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Especialistas comentam sobre mortes das girafas no Rio de Janeiro
Especialistas comentam sobre mortes das girafas no Rio de Janeiro
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Por: A Tribuna Data da Publicação: 30 de janeiro de 2022FacebookTwitterInstagram
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A Polícia Federal (PF) continua investigando o caso das girafas que morreram no Portobello Resort & Safári, na cidade de Mangaratiba, Costa Verde do Rio de Janeiro, administrado pelo Bioparque. As causas das mortes e quais destinos das 15 girafas apreendidas pela PF ainda são incógnitas à serem desvendadas. E enquanto a sociedade civil se manifesta e se preocupa com essas questões, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) ainda não comentou o caso e permanece no silêncio. Especialistas comentam sobre o ocorrido e apontam possíveis erros que podem ter contribuído para a morte dos animais.

Em 11 de novembro passado, 18 girafas chegaram ao Rio de Janeiro vindas da África do Sul, em uma importação autorizada pelo Ibama. Os animais foram levados para Mangaratiba e posteriormente para o resort em questão. No dia 14 de dezembro seis girafas derrubaram a cerca de proteção e fugiram. Após serem recapturadas, três delas morreram. Em nota, o BioParque do Rio, responsável pelo resort safari, informou que durante as operações de manejo, um grupo de girafas escapou de uma área de contenção e, após o retorno às baias, os animais não resistiram.

O veterinário Gabriel Munay, especialista em animais silvestres e exóticos, disse que o caso deve ser muito bem investigado e que o número de girafas trazido de uma só vez foi muito grande. “Eles não tiveram uma reabilitação no Rio, não tinham um espaço e estrutura adequada. Os outros animais estão apresentando problemas de saúde. A girafa é um animal africano e precisa de uma atenção especial e um espaço adequado pois eles utilizam uma área muito grande. Elas estavam confinadas em um galpão sem nenhum tipo de enriquecimento ambiental. Essas perdas são muito graves e se tivesses trazido aos poucos o tempo de atenção para cada animal seria maior”, contou.

O biólogo Alexandre Moraes também pontuou algumas questões sobre as girafas que deveriam ter sido levadas em consideração. “Qualquer animal exótico que coloquemos em confinamento tem que ter uma supervisão e uma tranquilidade no entorno desse ambiente. Na África é comum que girafas, que são animais dóceis, sejam atrações em estabelecimentos. Mas isso é no país de origem. Quando trazem para outro país tem que ter uma supervisão muito maior em termos de cuidados veterinários. Também é necessária uma alimentação balanceada. As girafas habitam safanas africanas altamente agressivas para sobrevivência de qualquer espécie e isso faz o animal ser forte por excelência. Mas quando sai desse local de origem tem que se manter uma estabilidade. É preciso investigar profundamente esse caso”, opinou.

Girafa é categoria vulnerável pela lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) - Foto: Divulgação

De acordo com o Bioparque as girafas estão classificadas na categoria vulnerável pela lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) e ter animais em outro continente é uma estratégia de preservação importante, a exemplo de outras espécies emblemáticas que foram salvas por projetos semelhantes: mico-leão-dourado e ararinha-azul.

BIOPARQUE NEGA IRREGULARIDADES

Segundo nota o Bioparque negou que a importação tenha sido feita de maneira irregular. O zoológico ainda citou que participa de diversos estudos cujos objetivos são a preservação de espécies vulneráveis. Não há ilegalidade no processo de importação que foi aprovado pelos governos brasileiro e sul-africano. Ainda de acordo com nota toda a logística foi acompanhada por uma equipe técnica especializada em manejo de fauna.

ESPAÇO

O Bioparque informou, também em nota, que o recinto destinado para as girafas no Portobello safari é de 43.695m². O processo de adaptação dos animais é realizado em três estágios técnicos: o primeiro, é a adaptação e quarentena no cambiamento (baias); o segundo, acesso ao primeiro estágio da área externa; e, por fim, conforme a adaptação, acesso a área final de 43.695m². Esse recinto foi aprovado previamente pelas autoridades competentes, ainda de acordo com as informações divulgadas.

POLÍCIA FEDERAL

A PF prendeu dois homens sobre esse caso. Segundo a PF, a ação, desenvolvida no âmbito de inquérito policial instaurado pela Delegacia de Repressão a Crimes contra o Meio Ambiente e Patrimônio Histórico (DELEMAPH), foi acompanhada por analistas ambientais do Ibama. No local, os policiais federais e os analistas ambientais constataram situação de maus-tratos dos animais e, diante disso, dois homens, responsáveis pela manutenção dos animais, foram presos, os animais apreendidos e depositados sob cuidados da entidade. O Ibama ficará responsável pela supervisão e adotará todas as providências necessárias para salvaguardar a integridade das girafas. Os presos foram conduzidos à Superintendência da Polícia Federal no Rio, onde foi lavrado termo circunstanciado de ocorrência por maus tratos, crime previsto no Art. 32 da lei de crimes ambientais.

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