do sistema imune. Ela ocorre em decorrência da ausência ou diminuição da produção de enzimas digestivas como, por exemplo, a lactase, responsável pela digestão da lactose. A intolerância à lactose ocorre frequentemente após quadros prolongados de lesões na mucosa intestinal, nos quais a porção intestinal, que produz a enzima lactase, é danificada. De forma muito rara, ela também pode ocorrer por erro genético, quando não há a produção da enzima — mamíferos tendem a ter a produção de lactase diminuída após os dois anos, já os seres humanos, por continuarem a ingerir leite de vaca e derivados, continuam a produzi-la”.
Algumas pesquisas mostram que as alergias alimentares estão aumentando ao longo dos anos. O que explica esse crescimento?
“Houve, de fato, um crescimento na prevalência de Alergia Alimentar segundo a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), mas também houve um aumento dos diagnósticos legítimos que há décadas passavam despercebidos, além de falsos diagnósticos, uma vez que os modismos e crenças inverídicas relacionados à alimentação e à alergia se tornaram frequentes.
Nas últimas décadas, acredita-se que a mudança nos padrões alimentares que acompanharam a transição nutricional com aumento da industrialização de alimentos deu margem ao consumo aumentado de antígenos e partículas antigênicas estranhas às proteínas corporais que podem aumentar a resposta de hipersensibilidade. Nos primeiros meses de vida isso é particularmente mais frequente, pois lactentes devem mamar exclusivamente no seio até os seis meses, justamente para evitar que entrem em contato com partículas estranhas ao corpo, visto que ainda há muita imaturidade imunológica”.
Por que as alergias alimentares são mais comuns em crianças?
“Pelo imaturo desenvolvimento do sistema imunológico, principalmente em lactentes menores de seis meses. Quando entram em contato de forma errônea com proteínas diferentes daquelas do leite materno que vão funcionar como substâncias estranhas, ou seja, vão funcionar como antígenos que serão reconhecidos pelas imunoglobulinas e células imunitárias que responderão com mecanismos que caracterizam o quadro alérgico”.
A entrevista completa pode ser vista através deste link.