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Lagoa de Piratininga pede socorro
Lagoa de Piratininga pede socorro
Foto do autor A Tribuna A Tribuna
Por: A Tribuna Data da Publicação: 12 de junho de 2017FacebookTwitterInstagram
Anderson Carvalho Um dos mais belos cartões-postais de Niterói e fonte de renda dezenas de famílias de pescadores, a Lagoa de Piratininga, na Região Oceânica, sofre com a poluição, o assoreamento crescente, o aterramento provocado pelas ocupações irregulares e o aumento da salinização da água. Tudo isso tem causado periódicas mortandades de peixes e tirado o sono dos trabalhadores da região. Pescadores e ambientalistas pedem providências às autoridades. Para o presidente do movimento SOS Lagoa de Piratininga, Alexandre Borges, de 45 anos, há 12 morando na área, o Governo do Estado, quando fez túnel subterrâneo por dentro dos rochedos ligando a lagoa ao mar, visando renovar a água desta, acabou piorando ainda mais o problema. “A obra tem um erro de projeto. Ficou mais alto um pouquinho que o nível da lagoa. Além do problema dele estar assoreado, com pedra dentro e areia, ele é em curva. O que impede a circulação da água e dos peixes. O governo quer que entre a água do mar para limpar a lagoa. O esgoto continua sendo lançado. A gente é totalmente contra isso. Altera o ecossistema da região. A água da lagoa é salobra. Se abrir mais para o mar, vai salinizá-la. Os peixes crustáceos vão sumir, as aves também. Os jacarés estão sumindo. A gente quer que impeça a chegada de esgoto na região. Defendemos que se limpe os rios que desembocam na lagoa e fazer rede de água pluvial”, defendeu o ambientalista. De acordo com Borges, a pesca vem decaindo ultimamente. “Enfrenta problemas seríssimos devido ao assoreamento da lagoa. Tem muito lodo espesso. Frequentes mortandades de peixes. Muito pouco camarão. Não tem mais mariscos, que são de água salobra. Não tem mais tainha. Antes, entrava camarão, robalo e parati. Com a abertura do Canal do Camboatá, as terras mais altas, fundo de lagoa, deixaram de ser alagadas e os terrenos foram loteados”, lamentou o presidente do SOS Lagoa de Piratininga. O pescador Josimar Nascimento da Silva, de 50 anos, nascido e criado na área, precisa pescar em outros locais para garantir o sustento. “Não dá mais para viver só da lagoa. Pesco no mar também. Só no ano passado houve três mortandades de peixes. Os meus onze tios e sobrinhos moram na lagoa e são pescadores como eu. A salinização não deu certo e vários peixes sumiram, como a tilápia, por exemplo. Alguns moradores também não colaboram, jogando lixo na lagoa”, reclamou o pescador. O funcionário público municipal Cléber dos Santos, de 40, morador do Fonseca, uma vez por semana pesca na lagoa, na altura da ponte do Tibau, por lazer. “Há 15 anos venho aqui. Nunca esteve tão ruim. Trabalho no Rio e venho à lagoa para relaxar. O assoreamento atrapalha muito. Há ainda os que praticam pesca predatória, na saída do túnel, impedindo a chegada dos peixes”, denunciou. As ocupações irregulares, segundo Borges, vêm aterrando vários trechos da lagoa. “Tem pontos da lagoa com vinte centímetros de espelho d"água. Devido a esse processo de degradação. Os aterros são muito frequentes. Você vê pessoal passando carrinho de mão e despejo de entulho de obra de outros bairros e cidades. Muitos grileiros. Vê ainda alguns condomínios e casas pobres. Constroem porto para botar o barco. Os aterros são mais concentrados na altura da Rua 12, perto do antigo Iate Clube Piratininga. Hoje é tudo legalizado. As pessoas pagam IPTU. Tem muito morador mal educado que despeja móveis e pneus”, denunciou o ambientalista. “Cheguei a tomar banho e pegar siri e camarão aqui quando criança”, recordou. Não bastasse tudo isso, usuários de crack usam uma casinha abandonada na altura do Canal do Camboatá. “Fizeram aquilo lá de moradia. Você passa ali e é uma lixarada danada. São entre dez e vinte pessoas”, relatou Borges. O comandante do 12º BPM, coronel Márcio Rocha, procurado, negou saber a presença de dependentes químicos no local, mas, prometeu enviar equipe para averiguar a situação. A Prefeitura de Niterói informou que assim que assumiu a gestão das lagoas, em março passado, iniciou os estudos para a revitalização da Lagoa de Piratininga. Quando forem definidas, as ações serão executadas no âmbito do programa Região Oceânica Sustentável (Pro-Sustentável), que tem prazo de execução de dois anos e investimentos de R$ 350 milhões, financiados pelo Banco de Desenvolvimento da América Latina – Cooperação Andina de Fomento (CAF). A revitalização do entorno da lagoa também é uma das ações do programa, será feita também nestes dois anos, com a implantação do Parque Orla de Piratininga, incluindo projeto paisagístico, instalação de equipamentos de esporte e lazer náutico e recreativo, e requalificação dos acessos. Também será criada a ciclovia Translagunar, que vai contemplar o Parque Orla de Piratininga e a região brejosa da Lagoa de Itaipu. Como o programa está na fase de projeto básico, ainda serão feitas licitações. Mas, não há previsão de quando isso ocorrerá. A Companhia de Limpeza Urbana de Niterói (Clin) informou que a coleta domiciliar no bairro encontra-se regularizada e ocorre três vezes por semana. O que vem ocorrendo, no entorno da lagoa, é um despejo ilegal de entulho por parte da população, o que vem transformando o ponto em um vazadouro irregular. A coleta destes entulhos despejados no local é realizada com frequência, com auxílio de maquinários específicos.

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