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Morreu neste sábado (27), às 8h34, o jornalista Paulo Stein, de 73 anos, por complicações da Covid-19. Ele estava internado no Hospital Estadual Anchieta, no Caju, Zona Portuária do Rio de Janeiro. O jornalista receberia a primeira dose da vacina contra a doença nesta sexta-feira (26), mas por estar internado não foi possível.
A carreira de Paulo Stein começou no extinto Jornal dos Sports em 1968, onde ficou até 1969. Do saudoso "Cor de Rosa" ele foi para o Estado de São Paulo, onde atuou como repórter e pauteiro entre 1969 a 1978.
Ele também trabalhou no rádio. De 1971 a 1976 trabalhou na Tupi e, posteriormente, na Nacional, de 1976 a 1981. Foi ainda colunista do jornal O Fluminense, entre 1978 e 1981.
Na televisão, ficou conhecido do grande público, principalmente pelas transmissões de futebol e do Carnaval carioca.
De 1977 a 1982 atuou na TV Bandeirantes como diretor de esportes, apresentador do programa Bola na Mesa e narrador.
Em 1983, foi para a extinta Rede Manchete para ser o diretor de esportes. Além de narrar as partidas de futebol, notabilizou-se pela narração dos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro (de 1984 a 1998).
Paulo Stein foi o primeiro locutor a transmitir os desfiles diretamente do Sambódromo carioca e também do de Manaus. Paulo Stein era uma voz nacional. Também narrou o carnaval de São Paulo por vários anos e o de Salvador, em 1993.
Em 1996, transferiu-se para a TV Record, retornando à Manchete em 1998, quando narrou a Copa do Mundo da França. Paulo Stein ficou na Manchete até 1999, quando a emissora carioca, falida, foi comprada para dar lugar à Rede TV.
Paulo Stein também escreveu para revistas como Manchete Esportiva, Placar, Manchete e Fatos & Fotos. Foi ainda professor de telejornalismo e radialismo na Faculdade Pinheiro Guimarães, de 1993 a 1996.
Em 2000 e 2001, foi diretor de redação do site MeDeiBem. Em 2001, passou a integrar a equipe da TVE (atual TV Brasil), onde apresentou o EsporTVisão. Entre 2008 e 2010, trabalhou na ESPN Brasil, atuando como apresentador do programa Bate-Bola 2ª Edição, na sede carioca da emissora. De 2011 a 2019, integrou a equipe do SporTV e Premiere, do quais saiu em 2019.
Após 11 anos fora das transmissões do carnaval carioca, comandou a transmissão do desfile de 2009 para a Liga das Escolas de Samba do Grupo de Acesso (Lierj), na CNT.
A Associação de Cronistas Esportivos do Estado do Rio de Janeiro (Acerj) lamentou a morte do jornalista. Segundo a entidade, Paulo Stein era "referência do jornalismo esportivo"
"A Acerj está de luto e deseja força aos familiares do querido colega".
Paulo Stein nunca escondeu sua paixão pelo Fluminense. O Tricolor lamentou a morte do jornalista.
"O Fluminense Football Club lamenta o falecimento do jornalista Paulo Stein, vítima da Covid-19. Desejamos muita força aos amigos e familiares".
O Flamengo se pronunciou em sua conta oficial no Twitter.
"O Clube de Regatas do Flamengo lamenta profundamente o falecimento do grande jornalista Paulo Stein. Nossos sentimentos aos familiares e amigos neste momento tão triste".
Grande companheiro profissional de Paulo Stein durante anos, o jornalista Marcio Guedes demonstrou toda sua tristeza com a morte do amigo de longa data. Com um texto no Facebook com o título "Adeus a um velho amigo", Guedes lembrou da parceria entre eles.
"Muito triste a notícia da morte de Paulo Stein. Foi minha companhia pessoal e profissional por longos anos, começando na Bandeirantes em 77, depois na Manchete a partir de 85 e na TV Brasil em 2001. Cobrimos inúmeros jogos nos estádios e participamos de muitas coberturas internacionais - várias Copas e Olimpíadas".
Marcio Guedes declarou que Paulo Stein tinha um grande caráter, foi um excelente narrador e também competente diretor de esportes na Manchete. Além disso, ressaltou que Paulo Stein destacou-se muito na transmissão dos desfiles de escolas de samba na Sapucaí.
Por fim, mostrou todo seu apoio à família.
"Minhas sinceras condolências à família - à Viviane e à Natasha - e muita força e fé nessa hora difícil dessa terrível pandemia. O tricolor Paulo estará sempre em nossos corações e mentes".
O jornalista Mauro Cezar Pereira lamentou a morte do colega de profissão.
"Tive a honra de trabalhar com ele. As viagens até Teresópolis para cobrir treinos da seleção eram divertidíssimas. Muitas histórias Gente da melhor qualidade, narrou o futebol carioca e o samba. Fez sua história, marcou uma época. Todo respeito ao grande tricolor Paulo Stein!", disse.
A filha Natasha Stein afirmou, emocionada, que tinha um grande mestre da vida em casa.
"Ele foi contra eu ser jornalista num primeiro momento. Eu passei a vida inteira dizendo que não seria, mas quando decidi ser ele não gostou não. Mas eu peitei e fui. Aí ele queria que eu fosse jornalista esportiva, mas não quis para evitar comparação. Eu me encontrei na assessoria de celebridades. Como pai, ele arrancava a cala dele para dar a mim ou para quem precisasse. A generosidade, a inteligência e o caráter dele são coisas que me marcaram e vou levar pro resto da minha vida", disse.
Natasha lembrou que Paulo Stein só lamentava ter conseguido transformá-la numa torcedora do Fluminense.
"Eu sou a grande frustração dele nesse sentido. Ele brincava que minha mãe tinha feito a minha cabeça para eu ser flamenguista. Ele era tão apaixonado pelo Fluminense que até na hora de dar os dados para colocar na ficha do hospital ele fez questão de dizer que era tricolor", afirmou.
Segundo Natasha, Stein estava trancado em casa há um ano, se cuidando e doido para beber uma cerveja com os amigos.
"Só saía para ir ao mercado, usava máscara, álcool em gel. Só Deus sabe como ele pegou essa doença. Ele estava muito fristrado porque estava doido pra tomar cerveja com um monte de gente. Vamos ter que esperar para tomar essa cerveja com ele", disse Natasha Stein.
O jornalista Paulo Stein será cremado amanhã (28), às 16h30, no Crematório e Cemitério da Penitência, no Caju. A cerimônia será restrita à família devido à pandemia.
Por Alan Bittencourt