Com uma carreira marcada por um trabalho impecável à frente de UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora), a major Priscilla de Oliveira Azevedo assumiu, na última quinta-feira, o comando da CIPM (Companhia Independente da Polícia Militar), responsável pela segurança do Palácio Guanabara. Ela é a primeira mulher a chegar ao cargo na Guarda Palaciana. É sempre uma felicidade grande abrir portas para outras gerações, é uma forma de estímulo. Muitas outras mulheres passaram antes por cargos importantes, mas entendo que é difícil chegar ao comando, ainda mais em outros tempos, afirmou a major. A solenidade da troca de comando entre o tenente-coronel Augusto Valentim e a major Priscilla aconteceu no Palácio Guanabara, com a presença do secretário de Segurança, Roberto Sá.
Acompanho de perto a carreira da major. É uma história de desafios, disse Roberto Sá. A major tem 39 anos e entrou para a PM em 1998. Em 2007, ela demonstrou extrema coragem e compromisso ao prender uma quadrilha de bandidos que a havia sequestrado. Pioneira no comando de uma UPP (2008 a 2010, na comunidade Santa Marta), ela recebeu inúmeras homenagens, como o Prêmio Internacional Mulheres de Coragem 2012, oferecido pelo governo americano. Priscilla Azevedo também atuou como coordenadora-geral de Programas Estratégicos para as UPPs. Na Companhia da Polícia Militar, a major estará à frente de cerca de 220 comandados.
PM foi sequestrada e torturada no Morro do Castro em Niterói
Em 2007, a oficial da Polícia Militar passou pelo que teria sido sua pior provação. Ao sair de uma igreja com familiares, ela foi rendida por quatro bandidos, na Rua Martins Torres, em Santa Rosa, Zona Sul de Niterói, seqüestrada, e torturada pelos criminosos, sendo levada para o Morro do Castro, na divisa com São Gonçalo. Em depoimento prestado na época, Priscilla afirmou que foi agredida com socos e chutes, e colocada no porta-malas do seu carro, onde teve as mãos e os pés amarrados. A vítima, que ficou cerca de uma hora e meia refém dos marginais, explicou que conseguiu fugir (depois de três tentativas) quando os criminosos se distraíram e se afastaram do carro. A policial foi encontrada por policiais militares que faziam uma operação na região para resgatá-la.
Em 2012 - homenageada pelo Departamento de Estado americano
Em março de 2012, o Departamento de Estado americano premiou a major Pricilla de Oliveira Azevedo, que na ocasião já era a primeira mulher a comandar uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) no Rio. Por conta do Dia Internacional da Mulher, a secretária de Estado, na ocasião, Hillary Clinton, presidiu em Washington a entrega anual dos prêmios com os quais os Estados Unidos distinguem mulheres com coragem pelo mundo. O departamento louvou o papel de Pricilla no processo de pacificação das favelas do Rio, onde enfrentou traficantes perigosos e sua coragem ao conseguir escapar do sequestro que foi vítima. Priscilla não conseguiu conter as lágrimas, ao receber um troféu das mãos da então primeira-dama dos EUA, Michelle Obama.