Raquel Morais -
Ser professor é uma profissão linda, base de qualquer outra profissão, e é muito triste quando acontece uma desvalorização profissional. Esse foi o desabafo de um dos diretores do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação de Niterói (Sepe Niterói), Diogo de Oliveira, de 29 anos. A afirmativa se deu após conhecimento da pesquisa divulgada pelo Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior (Semesp), que apontou queda de 10% no ingresso em cursos de licenciatura presenciais. Também na rede pública de ensino os diretores percebem o mesmo movimento, como é o caso da Faculdade de Formação de Professores (FFP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
O levantamento do Semesp foi feito entre o período de 2010 e 2016 e revela que o número de concluintes dos cursos de licenciatura também caiu 7,6%. Os dados fazem parte do Panorama de Empregabilidade dos Concluintes no Ensino Superior na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados. Segundo o estudo, 39,5% dos formandos em licenciatura estão trabalhando na sua área de atuação. É um problema muito grave, porque hoje os alunos que optam pelas licenciaturas e escolhem seus cursos por preço e não por vocação. A grande maioria busca pedagogia e as diversas áreas da formação como para professores de matemática, ciências, física, química, os ingressantes caem ainda mais a cada ano, alertou o diretor executivo do Semesp, Rodrigo Capelato.
O diretor do Sepe Niterói percebe uma perda de interesse dos jovens e até dos formados em relação à profissão. Tem uma rotatividade do ingresso público para outros concursos públicos de outras áreas. Nas faculdades, os cursos de licenciatura e pedagogia não são os mais atrativos. A queda nas matrículas gira em torno dos 10% e o abandono chega aos 20%, comentou. Ele ainda acrescentou que desvalorização, baixo salário, desrespeito com direitos de carreira, crise do Estado, atraso de pagamento, falta de reajuste e piora nas condições de trabalho as pessoas largam essa profissão; são alguns dos motivos que podem estar gerando essa evasão.
Para a diretora da FFP, Ana Santiago, o mesmo acontece na rede pública. A evasão acontece sim e há um declínio do magistério em termos até nacionais. Em São Gonçalo houve o encolhimento nos turnos, sintetizou.