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Jovem assassinada no shopping: amiga fala sobre relação da vítima com autor
Jovem assassinada no shopping: amiga fala sobre relação da vítima com autor
Vitor Davila
Por: Vitor Davila Data da Publicação: 04 de junho de 2021FacebookTwitterInstagram

Em depoimento à polícia, uma amiga da estudante Vitórya Melissa Mota, assassinada por um ex-colega de turma, na última quarta-feira (2), confirma que existia uma espécie de revolta, por parte do autor do crime, Matheus dos Santos, devido a um amor não correspondido pela vítima. A reportagem de A TRIBUNA tece acesso, com exclusividade, ao conteúdo da declaração feita pela testemunha, que deu detalhes da convivência do acusado com Vitórya e os outros colegas de turma.

Segundo a amiga, que não teve a identidade revelada, ela fazia o curso de técnicas de enfermagem, junto com Vitórya e Matheus, em uma instituição de ensino técnico, que fica no mesmo quarteirão do Plaza Shopping, onde a vítima trabalhava, e também foi o local do assassinato. A testemunha afirma que os dois tinham uma relação de amizade desde quando se conheceram, no mês de março de 2020, quando iniciaram as aulas.

Entretanto, pouco tempo depois, por conta da pandemia, as aulas mudaram para a modalidade online, mas, mesmo à distância, a amiga afirma que Vitórya e Matheus mantiveram a relação de amizade, quem qualquer outro tipo de relacionamento que fosse além desse limite. A amiga também afirmou desconhecer possíveis distúrbios mentais ou psiquiátricos de Matheus ou se ele fazia uso de algum tipo de medicamento controlado.

Entretanto, ainda durante as aulas remotas, Matheus teria se declarado para Vitórya. No entanto, ela o advertiu no sentido de que a relação entre eles era apenas de amizade. A amiga, ainda no depoimento, diz desconhecer se Vitórya teria algum namorado. Há cerca de um mês, o curso retomou as aulas presenciais. A testemunha relata que, nessa volta, o acusado tentou se aproximar ainda mais da vítima.

Rejeição

Após a declaração de Matheus, Vitórya pediu que essa amiga conversasse com o rapaz, por medo de ele ficar triste com a recusa em ter um relacionamento. Em conversas com a testemunha, o acusado demonstrava indignação e revolta por ter sido rejeitado. "Ele dizia que Vitórya poderia ser mais respeitosa com ele e não desse esperanças", diz a amiga. Ainda no depoimento, a testemunha diz que a vítima, após os episódios, preferiu se distanciar do colega de turma, sem ter amizade próxima.

A amiga de Vitórya tentava conversar com Matheus, via aplicativo de mensagens, para tentar confortá-lo após a rejeição. Entretanto, o rapaz seguia com comportamento em tom de revolta, afirmava que Vitórya havia sido imatura. A testemunha afirma que, em sinal de ira após a não correspondência, o acusado chegou a escrever uma palavra de baixo calão, em referência às atitudes da vítima em relação a ele.

O dia do crime

Horas antes do crime, na manhã de quarta-feira (2), todos participaram das atividades do curso. A testemunha alega ter marcado, para após as aulas, um grupo de estudos com outros colegas, entre eles Matheus e Vitórya. Entretanto, esta última, sem dar maiores explicações, decidiu não participar e foi a outro shopping, no Centro de Niterói, para uma confraternização com outros colegas do curso.

Ao saber que Vitórya não participaria dos estudos, Matheus decidiu também não estudar naquele dia. A testemunha afirma que seguiu, junto com o rapaz e mais uma colega, em direção ao Terminal Rodoviário João Goulart, onde o acusado teria rumado em direção à plataforma sentido São Gonçalo, onde mora. A amiga afirma ter ficado surpresa ao saber que Matheus desistiu de pegar o ônibus e retornou ao Plaza, onde Vitórya trabalhava, a fim de encontrá-la.

Perfil do acusado

Segundo a testemunha, Matheus, em sala de aula, era muito introspectivo e tnha relação próxima apenas com Vitórya. Além disso, em comunicação pessoal, ele apresentava sérias dificuldades em dialogar, falando em tom de voz baixo e de difícil compreensão. Todavia, em grupos dos alunos, em um aplicativo de mensagens, o rapaz se expressava bem.

A amiga ressalta que, no dia do crime, Matheus não apresentou sinais de anormalidade comportamental. A testemunha afirma acreditar que o sentimento de rejeição e solidão, por parte do autor, em questões amorosas ou de amizade, foram motivadoras para que ele praticasse o crime. Matheus foi preso em flagrante, momentos após golpear Vitórya a facadas, perto da praça de alimentação do shopping, onde ela trabalhava em uma cafeteria. Ele responderá por feminicídio.

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