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Desde 2019, quando parte do Túnel do Tibau, que liga o mar e a Lagoa de Piratininga desmoronou, a passagem ainda não foi consertada. O reflexo dessa inércia é visto a 'olho nu' com a falta de renovação hídrica e consequente diminuição dos peixes, o que impacta diretamente na vida de dezenas de famílias que sobrevivem, ou sobreviviam da pesca na região.
A gestora do Sistema Lagunar da Prefeitura de Niterói, Amanda Jevaux, esteve na lagoa na manhã desta terça-feira (21) e disse que na próxima quinta (23) será feita a uma licitação para um estudo do local, já que o programa PRÓ-Sustentável teria passado por um ajuste recentemente. A Coordenação do Programa Região Oceânica Sustentável (PRO Sustentável) informou que está em andamento o processo de licitação para contratar a empresa que fará o projeto básico da estabilização definitiva do túnel do Tibau. Todas as intervenções do programa seguem em execução normal, com as adaptações que são esperadas em um projeto inovador como este.
No final do ano passado, foram retirados 200 metros cúbicos de rochas do interior do túnel, mas desde então nenhuma mudança foi vista no local, que fica Em Piratininga, Região Oceânica. O pescador Paulo Muniz, 70 anos, pesca há mais de 30 anos na lagoa e não esconde a tristeza ao falar do passado, não tão distante.
"Eu não acredito que vão fazer essa obra. Eu acho que esse túnel está condenado. Sempre pesquei camarão na lagoa e antes desse túnel desmoronar e a água parar de entrar com frequência eu pegava 10 quilos de camarão em um dia. Hoje eu pego um quilo no máximo. A diferença é muito grande e absurda. Eu pegava 10 quilos de tainha e hoje em dia eu não pego nem um quilo. Me dá uma tristeza ver a lagoa assim como está. Eu tenho muita memória e lembrança boa", lamentou.
O pedreiro Aldino Rodrigues, 63 anos, se incomoda com o cheiro ruim da lagoa. "Além do cheiro eu também já vi várias vezes muitos peixes mortos. Essa obra deveria ser prioridade", contou o pedreiro que trabalha na região há mais de cinco anos.
O ambientalista Gerhard Sardo confirmou esse prejuízo. "Fiquei sabendo que teriam contratado uma nova empresa para concluir o trabalho fazendo a contenção submersa que fica dentro do túnel. Na parte da rocha existe uma área de instabilidade por motivação de fissura e nada se concluiu desde então. Isso gera uma situação de insegurança até para quem mora na região. Além disso tem a questão da renovação das águas. Um laudo de cerca de quatro meses atestava que a renovação da água não era atingida com esse bloqueio, mas isso é controverso. Quando tem maré alta a água entra, mas não como deveria ser. É preciso o resgate da passagem do túnel", ponderou.
A OBRA
A obra está a cargo da Secretaria Municipal de Planejamento, Orçamento e Modernização da Gestão (Seplag) e a Prefeitura de Niterói vai custear o projeto que ficou orçado em R$ 1,3 milhão e a previsão era de que durasse seis meses.
No início de 2019 parte do túnel desmoronou e os sedimentos impedem a renovação da água, o que afeta dezenas de pescadores que usam a pesca como sustento. A obra do túnel foi feita pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e entregue em 2007 e cerca de 70 famílias vivem da pesca na localidade e a qualidade da água é fundamental para essa prática.