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Luiz Antonio Mello
Hunter Davies, 89 anos, é um inglês animado, risonho, tem fama de fofoqueiro mas deve ser por pura inveja. Afinal, ele é o autor da única biografia oficial da maior banda de rock de todos os tempos, The Beatles, lançada em 1968.
Davies era arroz de festa nas casas de John, Paul, George e Ringo, foi testemunha de cenas íntimas, diálogos, confissões. A biografia é ótima, mas filtrou 90% do que ele soube, viu, ouviu e comeu, já que sempre almoçava e jantava na casa dos músicos.
Um grande livro dele, lançado no Brasil, se chama As letras dos Beatles: A história por trás das canções, que está nas melhores livrarias. O livro não é bom. É espetacular!
Ao longo de anos chafurdando em arquivos, lixo, banheiros, bibliotecas, fã clubes, ele pegou mais de 100 letras, a maioria escrita a mão. Os Beatles, ele diz, faziam música a qualquer hora, em qualquer lugar, vulcões em constantes erupções cuspindo a mais fina e genial lava da cultura pop.
Eles tinham uma secretária, Freda Kelly, 78 anos, que trabalhou com eles de 1962 e 1972, ou seja, sabia de tudo. Jamais concedeu entrevistas, nunca falou com jornalistas, ela extremamente discreta e tinha a confiança cega de todos. Especialmente do empresário Brian Epstein (1934-1967) cuja compulsiva e sadomasoquista pan sexualidade era gerenciada com discrição e sigilo por Frida que administrava a agenda de encontros.
Frida só abriu o bico a pedido da amiga Ryan White que dirigiu o documentário Nossa querida Freda A secretária dos Beatles (Good Ol Freda no título original).
Como os Beatles só escreviam as letras a mão, e como na maioria dos casos não dava para entender os rabiscos, eles entregavam a Frida que as datilografava e depois...jogava os manuscritos no lixo. Muito beatlemaníaco se rasga todo quando sabe disso.
Hunter Davies é autor de dezenas de livros, incluindo biografias, romances e contos infantis. No jornal Sunday Times foi redator chefe e mais tarde editor. Atualmente, escreve para The New Statesman, The Sunday Times e Daily Mail. Por três anos apresentou o programa Bookshelf na BBC Radio 4.
Para escrever o livro As letras dos Beatles..., Davies gastou muita sola de sapato e torrou milhares de neurônios tentando decifrar o material. Afinal, as músicas podiam começar no verso de um envelope, num guardanapo ou num papel de carta de hotel.
Os escritos, entre eles vários rascunhos e versões revisadas, propiciam uma visão única e íntima do marcante processo criativo dos maiores compositores de música popular de todos os tempos: o que eles pensavam, como mudavam de ideia e de que maneira realizavam suas composições, hoje conhecidas em todo o mundo.
Cada música é apresentada aqui em seu contexto: o que os Beatles estavam fazendo naquele momento, como compuseram e gravaram a faixa, como a primeira versão difere da final. Quase todas as canções dos Beatles têm uma grande história por trás, de Yesterday e Eleanor Rigby a Yellow Submarine. Embarque nesta viagem aos bastidores destas obras primas do pop.
Atualmente, esses documentos pertencem a colecionadores e a amigos dos integrantes da banda, muitos deles sob a custódia de museus e universidades mundo afora.
O livro é uma preciosidade.