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Na semana que antecedeu a estreia do primeiro Rock in Rio, naquele tórrido verão de 1985, eu estava com amigos procurando um bar na Zona Sul do Rio.
Sim, faltava bar por causa da avalanche de turistas de todo o Brasil e América do Sul que vieram para cá assistir ao maior festival da história.
Conseguimos uma mesa e, bem perto, reconheci a cabeleira de Brian May, guitarrista do Queen, gente boa pra caramba que eu tinha entrevistado em 1981, quando a banda veio ao Brasil, mas foi impedida de tocar no Maracanã por pirraça do governador.
Brian May, Freedie Mercury e companhia foram banidos para São Paulo e arrebentaram no Morumbi.
Na entrevista o Brian me disse que “Vir ao Brasil e não tocar no Rio é como...não vir ao Brasil”.
Na mesa dele estava um produtor brasileiro, meu chapa. Eu não queria dar uma de mala, encher o saco do Brian.
Esperei o tal produtor ir ao banheiro e no caminho abordei: “queria cumprimentar o May, eu o entrevistei em 81...”. O cara disse que ia falar com ele, e cinco minutos depois acabei sendo convidado pelo mago do Queen a ficar ao lado dele.
O Rio se tornou outra cidade naquele janeiro de 85, mas mesmo assim os urubus não paravam de atazanar.
Toda hora um boato, uma praga rogada, urucubaca, havia uma torcida enorme para o festival dar errado, mas os espíritos do bem deram um jeito, chutaram o baixo astral e o festival fluiu.
Até o banho de lama na Cidade do Rock foi abençoado.
Estava tudo certo para o segundo RiR, no ano seguinte, mas rolou baixaria, politicagem, disseram que Roberto Medina queria se aproveitar politicamente do festival para se projetar, blá, blá, blá.
Graças ao enorme sucesso do evento original, Medina promoveu, entre 18 e 26 de janeiro de 1991, o Rock in Rio II, segunda edição do evento, porém, realizada no Maracanã, cujo gramado foi adaptado para receber o palco e os espectadores (700 mil pessoas, em nove dias de evento), que também puderam assistir ao evento das arquibancadas do estádio (por preços um pouco maiores do que aqueles do gramado).
Foi demais! Eu e Maia Juçá (Circo Voador) fomos convidados para editar um tabloide diário para o Jornal do Brasil sobre o festival.
Foram shows demolidores que jamais esquecerei, a começar por Prince.
Outros destaques: Joe Cocker, Carlos Santana, INXS, os brasileiros Vid & Sangue Azul, Serguei, enfim, foi uma lavada histórica.
Havia exceções, entre elas o pé no saco do Guns and Roses, mas não vamos estragar o cozido porque a linguiça passou do ponto.
Até porque o G&R virou funcionário do festival e encheu o meu saco em várias edições.
O Rock in Rio III, aconteceu em 2001, dias 12, 13 e 14, e 18, 19, 20 e 21 de janeiro.
Os organizadores decidiram construir uma nova "Cidade do Rock", no mesmo local onde ocorreu a primeira edição, com de 250 mil espectadores por dia e "tendas" alternativas onde realizaram-se concertos paralelos aos do palco principal.
Os meus destaques: o acachapante e visceral show de Neil Young que tive o privilégio de assistir encostado na grade, na cara do palco.
Outro grande destaque foi o arrebatador R.E.M. e ainda Gilberto Gil e Orquestra Sinfônica Brasileira, Beck, Barão Vermelho, Fernanda Abreu e Cássia Eller, Ira!, os pentelhos do Oasis e eles, funcionários do RiR, o pé no saco do Guns and Roses.
Na quarta edição, a rajada fulminante: Metallica, Slipknot, Motörhead.
Foi quando assisti cara a cara o Lemmy, líder do Motorhead, mega baixista, que infelizmente já subiu.
Tivemos que aturar Claudia Leitte, Ivete Sangalo, Katy Perry, Kesha e Rihanna, Capital Inicial, mas em compensação o espetáculo de som e luzes do Coldplay, mais Evanescence, e, de novo (de novo! De novo! De novo!) Guns N' Roses!, Red Hot Chili Peppers, Stone Sour e System of a Down. Claro que deu para lavar a alma.
O Rock in Rio 5 rolou nos dias 13, 14, 15, 19, 20, 21 e 22 de setembro no Parque Olímpico com com Bruce Springsteen e E Street Band, Metallica, Iron Maiden, Beyoncé, Justin Timberlake, Florence and the Machine, Sepultura, Nickelback, Bon Jovi, Avenged Sevenfold, John Mayer e Muse.
E ainda Lenine, Gogol Bordello convida Lenine, Ivo Meirelles, Fernanda Abreu & Elba Ramalho, Moraes Moreira, Pepeu Gomes & Roberta Sá, rquestra Imperial & Jovanotti, mas não teve Guns and Roses!!!!!!!
Da sexta edição, destaco: Queen + Adam Lambert, Metallica, Elton John, System of a Down, Mötley Crüe, e A-há.
Mas já na seguinte, eles votaram. Guns and Roses e o resto da programação foi anêmica, zero a esquerda.
Na edição número 7, caramba, rolou The Who (embaçado pela molambada do Guns and Roses que tocou logo depois) e ainda Tears For Fears, Alice Cooper, Incubus, Scalene, Blizt. Demais!
No 8, nem acreditei. King Crimson, lenda britânica no Palco Sunset. Whitesnake também tocou. No 9, já em 2022, Iron Maiden, Ludmilla, Sepultura, Joss Stone.
Sexta-feira (13), a equipe de A TRIBUNA vai cobrir ao vivo o festival. Acompanhe no site, no Instagram, Facebook e YouTube. Vale à pena.
Agora, roupas leves, chapéu, água e, se der, fique a pelo menos 50 metros dos banheiros.
O ambiente é ótimo, super light, seguro, maior astral, dá pra deitar e até rolar na grama, enfim, leitora e leitor, vai na fé.