Geólogo garante que apartamentos não correm risco de cair
Aline Balbino
O geólogo, especialista em estudos do solo, Cláudio Martins, garantiu que, no momento, não há risco de desabamento dos blocos do condomínio Bella Vida 1, no Arsenal, em São Gonçalo, que fazem parte do programa Minha Casa, Minha Vida. Cerca de 70 pessoas que estavam dormindo na área de convivência do condomínio estão abrigadas em hoteis de Itaboraí, selecionados pela Caixa, até que a área seja liberada. O geólogo informou que a tragédia da última terça-feira poderia ter sido evitada. Ele explicou que os muros de contenção deveriam ter sido construídos antes da implantação dos prédios.
No início da semana, o servente de obras Ricardo Paiva, de 27 anos, morreu quando o muro, que ele ajudava a construir, caiu sobre ele. A construída acontecia após inúmeros pedidos de moradores, que temiam o deslizamento de quatro blocos por uma ribanceira de uns 10 metros. Segundo Cláudio, o prédio deveria ter sido construído após a implantação do muro de contenção.
“Eu não vi nenhum risco de o prédio ceder, nem de estrutura e nem de parede. O prédio está estabilizado porque as estruturas do prédio são profundas, apesar de o muro de contenção do lado ter cedido. Segundo os engenheiros da própria empresa, as fundações estão apoiadas em rochas. Ao longo do prédio, onde não tem a cortina ancorada ou atirantada, há risco de movimentação da encosta”, disse.
O geólogo informou que não há risco que impeça os moradores de retornarem para seus apartamentos.
“O que eu sinto é que o que desceu ali é a parte que não estava ancorada. Havia uma quantidade de material acumulado, cerca de 15 metros, não compactados e esse material forma carga muito grande, que necessita dessa cortina ancorada ao longo dele. Então a falta dessa cortina, antes de colocar o carregamento, o aterro, pode ter contribuído para a movimentação da terra”.
A Prefeitura de São Gonçalo informou que assistentes sociais e psicólogos já atenderam os moradores que tiveram suas casas interditadas. Em uma reunião na tarde de quarta-feira, a Prefeitura solicitou à Caixa que desse total assistência aos moradores, além de auxílio para alimentação, uma vez que a responsabilidade é do banco, encarregado pelo empreendimento e pelas obras que causaram o acidente. A CEF alugou apartamentos em dois hotéis de Itaboraí para abrigar os moradores e, a pedido da Prefeitura, já solicitou ao Governo Federal o cadastramento destas famílias no aluguel social.
A Caixa informou que, após interdição pela Defesa Civil, foi feita uma vistoria técnica na quarta. Esclareceu que o empreendimento vinha sendo monitorado e não apresentava indícios de problemas estruturais. Os estudos para avaliação da situação dos blocos 5, 6, 7 e 8 continuam em andamento para que o retorno das famílias às unidades se dê somente após todas as verificações de segurança.
A Caixa acrescentou ainda que, somente após a conclusão do laudo, avaliará as medidas cabíveis em relação à atual construtora.
Problema antigo
A Defesa Civil emitiu um lado na manhã de quarta-feira no qual consta que em setembro de 2013 a empresa responsável pela construção do muro, junto a Caixa Econômica Federal, foi notificada pelo fato da construção apresentar danos estruturais. Na parte externa haviam fissuras na parede e no piso da área dos fundos, além da infiltração de esgoto e fissuras e rachaduras no muro de contenção. Em 2014, em nova visita, a Defesa Civil constatou novamente danos estruturais, sobretudo na área do muro de contenção, que já apresentava um processo erosivo avançado. A equipe técnica da Caixa também está elaborando um laudo atualizado para definir a causa exata do acidente.
muito bom o seu artigo