Anderson Carvalho -
Os moradores e frequentadores do Edifício Amaral Peixoto, na Avenida de mesmo nome, no Centro de Niterói, estão tendo que subir os 11 andares do prédio, ao lado da agência da Caixa Econômica Federal, segurando velas e lanternas. Isso porque desde a manhã da última segunda-feira todo o edifício está sem luz. A concessionária Enel cortou a energia elétrica por falta de pagamento. A empresa informou que a luz será restabelecida assim que a dívida de R$ 2 milhões for quitada e, até o fechamento da edição de ontem, isso não tinha acontecido.
No imóvel, apenas a galeria está com energia. A unidade tem 384 apartamentos e tem cerca de dois mil moradores. Um buraco no teto da recepção dá uma mostra das precárias condições do edifício. Segundo a proprietária de uma das unidades, que preferiu o anonimato por temer represálias, a conta não é paga há vários anos.
Apenas cerca de trinta moradores pagam a taxa de condomínio, que é de duzentos e quarenta reais. A maioria não paga nada e do quarto andar para baixo é tudo invasão. Por isso, a Justiça determinou que a luz nestes andares não fosse ligada. Só temos água porque uma lei municipal não admite que ninguém fique sem água na cidade. Viver aqui é muito difícil. O síndico não cuida de nada. Não cobra dos moradores. Tem vários idosos aqui e quando alguém morre, ninguém fica sabendo. Já tentei vender o meu apartamento, mas fiquei sabendo que ele hoje valeria menos do que quando o comprei, relatou a moradora.
A situação do prédio também preocupa o Conselho Comunitário de Segurança de Niterói. O prédio tem diversos gatos de energia. Não admira que a luz tenha sido cortada. A situação é de insalubridade. Esperamos que a luz seja restabelecida logo, pois lá moram muitas pessoas com dificuldade de locomoção. Tememos que aconteça lá o que ocorreu com um edifício no centro de São Paulo, em maio, que desabou, contou Leandro Santiago, presidente do Conselho. Apresentei projeto para a prefeitura de instalar no local repartições públicas e revitalizar o prédio, acrescentou.
O edifício foi alvo diversas vezes nos últimos anos de operações da Polícia Civil para coibir a prática de prostituição em diversos apartamentos. Desde 2013 tramita na Justiça uma ação civil pública impetrada pelo Ministério Público do Estado, que afirma ter relatórios que de vistoria da Defesa Civil, nos quais foram constatados riscos para a coletividade.
A Prefeitura informou que já recomendou que sejam feitas intervenções na fachada, elevadores, manutenção na parte elétrica e uso de equipamentos de incêndios nos andares. Procurado, o síndico do prédio, Carlos Adriano Rodrigues da Silva, não foi localizado.