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Os governos de Cuba e China ofereceram apoio ao então governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, em agosto de 1961, que liderava um movimento para garantir a posse do vice-presidente João Goulart como presidente, logo após a renúncia de Jânio Quadros. A informação consta nos documentos do governo americano que até agora estavam secretos e foram liberados pelo presidente Donald Trump.
Há documentos da Agência Central de Inteligência (CIA, na sigla em inglês), que mencionam o Brasil no contexto da Guerra Fria entre os EUA e a União Soviética e influência da China e Cuba na América Latina.
Um dos arquivos conta ainda que um telegrama da CIA citava os esforços de Brizola para garantir a posse de Jango, que era considerado muito próximo de esquerda pelo governo americano. Quando Jânio renunciou, João Goulart, inclusive, estava de viagem na China.
De acordo com o telegrama da CIA, o presidente de Cuba, Fidel Castro e da China, Mao Tse-Tung, ofereceram apoio material, incluindo “voluntários”, a Brizola.
“Durante a semana de 27 de agosto, o presidente Mao-Tse Tung e o premier Fidel Castro, de Cuba, ofereceram apoio material, inclusive voluntários para Leonel Brizola, governador do Rio Grande do Sul, que era o principal defensor no Brasil para assegurar a sucessão à Presidência do vice-presidente João Goulart após a renúncia de Jânio Quadros. Brizola não aceitou a oferta, embora tenha apreciado o apoio, porque ele não deseja criar uma crise internacional. Brizola obviamente teme que se a ajuda for aceita os Estados Unidos irão intervir. A oferta de Castro vazou para a imprensa, A de Mao, não”, disse o telegrama, escrito em 3 de setembro de 1961.
Com a anistia em 1979, Leonel Brizola voltou do exílio e em 1982 foi eleito governador do Rio de Janeiro. Em 1990 foi eleito de novo. Faleceu em 2004 aos 82 anos.
Os documentos liberados pelo governo americano contam ainda que a CIA tinha em mãos propaganda e ações políticas em andamento em países do Caribe e na América Latina para conter a influência de Cuba nessas regiões. Segundo os arquivos, os EUA apoiaram “demonstrações em massa” no Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Uruguai e outros países latino-americanos.
De acordo ainda com os arquivos, Cuba continuou promovendo, financiando e dando suporte a grupos dentro de países latino-americanos, incluindo Brasil, Argentina e Chile. Outa informação é de que o governo americano tinha um subcomitê para discutir estratégias contra a presença comunista na América Latina. Entre as ações, o uso de campanhas para influenciar a opinião pública em países da região, incluindo o Brasil.
Os documentos liberados são sobre as investigações do assassinato do presidente John F. Kennedy em 1963. Até hoje, o mistério do crime permanece.