Anderson Carvalho -
O deputado federal Jean Wyllys (PSOL), reeleito para o terceiro mandato no pleito de outubro, anunciou ontem à tarde que não vai mais assumir para nova legislatura, no dia 1º de fevereiro, e que deixará o país. O que motivou a decisão foram ameaças contra a vida dele, que tem recebido e a necessidade de andar de carro blindado, o que tem feito desde a morte da vereadora carioca Marielle Franco, do mesmo partido, em 14 de março do ano passado. O anúncio foi feito em uma entrevista ao jornal "Folha de São Paulo" e depois, confirmada em sua página no Facebook. O vereador carioca David Michel Miranda, o primeiro suplente da sigla e também homossexual assumido, como o colega, assumirá a cadeira dele na Câmara dos Deputados.
Preservar a vida ameaçada é também uma estratégia da luta por dias melhores. Fizemos muito pelo bem comum. E faremos muito mais quando chegar o novo tempo, não importa que façamos por outros meios! Obrigado a todos e todos vocês, de todo coração. Axé!, disse o psolista em sua página numa rede social. Ele recebeu 24.295 votos em outubro. No momento, ele está no exterior e já avisou que não pretende voltar ao Brasil.
Jean alegou que sofreu muito com fake news contra ele, associando o parlamentar à pedofilia, casamento de adultos com crianças e a mudança de sexo entre elas.
O PSOL Nacional publicou a seguinte nota sobre Jean:
A decisão de Jean Wyllys expressa a deterioração da democracia brasileira. É muito grave que um deputado não se sinta seguro para exercer o mandato por ameaças à sua vida.
As pautas de Jean continuarão sendo as nossas pautas. O PSOL seguirá na luta em defesa da comunidade LGBT, dos direitos humanos, da democracia, da tolerância religiosa e dos povos de terreiro. Toda a nossa solidariedade, Jean. Amanhã há de ser outro dia, e continuaremos na batalha por um outro mundo possível. Acima de tudo, te queremos bem.
A luta continua. Obrigado por tudo, Jean!.