Imagem Principal
Imagem
Feminicídio aumentou 200% em Niterói
Feminicídio aumentou 200% em Niterói
Foto do autor A Tribuna A Tribuna
Por: A Tribuna Data da Publicação: 30 de julho de 2022FacebookTwitterInstagram
Imagem

“Até quando vão nos matar?”, é o que milhares de mulheres se perguntam ao receberem a notícia de que mais uma mulher foi vítima de feminicídio. Quando uma mulher é violentada, todas as outras são. Quando uma mulher é vítima desse crime, todas as outras são. Até quando?

Somente no primeiro semestre deste ano, de janeiro até junho, os casos de feminicídios aumentaram em 20%, no estado do Rio. Além do crime de morte, a violência contra a mulher também sofreu um aumento nesse último tempo, segundo o Instituto de Segurança Pública (ISP).

Nos primeiros seis meses de 2021, foram registrados 48 crimes e durante esse mesmo período neste ano, foram 57 casos de feminicídio, ainda de acordo com o ISP.

Em Niterói, os casos de feminicídio também sofreram um aumento. Cinquenta e duas mulheres foram mortas, no primeiro semestre deste ano. Somando os registros de feminicídio em seis delegacias da cidade, a alta foi de 200% e 25% foram registrados na tentativa do crime no mesmo período, de janeiro e junho.

Segundo uma pesquisa feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), a faixa etária das vítimas de violência e feminicídio, 15,2% são mulheres de 25 a 30 anos; 15,1% são de 30 a 35 anos; 35 a 40 anos são 14,8% e 20 a 25 anos são 13%. Além disso, as mulheres pardas e pretas são as mais violentadas, sendo 44,8% e 26,5% das vítimas são as mulheres brancas.

A pesquisa ainda aponta que as armas brancas (facas, machados, martelos) são os instrumentos mais usados na hora de cometer o crime, sendo 35,1%, logo em seguida vem a arma de fogo com 17,3% e a agressão física fica em 5,1%.

Especialista fala sobre a violência contra a mulher

A psicóloga, Roberta da Vitória, que atua há sete anos no abrigo de mulher Rainha Silvia, em Itaboraí, explicou que muitas mulheres que vivem um relacionamento abusivo não conseguem enxergar o que estão vivendo, mas logo no começo já é possível ver os sinais.

“Muitas vezes no início do relacionamento, a mulher vive em si situações de abuso, de violências também descritas na Lei Maria da Penha. Dentro dessas violências, a psicológica ela acha que não é algo muito grave. No entanto, essa violência que a gente percebe, as vítimas acham muito sutil quando comparada a agressão física”.

A psicóloga acentua que “normalmente é difícil uma mulher sair dessa relação, por causa da dependência emocional. Nós vivemos em uma sociedade muito machista, em que a mulher é obrigada a suportar tudo, ser compreensível, acha que esse parceiro vai mudar, que esses comportamentos do homem fazem parte da relação. Mas também pode ser quando pela dependência financeira, principalmente se tiver filhos, há ainda os casos de ameaças e medo desse parceiro”.

A especialista conta que, de acordo com as estatísticas, o motivo mais recorrente nos casos de feminicídio é quando a vítima decide terminar o relacionamento.

“O motivo mais recorrente, se a gente for pensar em relação a estatística, até mesmo daquilo que sai na mídia, normalmente é quando a mulher decide colocar o fim nesse relacionamento. Quando ela inicia o processo de autonomia para sair desse relacionamento abusivo, infelizmente a mulher se torna alvo do feminicídio”.

Como pedir ajuda em casos de violência doméstica

Em casos de violência doméstica, é importante que a vítima procure ajuda dos órgãos especializados no atendimento à mulher. Ela será orientada, amparada, escutada e direcionada sobre o que fazer e como agir.

Para fazer uma denuncia sobre a situação que está vivendo, a mulher pode entrar em contato com a Central de atendimento à mulher, através do número 180. O serviço funciona 24h, em todos os dias da semana.

Através do telefone 180, também é possível obter informações sobre os direitos da mulher, como os locais de atendimento mais próximos e apropriados para cada caso: Casa da Mulher Brasileira, Centros de Referências, Delegacias de Atendimento à Mulher (Deam), Defensorias Públicas, Núcleos Integrados de Atendimento às Mulheres, entre outros.

Relacionadas