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Dados eletrônicos de Mauro Cid revelam intenção de transformar Três Poderes em praça de guerra
A PF (Polícia Federal) recuperou informações de arquivos eletrônicos do tenente-coronel Mauro Cid - ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) -, no âmbito do inquérito dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
Fontes relacionadas ao caso na PF revelaram ao portal UOL, nesta sexta-feira (8), que as informações apresentam detalhes de um planejamento de golpe de Estado, que foi além de um simples "quebra-quebra" promovido por um grupo de bolsonaristas transloucados: o plano era raptar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes.
Os arquivos haviam sido deletados pelo próprio Cid, através de um software israelense.
A polícia ouviu novas testemunhas: uma delas foi o ex-diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Alexandre Ramagem - que foi candidato a prefeito do Rio, em outubro último -, além do general Nilton Dinis Rodrigues, coronel que, à época, formou-se nas Forças Especiais do Exército - os Kids Pretos, que participaram de forma ativa na tentativa de golpe.
Dossiê
De acordo com as informações obtidas pela PF - e apresentadas ao UOL -, havia uma grande articulação golpista, preparada através de um completo e detalhado dossiê, com informações sobre o dia a dia de Lula; além de nomes e armas dos seguranças do então recém-eleito presidente da República que tomou posso no dia 1º de janeiro de 2023.
O plano dos golpistas era buscar confrontos armados com os seguranças de Lula e de Moraes, após a obtenção das informações privilegiadas. No momento dos ataques à Praça dos Três Poderes, o presidente estava em Araraquara (SP) e o ministro, em Paris.
Inquérito
Alexandre de Moraes, que está conduzindo o inquérito, prorrogou as investigações por mais 60 dias, a fim de aprofundá-las. Esse processo pode gerar acusações contra lideranças, executores e financiadores do golpe, até o início de 2025. Um dos investigados é Bolsonaro, que vem articulando anistia no Congresso, antes de enfrentar possíveis acusações legais.
Condenações
O STF divulgou nesta sexta o balanço parcial das condenações de envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
Até o momento, a Corte condenou 265 acusados pelos crimes de associação criminosa armada, dano qualificado, deterioração do patrimônio tombado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e tentativa de golpe de Estado. As condenações variam entre 15 e 17 anos de prisão.
A Corte também contabiliza quatro absolvições.
Foram assinados 476 acordos de não persecução penal. O acordo permite que os acusados que não participaram diretamente dos atos de depredação do Congresso, do Palácio do Planalto e do Supremo não sejam condenados.
Nesses casos, eles deverão prestar serviços à comunidade, pagar multas que variam entre R$ 1 mil e R$ 5 mil, cumprir proibição de uso das redes sociais e participar de um curso com o tema “Democracia, Estado de Direito e Golpe de Estado”.
Os investigados que participaram dos atos de depredação do Supremo não terão direito ao benefício e irão a julgamento na Corte.
Pelo acordo de não persecução penal, acusados de crimes cometidos sem violência ou grave ameaça e com pena mínima de quatro anos podem confessar os crimes em troca de medidas diversas da prisão.