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O medo de contaminação pela Covid-19 assusta muitos niteroienses que respeitam as normas de isolamento social e enfrentam a pandemia de maneira consciente. Apesar das técnicas usadas pela Prefeitura de Niterói para evitar a disseminação do vírus na cidade, muitos ainda não sabem ao certo como proceder. Os números de infectados, curados e de óbitos no município ainda deve passar por uma grande atualização, quando os dados reais das comunidades forem apresentados ao poder público. Nessa semana a Federação das Associações de Moradores do Município de Niterói (Famnit) vai mandar um ofício para a administração municipal para pedir um acompanhamento direto nas 110 comunidades da cidade com as atualizações semanais da doença.
O presidente da Famnit, Manoel Amâncio, explica que apesar do Preventório, em Charitas, ser a maior comunidade da cidade, a Ponta da Areia é a que tem o maior número de óbitos, totalizando seis.
Temos um grupo para acompanhar a evolução da doença nesses espaços que geralmente são aglomerados. Não está acontecendo uma catástrofe nas comunidades de Niterói pois estamos reforçando todas as diretrizes que as pessoas têm que tomar. Distribuímos máscaras de proteção e fazemos um trabalho de prevenção através da sanitização e até mesmo utilizando as sirenes orientando os moradores, frisou.
O presidente da Associação dos Moradores do Morro da Penha e Portugal Pequeno (Ammopeppe), Adriano Felício, diz que além dos seis óbitos pela Covid-19, as localidades contam com 32 infectados, 33 pessoas curadas e três internadas (sendo dois no Hospital Municipal Carlos Tortelly e um no Hospital Oceânico).
A
situação
do
coronavírus é
desesperadora. Por mais que a Prefeitura
faça tudo que está
ao
alcance algumas
pessoas não dão a devida importância ao isolamento que deve ser
respeitado. Nós fazemos a nossa parte, fechamos espaços públicos,
como a quadra de esportes, por exemplo, mas arrombaram o cadeado.
Isso é uma coisa que nos dificulta, ponderou.
A
dona de casa Alcilandia
Azevedo, de
31
anos, é uma das moradoras da Ponta da Areia que conseguiu vencer o
coronavírus.
Fiz o exame e deu o falso negativo mas eu tive a doença. Foi muito ruim. Já peguei dengue e não foi tão ruim como o coronavírus. Meu marido trabalha no Centro de Niterói e estava sem trabalhar e ele começou a vender quentinha entre o Hospital Antônio Pedro e o Icaraí. Ele foi o primeiro a apresentar sintomas mas foi muito brando. Senti calafrio, dor no fundo do olho e febre alta. Eu procurei o posto de saúde e fiz o tratamento de casa. Tive falta de ar e a noite tive que fazer nebulização além da falta de apetite, além de perder o paladar. Ainda bem que eu consegui curar, desabafou.
No Morro do Estado, no Centro, quatro pessoas estão hospitalizadas, seis estão em tratamento domiciliar e 11 conseguiram vencer a doença.
A comunidade precisa de atenção do poder público. Estamos fazendo a nossa parte. Infelizmente nossa comunidade está com índice de desemprego muito grande e mitos trabalham informal além de serem trabalhadores de lojas do Centro de Niterói. Então a situação está muito ruim, frisou Ricardo Santos, presidente da Associação dos Moradores do Morro do Estado.
Na
Zona Norte, na comunidade Coronel Leôncio, não foi registrado
nenhum óbito ainda e também não tem nenhuma pessoa hospitalizada
mas cinco estão em isolamento domiciliar e 10 já venceram a doença.
E no Preventório os números ainda não são exatos e justamente o
ofício que será enviado ao poder público poderá ajudar a
esclarecer como estão os índices de contaminação na maior favela
de Niterói.
Estamos com alguns casos de coronavírus mas não temos os dados concretos. A doença demorou a chegar na comunidade e quando chegou se espalhou mais rápido. Mas estamos caminhando para enfrentar essa doença. Usamos máscara na comunidade e o Médico de Família faz a testagem rápida em alguns casos com agendamento, finalizou o presidente da Associação de Moradores Hugo Falque, que contou que somente no morro moram de 17 a 20 mil pessoas.
A Fundação Municipal de Saúde de Niterói (FMS) informou que possui dados da Covid-19 por bairro e localidade, e articula junto à Atenção Básica, a vigilância e ações no território. Há um acompanhamento diário da evolução da doença no Município. Essa demanda da Famnit já foi colocada na última reunião do Conselho Municipal de Saúde e a FMS já está se articulando para atendê-la.