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Dois livros mergulham num Rio de Janeiro que muitos não sabem que existiu
Dois livros mergulham num Rio de Janeiro que muitos não sabem que existiu
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Por: Not found author Data da Publicação: 13 de abril de 2022FacebookTwitterInstagram
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Luiz Antonio Mello

Para ler, relaxar, desopilar na Semana Santa.

Ruy Castro é um escritor, muito mais do que um carioca da gema apaixonado pela cidade que um dia foi maravilhosa. É um grande jornalista que foi abduzido pela literatura. Escreveu best sellers como “O Anjo Pornográfico” (a vida de Nelson Rodrigues)”, “Estrela Solitária” (sobre Garrincha), “Carmen” (sobre Carmen Miranda) e de livros de reconstituição histórica como “Chega de Saudade” (sobre a Bossa nova), “Ela é Carioca” (sobre o bairro de Ipanema, no Rio) e “A Noite do Meu Bem” (sobre o samba-canção).  

O inquieto Ruy Castro está nas vitrines com dois espetaculares e reveladores livros. O recém lançado “As vozes da metrópole: Uma antologia do Rio dos anos 20” e seu antecessor, lançado no começo da pandemia, “Metrópole à beira-mar: O Rio moderno dos anos 20”.

Em comum as duas obras tem a leveza, a informalidade, a sinceridade de um carioca que mostra momentos mais do que gloriosos de um Rio que sequer lembra da decadência escancarada que vivenciamos atualmente, resultados de uma sucessão de bandidos (e de suspeitos) que viraram governadores do estado e a passagem de flagelos inomináveis pela prefeitura que transformaram a capital num acampamento de miseráveis, cercado de abandono, desleixo e má fé por todos os lados.

Mas, acredite leitora, acredite leitor. Nos anos 1920 e até mesmo nos anos 1960 não era assim. O Rio era solar, divertido e foi, sim, (pode acreditar!) a capital cultural do Brasil. Capital que arrumou as malas e se mudou para São Paulo, até então considerada um ícone da cafonice, do modo jeca de ser, ouvir, vestir, ler. Onde a cultura é forte, reina a abundância, a riqueza, o bem estar. Onde a cultura gagueja, se arrasta, impera o miserê urbano, existencial, político. Basta pegar a barca, descer na Praça 15 e caminhar até a avenida Rio Branco.

A sinopse de “Metrópole a beira-mar” diz tudo:

O que aconteceu no Rio entre o carnaval de 1919 e a Revolução de 30?

Tudo.

Uma cidade em convulsão na imprensa, na literatura, na música popular, na ópera, no teatro, nas artes plásticas, no cinema, na caricatura, na praia, na ciência, na arquitetura, no futebol, na luta das mulheres, nos costumes, no sexo e nas drogas. Se o Brasil dos anos 20 ainda engatinhava rumo à modernização, o Rio de Janeiro tinha vida própria e já era sinônimo de arrojo e vanguarda.

É essa capital fervilhante o cenário e a protagonista deste livro de Ruy Castro.

“Em Metrópole à beira-mar”, um de nossos maiores biógrafos faz uma saborosa reconstituição histórica dos anos loucos cariocas, entrelaçando eventos políticos e culturais à trajetória dos personagens ? os lembrados e os esquecidos ?, que fizeram e mudaram a história.

Quem fez o Rio dos anos 20:

Adalgisa Nery ? Adhemar Gonzaga ? Agrippino Grieco ? Alvaro Moreyra ? Aracy Cortes ? Benjamin Costallat ? Bertha Lutz ? Bidu Sayão ? Carlos Chagas ? Carmen Miranda ? Cecilia Meirelles ? Di Cavalcanti ? Elsie Houston ? Eugenia Alvaro Moreyra ? Francisco Alves ? Gilka Machado ? Ismael Nery ? Ismael Silva ? J. Carlos ? Jayme Ovalle ? João do Rio ? Laurinda Santos Lôbo ? Lima Barreto ? Manuel Bandeira ? Mario Reis ? Murilo Mendes ? Orestes Barbosa ? Oswaldo Goeldi ? Patrocinio Filho ? Pixinguinha ? Procopio Ferreira ? Ronald de Carvalho ? Roquette-Pinto ? Sinhô ? Théo-Filho ? Vera Janacopoulous ? Villa-Lobos.

No rastro de “Metrópole à beira-mar...”, Ruy Castro lançou “As vozes da metrópole: Uma antologia do Rio dos anos 20”, que é mais uma declaração de amor explícita a São Sebastião do Rio de Janeiro.

De acordo cm a sinopse, o livro fala da produção literária, poética e jornalística dos escritores que foram protagonistas e testemunhas dos anos loucos cariocas. Cenário de Metrópole à beira-mar, o Rio dos anos 20 estava em ebulição e já era moderno na arquitetura, na música, nas artes plásticas, no pensamento, nos costumes ? e, é claro, na literatura.

Dividido em frases, crônicas, reportagens, trechos de romances, poemas e provocações, o livro reúne cerca de quarenta autores, desde os mais conhecidos, como Murilo Mendes, Lima Barreto e João do Rio, até nomes que tiveram edições restritas ou que estão fora de circulação há décadas, a exemplo de Adelino Magalhães, Mercedes Dantas e Romeu de Avellar.

Ruy Castro

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