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Está agendado para o início de agosto a segunda testagem em massa para diagnóstico do coronavírus dos índios das duas aldeias de Maricá: Mata Verde Bonita (Tekoa KaAguy Ovy Porã), em São José do Imbassaí, e Sítio do Céu (Pevaé Porã Tekoa Ará Hovy Py), em Itaipuaçu. Os 113 índios que vivem no município já foram testados no início desse mês e nenhum exame deu positivo para a Covid-19. A preocupação da Prefeitura de Maricá com as aldeias respeita as diretrizes do Ministério da Saúde, já que Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que as comunidades indígenas somam meio milhão de pessoas em todo o mundo e estão particularmente vulneráveis à pandemia do novo coronavírus devido às condições de vida precárias.
A secretária de Saúde de Maricá, Simone Costa, explicou a importância de manter os testes em dia com a população indígena do município. Para a testagem dos povoados a Equipe de Saúde da Família (ESF) da Atenção Primária da Secretaria de Saúde de Maricá, através da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), vai até as aldeias e testam todos os índios. São 76 na aldeia de Mata Verde Bonita e 37 índios guaranis do Sítio do Céu.
Nenhum índio testou positivo para a Covid-19. Tivemos um episódio curioso que um índio veio do Amazonas para visitar a Aldeia Mata Verde Bonita, mas ele teve contato com contaminado em sua aldeia. Ele não pôde entrar na Aldeia até estar totalmente descartada a infecção. Essa medida é para proteger a nossa cultura. Eles têm o hábito de realizar tudo em comunidade e juntos e estamos trabalhando nisso. Explicamos a importância do distanciamento social entre eles, distribuímos máscaras para eles e tudo para preservar essa população. Eles fazem parte da nossa cultura e devem ser ao máximo preservados, explicou a secretária.
De acordo com nota do diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em 6 de julho havia mais de 70 mil casos contabilizados de covid-19 entre povos indígenas nas Américas, com mais de 2 mil mortes.
Os povos indígenas costumam ter alto nível de pobreza, desemprego, desnutrição e doenças transmissíveis e não transmissíveis, tornando-os mais vulneráveis à Covid-19 e seus graves resultados. A OMS está profundamente preocupada com o impacto do vírus nos povos indígenas das Américas, que continuam sendo o epicentro atual da pandemia, desabafou.
As duas aldeias estão fechadas para a visitação. Eles estão sendo preservados e no próximo mês vamos fazer a testagem de novo. Nos programamos para fazer isso todo mês. Eles também têm os contatos das equipes de saúde que fazem o monitoramento deles. A recomendação é não sair das aldeias e manter todas as determinações que todos estão seguindo, com muita higiene e mantendo o isolamento social, completou Dra. Simone.
A cacique Jurema, de 39 anos, da Aldeia Mata Verde Bonita explicou que seu povoado esta tomando todos os cuidados mas ela teme o que pode acontecer nos próximos meses. Ontem o cacique Domingos Venite morreu vítima do coronavírus, na Aldeia Sapukai, na Costa Verde de Angra dos Reis. Ele era meu tio e estamos muito tristes. Ficamos com medo. Na Aldeia ninguém entra e ninguém sai e estamos tomando os cuidados para evitar a contaminação, lamentou.
O ecologista Sérgio Ricardo Verde Potiguara, representante do Conselho Estadual dos Direitos Indígenas (CEDIND-RJ), também lamentou a morte do cacique e reforçou as medidas de segurança nas aldeias de Maricá. Quatro jovens poderiam sair das aldeias, em situações especiais, e os líderes resolveram fechar as aldeias. Isso resguardou esses espaços da presença da Covid-19. Que Tupã proteja a vida dos nossos parentes, finalizou.