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A Auto Lotação Ingá, uma das principais empresas que atendem a Zona Norte de Niterói, fez nova ameaça de paralisação das suas atividades. Rodoviários do grupo Ingá afirmam estarem aguardando até o quinto dia útil de setembro (terça-feira, dia 6) para que sejam depositados seus salários.
Caso contrário deflagrarão uma paralisação de advertência na manhã de 9 de setembro, entre 5h e 7h, horário considerado de pico.
O prazo para que a empresa quite seus débitos trabalhistas foi definido em assembleia, na sede do Sindicato dos Rodoviários de Niterói a Arraial do Cabo (Sintronac), há um mês. Além da empresa-matriz, o Grupo Ingá também controla a Peixoto, também de Niterói, e a empresa Rosana, de São Gonçalo.
Segundo o Sintronac, até hoje (1º), Ingá conseguiu pôr em dia os salários e benefícios dos funcionários. No entanto, houve constantes atrasos nos pagamentos em meses anteriores, criando instabilidade nas relações trabalhistas.
O Sintronac enviou oficialmente a decisão da assembleia para o grupo de empresas, ao sindicato patronal (Setrerj), à Justiça do Trabalho, ao Ministério Público do Trabalho (MPT), às autoridades de Segurança Pública e à Prefeitura de Niterói, além de emitir um comunicado à população, de acordo com a Lei de Greve (Lei nº 7.783/89).
Não são apenas os salários atingidos, mas também as cestas básicas. Por isso, os trabalhadores decidiram adotar essa medida, deixando claro que seus direitos têm que ser respeitados. Não dá para viver de promessas, afirma o presidente do Sintronac, Rubens dos Santos Oliveira.
Histórico de crises
De acordo com o sindicato, o Grupo Ingá foi o conglomerado de empresas de ônibus de Niterói mais atingido pela crise no setor de transportes. Em fevereiro deste ano, os funcionários e os executivos do grupo firmaram acordo, através de negociações com o Sintronac e intermediação do Ministério Público do Trabalho (MPT), para quitação de dívidas trabalhistas. Contudo, a elevação do custo operacional das companhias, principalmente do óleo diesel, comprometeu o cumprimento do calendário de pagamento dos débitos.
Além disso, o Sintronac afirma que a Prefeitura de Niterói não repassa há nove meses os valores das gratuidades para as companhias de ônibus que operam na cidade, entre elas a Ingá e a Peixoto, que compõem o grupo. Segundo seus executivos, a dívida acumulada com essas duas empresas é de R$ 1,28 milhão.
Já a Transporte Turismo Rosana, que opera a linha 43 (Fórum x Jardim República - via Arsenal) e integra o Ingá, não recebe há nove anos as gratuidades de passagens por parte da Prefeitura de São Gonçalo.
A Secretaria Municipal de Urbanismo e Mobilidade de Niterói informou que os valores serão pagos nesta sexta-feira (2).
A reportagem também procurou o Setrerj e Prefeitura de São Gonçalo, mas, até o fechamento deste texto, apenas o Setrerj se pronunciou.
A nota do Setrerj diz que "o sindicato que representa os consórcios Transoceânico e Transnit, esclarece que as dificuldades financeiras vivenciadas pela Auto Lotação Ingá são um retrato da crise que atinge o setor do transporte coletivo em Niterói, com as empresas passando por severa crise financeira, agravada pela pandemia do Covid-19.
Assim, o sindicato reafirma a necessidade de se avançar rapidamente na contratação e na conclusão do estudo de reequilíbrio econômico-financeiro do transporte municipal, anunciado pelo próprio governo no dia 29 de julho. A análise servirá de base para estabelecer a tarifa técnica do sistema, de forma que compatibilize as receitas e os custos do setor, levando em consideração a desvalorização do valor da passagem pela inflação acumulada nos últimos três anos.
Em Niterói, o governo municipal já subsidia quem utiliza a integração dos ônibus municipais com o sistema de barcas, podendo agora estender esse benefício para todos os usuários do transporte por ônibus", diz o comunicado.
Ameaça anterior de paralisação
Em 7 de agosto deste ano, o presidente do Sintronac já havia levantado a possibilidade de paralisação de funcionários do grupo por conta de atrasos salariais.
Os trabalhadores não podem ser mais prejudicados do que já foram. Há um risco concreto de parada total no grupo Ingá. Essa assembleia definirá a postura dos funcionários do grupo Ingá diante desse rompimento do acordo. Voltaremos a pedir a intermediação do MPT diante desse quadro grave de violação das leis trabalhistas, afirmou Rubens dos Santos Oliveira.