Dois artistas em cena usam recursos físicos do circo, da mímica corporal, da dança contemporânea e do Teatro do Absurdo. Essa presença pulsante no palco faz um contraponto, e propõe ao público uma reflexão sobre a ausência. Esse é o mote do espetáculo Ausências, da Trupe Zarpando, que terá curta temporada no estado do Rio de Janeiro em outubro. Será apresentado em Niterói (dia 13), Maricá (25), Lumiar (28) e na capital no Centro (26) e no bairro Pedra de Guaratiba, na Zona Oeste (27).
Ausências foi selecionado pela edição 2018 do Prêmio Funarte para Circulação de Espetáculos Circenses. A peça é fruto da pesquisa do brasileiro Julio Nascimento e da argentina Maria Celeste Mendozi. Os dois se conheceram em 2012, trabalhando na Intrépida Trupe. A direção e a dramaturgia são de Fabio Freitas, do Teatro de Anônimo que se fundamenta na cultura popular e no circo.
Os artifícios circenses que tanto seduzem o público, como o humor e a virtuosidade da acrobacia, são fios condutores do espetáculo. Mas sem exageros. A estética do Teatro do Absurdo, do pós Segunda Guerra Mundial, conduziu os atores para uma relação com o silêncio e com os próprios corpos e objetos de modo, por vezes, minimalista.
"As inspirações apontaram para o Teatro do Absurdo e "Esperando Godot (peça de Samuel Beckett). Quando Fabio Freitas chegou, apresentamos nosso trabalho sem dizer nada, para não contaminar o pensamento dele. E aí vimos que estávamos na mesma sintonia. Falar de ausência é questionar sobre nossas ações no cotidiano, é uma linha indireta de provocações sobre nosso estar na sociedade, no próprio corpo", pontuou Julio Nascimento.
O espetáculo já foi apresentado na Fundição Progresso, no Rio de Janeiro, e em dois festivais: na Convenção Carioca de Circo, no Rio de Janeiro; e no Tiradentes em Cena, em Minas Gerais. A sensação do elenco é que a curiosidade leva o público a embarcar na viagem sensorial proposta pelo jogo cênico. E que desembarca na reflexão sobre aspectos contemporâneos.
"É um espetáculo provocador para quem está assistindo. O riso pode vir a favor da cena cômica, mas também pode aparecer como riso de nervoso em lugares inesperados. Vivemos num momento difícil de crise, de transformações abruptas e de incertezas. E a ausência impõe muitas reflexões", explica Maria Celeste Mendozi.
Para o diretor e dramaturgo, Fabio Freitas, o espectador faz uma viagem única em cada apresentação, e experimenta o gosto da ausência em todas elas.
"Uma pergunta que sempre nos instigou durante o processo foi a seguinte: para onde a gente vai quando não está aqui, quando a gente se ausenta? Trazer a ausência para a cena é experimentar a sensação de se ausentar, de provocar a platéia nessa relação de tempo e de espaços, sejam eles reais ou imaginários. O desafio é pegar o espectador pela mão numa viagem onde muita provocação pode acontecer. Ele volta em segurança, mas bagunçado", resume.
Serviço:
Duração: 60 minutos
Classificação etária: Livre
Apresentações gratuitas
Niterói - 13/10
Duas sessões: às 17 e às 20h
Local: CEU (centro de Artes e Esportes Unificados de Niterói)
Estr. Gen. Eurico Gaspar Dutra, 34 - Jurujuba, Niterói
Telefone: (21) 3602-4593
Maricá - 25/10, às 15h
Local: Cine Teatro Municipal Henfil
R. Alferes Gomes, 390 - Eldorado, Maricá
Telefone: (21) 3731-1432