Aline Balbino
Um grupo de 100 enfermeiros do Hospital Estadual Azevedo Lima, no Fonseca, poderá entrar em greve amanhã por tempo indeterminado. A categoria reclama de atrasos de dois meses no pagamento e do 13º salário, além da falta de insumos e medicamentos. Enfermeiros que preferiram não se identificar informaram que há mais de mil funcionários com salários atrasados. Parte da equipe de limpeza do hospital já iniciou a greve e isso tem deixado a unidade um caos. Funcionários e pacientes afirmam que o hospital está sujo, com lixeiras abarrotadas de lixo.
Mesmo com o estado de calamidade, a Defensoria Pública do Estado do Rio exigiu que a Organização Social Sócrates Guanaes, que administra o hospital, continue mantendo a unidade em pleno funcionamento. Em razão do risco à continuidade de serviço público essencial, o descumprimento está sujeito à adoção de medidas administrativas e judiciais.
A recomendação também foi enviada à Secretaria Estadual de Saúde para pedir a abertura de processo administrativo para apuração das irregularidades verificadas pela Defensoria na vistoria realizada na unidade de saúde na última quinta-feira.
Muitos funcionários estão sofrendo ameaças. Nós nos preocupamos, mas a situação não pode continuar assim. Desde 2014 o hospital conta com a Sócrates como Organização Social. No primeiro ano o salário vinha certinho. Ano passado deu problema e agora também. Não temos nem mesmo material de trabalho, insumos e remédios importantes, disse uma enfermeira que preferiu não se identificar.
A Secretaria de Saúde informou que realizou repasse no último dia 9 para a Organização Social. Ao longo do ano foram repassados à OS cerca de R$ 134 milhões. A determinação da SES é que os recursos sejam destinados, com prioridade, ao pagamento dos salários dos funcionários e à manutenção do funcionamento da unidade de saúde. A direção do Hospital Estadual Azevedo Lima negou que haja falta de insumos e garantiu que a unidade segue em atendimento normal. O Instituto Sócrates Guanaes foi procurado, mas não respondeu.
Defensoria visita hospital
Na visita, foram constatados déficits de insumos para nutrição enteral dos pacientes em estado crítico; inutilização temporária de sete leitos de Terapia Intensiva por escassez de medicamentos e materiais hospitalares; e a não abertura de leitos de Unidade Intermediária Neonatal após a conclusão das reformas de adequação, por falta de recursos humanos.
Também foi verificada a suspensão temporária de cirurgias eletivas a fim de priorizar a utilização de materiais nas cirurgias de emergência; e a redução significativa do número de profissionais da empresa responsável pela limpeza da unidade.