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A concessionária Enel apresentou hoje o "Plano Verão" para garantir o fornecimento de energia elétrica durante a estação mais quente do ano. Um dos principais temas abordados foi o estouro de transformadores, comum em regiões de Niterói e São Gonçalo nesta época do ano, causando falta de luz. A empresa reconheceu o problema e deu uma série de orientações para evitá-lo.
Segundo a Enel, uma das causas é a inconsistência em declarações de carga feitas por imóveis. De acordo com a concessionária, muitos proprietários acabam aumentando a carga e esquecendo de informar. Outro problema apontado é a existência de vegetação em volta de fios, o que pode provocar curtos-circuitos e, consequentemente, estouros em transformadores. A explicação foi dada por Thiago Morais, responsável pela operação e manutenção da Enel Rio.
"O que acaba dificultando é que quando um cliente novo constrói uma casa e quer se conectar, a Enel solicita uma declaração de carga. A gente dimensiona a rede para aquilo, mas, ao longo do tempo, as pessoas vão alterando a carga. Há a questão da vegetação. Em todo termo de concessão, a manutenção da vegetação é uma responsabilidade do ente público, na área pública, e na área privada, do ente privado. A gente vê muita arborização sem poda", explicou.
No entanto, a previsão para restabelecimento do fornecimento em casos de estouros de transformadores, mesmo com o reforço do "Plano Verão", continua em oito horas. A orientação da concessionária a fim de que esse tempo possa ser reduzido é que cada cliente que esteja com o fornecimento interrompido comunique à empresa. Dessa forma, será possível estabelecer que se trata de um problema de grupo e não individual.
"Há algumas variáveis como o local, quantidade de comunicação. São milhares de transformadores. É preciso que sejam feitas reclamações para que a gente faça o agrupamento e veja qual equipamento comum entre eles. Ou seja, não é mais um problema individual. O tempo médio de reparo é em torno de oito horas. Se tiver que trocar o transformador, pode levar um pouco mais. Por mais que a gente reforce, nesse período podemos ter um tempo um pouco maior", complementou Morais.
Por fim, Morais citou que a Enel tem um plano de inspeção e manutenção. Neste ano, foram inspecionados 13,5 mil km de rede de distribuição. A empresa utiliza um carro com uma câmera especial que filma a rede fazendo um sensoriamento. Também foram realizadas 50 mil manutenções preventivas.
Furtos de Energia
O tema dos transformadores serviu como gancho para outro assunto: as ligações clandestinas de energia. De acordo com Marthely Velela, que também é responsável pela manutenção na área de concessão da Enel, o furto de energia provoca sobrecarga na rede, o que também pode provocar problemas em transformadores. Ele apontou que a companhia oferece uma série de alternativas para que o usuário ilegal possa regularizar o fornecimento.
"Se faz um mapeamento da incidência de furtos para a gente redistribuir essa rede. A gente faz projetos de conscientização para que, caso o cliente esteja irregular, possa entrar em nosso rol de clientes sendo alimentado legalmente. Existem várias ações para que nossa área esteja o máximo possível legalizada. Furto de energia é crime, ilegal e encarece a tarifa. Se todo mundo pagasse direitinho, a gente poderia ter uma tarifa mais barata", orientou.
Ações do plano
Os representantes da empresa também elencaram uma série de medidas tomadas para prevenir eventuais problemas de fornecimento. Velela destacou que, no verão, a rede recebe uma carga maior. Além disso, ações tomadas visando a estação ficam como legado para os demais períodos do ano. Em 2022, houve uma atenção maior a regiões turísticas do Rio de Janeiro.
"Nosso Plano Verão acaba correndo o ano inteiro, há vários investimentos pensando em aumento de carga. Neste ano conseguimos fazer três grandes obras: a subestação de Casimiro de Abreu, que vai beneficiar 200 mil clientes naquela região; subestação de Entroncamento Lagos, para atender 700 mil clientes; e o aumento de carga da subestação de Búzios, aumentando a capacidade de atendimento", disse.
A intenção, segundo a concessionária, é mitigar qualquer problema no atendimento. Este é o motivo para se ter um plano especial nesse período. São quatro pilares trabalhados: digitalização e modernização da rede; obras estruturantes com mais circuitos e equipamentos; manutenção daquilo que já está em operação; e, por fim, eficiência operacional, transformando dados em informação aplicável.
Clima
Outra preocupação do Plano Verão é com as chuvas que podem provocar até mesmo catástrofes naturais. A concessionária firmou uma parceria com a plataforma Climatempo a fim de fazer um mapeamento de como ficará o tempo na estação. Ana Marques, que é meteorologista formada pela UFRJ, especializada em eventos extremos de chuva e consultoria do setor de energia da Climatempo comentou sobre a perspectiva para o próximo verão.
"A primavera começou extremamente chuvosa no Rio, com raios e ventos muito fortes em toda área e concessão. Em dezembro houve chuvas fortes na Região dos Lagos e Norte Fluminense. A tendência para as próximas semanas é de muita chuva. A umidade vem da Amazônia e corre pelo Rio de Janeiro. São dias com chuvas muito intermitentes e isso dificulta muito a operação, porque caem postes e árvores. Esse padrão vai se manter em janeiro e, a partir de fevereiro, a tendência é de mais calor e menos chuva", ressaltou.