Uma operação do 12º Batalhão de Polícia Militar de Niterói resultou na morte de Lucas Lopes da Silva, conhecido como "Naíba", chefe do tráfico no Morro do Castro e foragido da Justiça por duplo homicídio qualificado. A ação aconteceu na manhã desta sexta-feira (11), em Tenente Jardim, São Gonçalo.

De acordo com o comandante da unidade, o coronel Leonardo de Oliveira, as equipes chegaram na Rua Benavente por volta das 7h, após um trabalho de inteligência da 78ª DP (Fonseca) descobrir o esconderijo dele.

“Após levantamento de dados da sessão de inteligência e troca de informações com a 78ª delegacia de Polícia Civil, hoje planejamos e executamos uma operação no Morro do Castro. O principal alvo era o ”Naíba", que é um dos chefes do Morro da Brasília e do Morro do Castro", disse o comandante.

Ainda de acordo com Leonardo de Oliveira, o traficante era investigado por liderar uma quadrilha especializada em roubo e clonagem de veículos que agia em Niterói e São Gonçalo.

"Assim como nós fazemos monitoramentos desses roubos em outras regiões de Niterói, nós hoje fizemos essa operação com esse objetivo", explicou o coronel.

Ao se aproximarem da comunidade, os policiais do Grupamento de Ações Táticas (GAT) e do Serviço Reservado (P2) foram recebidos a tiros por criminosos armados. 

Após intenso confronto, dois deles foram baleados: o “Naíba”, que morreu no local, e um jovem de 19 anos, que foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros e levado para o Hospital Estadual Azevedo Lima (HEAL).

De acordo com o coronel Leonardo de Oliveira, o adolescente teve o braço amputado e permanece sob custódia na unidade médica. Os outros homens que estavam no confronto conseguiram fugir pela mata, em direção à parte alta do morro. 

Na ação, que contou com uso de um caveirão da Polícia Militar, foram apreendidos um fuzil FAL calibre 7.62, cinco granadas, um drone, um carregador de fuzil, uma bola de cocaína e um tablete de maconha.

Manifestação 

Após a morte de "Naíba", houve protesto na rua Doutor March, altura do número 706. Os manifestantes fecharam a via e colocaram fogo em pedaços de madeira e outros entulhos, atrapalhando a circulação de veículos. 

A Polícia Militar esteve no local e dispersou os manifestantes. O comandante do batalhão de Niterói ressaltou que o policiamento no Morro do Castro segue reforçado.

Histórico criminal

Lucas Lopes da Silva, o “Naíba”, de 31 anos, era um dos criminosos mais procurados da região. Contra ele, havia dois mandados de prisão em aberto por homicídio qualificado. 

Ele também acumulava outras seis anotações criminais, sendo três por tráfico de drogas e três por roubo, além de outros homicídios.

De acordo com informações do site do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, "Naíba" é réu em dois processos de homicídio qualificado, ocultação de cadáver e crimes contra o sentimento religioso e contra o respeito aos mortos.

Lucas era apontado como o mandante da execução brutal de uma família em março de 2024, no bairro Baldeador, em Niterói. Na ocasião, Filipe Rodrigues, de 24 anos, sua companheira Rayssa dos Santos Ferreira, de 23, e o filho do casal, Miguel, de apenas 7 meses, foram assassinados dentro de um carro.

A motivação, segundo a DHNSG, teria sido uma tentativa frustrada de extorsão por parte de Filipe, que fingiu ser policial e denunciou um informante da polícia em troca de R$ 50 mil. Ao descobrirem que ele não era PM, os criminosos marcaram um encontro com Filipe, mataram ele e sua família.

Desde então, a DHNSG vinha intensificando as investigações e buscas pelos envolvidos. Além de “Naíba”, outros suspeitos já haviam sido mortos ou presos, como Fabiano Conceição da Silva, assassinado em março, e Wesley Pires da Silva Sodré, detido no mês seguinte. Marcos Patrick da Silva Aquino, conhecido como "Tiquinho", ainda está foragido.

Três baixas na quadrilha

Além da morte de “Naíba” nesta sexta-feira, a organização criminosa do Morro do Castro teve dois integrantes presos, em dezembro de 2024, durante uma operação da Polícia Civil contra o roubo de cargas e veículos cometidos em Niterói.

O objetivo foi cumprir oito mandados de prisão contra traficantes do Comando Vermelho (CV) e recuperar carros roubados. Um carro e cinco motos foram apreendidos.

De acordo com o delegado titular da 78ª DP (Fonseca), Gabriel Poiava, sua equipe descobriu que a organização criminosa também está envolvida com os crimes investigados na operação Torniquete.

Durante as buscas, os agentes encontraram embalagens de produtos roubados em uma casa. As investigações mostram que o imóvel era usado pra guardar a carga roubada. Segundo o delegado, era lá que os bandidos separavam o material que era distribuído no comércio ilegal dentro e fora da favela.

"É um tráfico, mas eles têm por habito praticar roubos, apesar de ser uma comunidade que fica em sua maior parte em São Gonçalo, eles atuam bastante aqui na área da 78ª DP (Fonseca)", afirmou Gabriel Poiava.

"Eles têm dado prioridade para roubo de carga de cigarro e também de entrega de produtos", complementou.

A maioria dos roubos aconteceu em rodovias, como na BR-101 e na RJ-104. De acordo com o delegado, os carros roubados pela quadrilha eram levados para o Morro do Castro, onde eram clonados ou iam para desmanche. Depois, as peças eram revendidas.