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Raquel Morais
O verde é a esperança. Com esse lema, Hernandes da Silva, de 92 anos, que mora na Casa Museu Rancho Verde, no Morro do Bumba, passa o dia. A residência é um ponto de cor dentro da comunidade; que tanto sofreu em 2010 com as torrenciais chuvas. O espaço é considerado o primeiro museu de periferia da cidade e também atrai projetos sociais que envolvem que e envolvem educação, cultura e lazer.
O espaço foi um achado da curadora Maria Ignês Albuquerque. Ela faz parte do Núcleo Experimental de Educação e Arte do MAM e teve conhecimento da casa em 2010. A partir de 25 de novembro de 2012 o local virou então um polo de cultura e referência ambiental, chamado de casa-museu.
Após ficar viúvo Hernandes entrou em uma depressão e teve um sonho, entre 2009, que estava voando sobre um local com muita vegetação, plantas e árvores. A partir daí ele começou a pintar sua casa e os objetos de verde e hoje quase tudo é verde. Cerca de 90% dos objetos e móveis de sua casa são reciclados ou encontrados no lixo, para depois serem restaurados.
O verde foi o sonho que eu tive. Eu era um grande pássaro e pousei em cima de uma grande árvore e o vento falou para mim que o verde que eu via era a minha esperança. Eu mudei minha vida toda para verde. Sou uma pessoa muito próspera e minha vida mudou. Eu estava destruído e renasci. Eu gosto de receber pessoas e as pessoas gostam de ver o meu mundo, é um mundo de esperança, um mundo melhor, contou.
A idealizadora do projeto explicou também que o local é referência de cultura para a cidade, apesar de ser pouco conhecido.
Lá em uma coleção de memória afetiva da vida desse homem. É um local de reflexão e de aprendizado. Fazemos oficinas, debates e visitas com crianças e núcleos de estudos. Por causa da pandemia os encontros estão cancelados. É genial um espaço como esse ser a própria casa do Sr. Hernandes. Ele vive lá no meio de tanta arte, sintetizou Maria Ignês. Quem quiser ajudar na reforma do telhado e da parte elétrica pode fazer contato pelo telefone (21) 98295-9955.
O trauma - No dia 7 de abril de 2010 o deslizamento de terra do Morro do Bumba matou mais de 40 pessoas, destruiu dezenas de casas e afetou cerca de três mil pessoas. As casas atingidas pela forte chuva não resistiram à força da natureza, ainda mais por terem sido construídas em um local instável que funcionava como lixão.
O bairro da Ponta da Areia também vai ganhar um polo cultural. O Centro Cultural Comunitário Marcelo Decolores recebeu a placa de inauguração no último domingo (29 de novembro). A data escolhida foi em homenagem ao comerciante morto em setembro de 2019 na comunidade, justamente dia em que Marcelo completaria 51 anos.
O Centro Cultural na Ponta da Areia foi idealizado pelo presidente da Associação de Moradores do bairro, Adriano Felício, e a ideia é ter no lugar cursos de informática e inglês para crianças, jovens, adultos e idosos. Além disso, também serão ministradas oficinas de esportes como capoeira e lutas, além de um miniauditório.
Esse centro terá apoio da comunidade através de projeto voluntário. Quem souber ensinar algo poderá ensinar para quem quer e precisa aprender. Estamos precisando de ajuda e de parceiros que queiram ajudar as pessoas, explicou.
O espaço ainda está sendo construído na Rua Barão de Mauá, 354.
Esse prédio está sendo reestruturado pela Prefeitura de Niterói. Escolhemos o nosso saudoso Marcelo para dar nome para esse projeto. Ele era uma pessoa que só fazia o bem, principalmente para as crianças, lembrou Adriano.
A viúva de Decolores, Patrícia Rufino, de 56 anos, não conseguiu conter a emoção quando viu a placa.
Eu fiquei muito emocionada e não tinha como ser diferente. Marcelo foi um homem lutador, honesto e não merecia o que aconteceu com ele. Ele merece essa homenagem e fico grata por isso. Deus sabe o que faz, mas ficamos saudosos nesses momentos, contou a comerciante.
Marcelo Conceição da Silva, o Marcelo Batata ou Decolores, foi morto a tiros no Morro da Penha no dia 4 de setembro de 2019. Ele estava participando de uma confraternização entre amigos da comunidade.