Geovanne Mendes
Pai, uma palavra com três letras e milhões de significados. Protagonista de nossas vidas, hoje em dia é cada vez mais comum a sua variação, com ou sem a parceria de mães, solitários,em dose dupla ou até mesmo ocupando lacunas vazias, não importa! É no convívio com cada estilo de pai que o indivíduo se reconhece como gente, como cidadão. São os exemplos de pais, que em geral, servem de molde de como os filhos enxergam o mundo.
A função do pai é histórica, sociológica e antropológica de O provedor. Mas só isso? Trazer alimentação, impor limite e segurança? Pensando neste viés, é preciso salientar que o papel do pai é mais importante do que o espaço já determinado na sociedade e é mais do que comprovado, que o reflexo no futuro de uma criança que teve um pai presente em momentos especiais, simples ou casuais é determinante para a formação de sua identidade e este contato é preciso ser fortalecido desde a concepção.
De acordo com a psicóloga Eane Moreira dos Santos, em seu artigo para uma uma publicação de psicologia,diferentemente do que socialmente acredita, a rejeição paterna traz mágoas e marcas profundas, traz dores físicas e emocionais para uma criança; a dor emocional pode ser revivida por anos, levando à insegurança, hostilidade e tendência a agressividade na vida adulta.
Sabemos da importância da figura masculina na formação da personalidade e identidade da criança desde a infância até sua vida adulta. Crianças que não conheceram limites advindos do pai, irão procura-los em tudo, e quando adultos, frequentemente os encontrarão em situações conflituosas e perigosas (álcool, drogas e prostituição). A relação pai e filho ou filha, deve ser criado e fortalecido deste da concepção do bebê, é através do pai que a criança descobre o limite, constrói sua personalidade e identidade, constrói característica até sua vida adulta. Claro, a presença do pai vai muito além,comenta a psiocóloga.
O enfermeiro Uanderson Barreto, de 37 anos, sabe muito bem da importância de ser um bom pai. Uanderson é pai solteiro e tem quatro filhos que ocuparam e preencheram a sua vida, através da adoção tardia. A certeza do caminho a percorrer, surgiu enquanto realizava um trabalho como enfermeiro em uma instituição que abriga crianças, em Campos dos Goytacazes, no norte fluminense em 2012. O desejo de sempre, de uma vida, resurgiu como um vulcão e assim surgiu o pai Uanderson. A influência, segundo ele, veio também da sua avó, que adotou uma de suas tias.
Sempre soube que seria pai e que meus filhos viriam por meio da adoção.Recebi influência da minha avó Teresa que tinha dez filhos e adotou minha tia Vilma. Depois de um tempo voltei para visitar a instituição onde eu trabalhava,foi quando eu conheci João um menino de 9 anos, hoje com 14, que estava há bastante tempo abrigado, comecei as visitas direcionadas e logo procurei a vara da infância e me habilitei para adoção,depois destes trâmites o juiz liberou João para ir comigo,relembra.
Até aí uma história como a de muitas outras famílias que se unem e chegam ao final feliz desejado, a adoção. O que ninguém esperava, nem o próprio Uanderson, é que a vida lhe traria outros motivos para encher o coração de alegria. Além do João, outros sete irmãos aguardavam em abrigos uma oportunidade de encontrar um lar. Não contente em ver essa família repartida, Uanderson teve a ideia de adotar mais dois dos irmãos, Daniel, hoje com 16 anos e Alexandre, que agora tem 19 anos de idade. Os outros dois irmãos Leandro, com 11 e Joana, com 9 anos, foram adotados pela sua prima, Joana Barbosa, de 35 anos que viu o amor como Uanderson acolheu os irmão e também quis fazer parte desta corrente de amor.
Na mesma instituição que João morava ele tinha mais irmãos,e logo depois eu voltei e busquei o Daniel,contagiando todos ao meu redor. Levei uma prima para visitar a instituição,chegando lá ela se apaixonou pelos dois irmãos menores dos meus filhos e os adotou.
No mês de abril de 2013 recebi uma ligação de uma outra instituição onde morava um irmão mais velho de meus filhos,ele estava fazendo aniversário e fomos convidados,chegando lá o reencontro com os irmãos foi emocionante e decidi que eu nao podia continuar separando os irmãos e adotei o meu terceiro filho, lembra.
Imãos reunidos, família completa, certo? Errado. Em 2013, durante uma visita com amigos que queriam adotar filhos, o coração mais uma vez bateu mais forte e assim mais um filho, Pedro,hoje com 11 anos, nasceu a partir daquele encontro.
Formamos uma família diferente,um pai solteiro com 4 filhos,todos vindos por adoção tardia o que não impede de sermos felizes. Os desafios são grandes e o enfrentamento com as situações nos fortalece cada dia mais, conclui o enfermeiro.
Outras formas de ser pai, também não podem ser colocadas de lado. A figura masculina, baseada no amor, carinho e respeito torna o padrasto no pai de muitas crianças. Foi assim que aconteceu com o fotógrafo Marcello Almo, de 37 anos. Casado há quatro meses, com a advogada Ângela Almo, também de 37 anos e mãe do pequeno Mateus, de 10 anos. Marcello que há 1 ano e quatro meses convive com o menino e conta que desde o primeiro mês de namoro, Matheus sempre deu apoio ao casal e pontua o respeito à imagem do pai do menino e o carinho na relação dos dois como a receita para uma convivência sadia e pautada na confiança.
O Mateus tem o pai dele e eu respeito muito essa relação dos dois. Amo a mãe dele e quero que ele tenha toda a felicidade do mundo. Ele é meu amigo e me surpreende as vezes quando me chama de pai e de tio ao mesmo tempo. Sei da minha importância na vida dele, para o seu crescimento e como cidadão e é assim que nos relacionamos, como uma família e eu o vejo com o mesmo amor, carinho e dedicação que verei quando eu tiver os meus filhos com a mãe dele, conta emocionado.