Por unanimidade, o prefeito de Niterói Rodrigo Neves (PDT) virou réu pelo crime de corrupção.Em contrapartida, a denúncia por organização criminosa foi rejeitada por todos os desembargadores do 3° Grupo de Câmaras Criminais, e Rodrigo continuará exercendo o cargo de prefeito da cidade.Ele chegou a ficar preso por três meses por conta da Operação Alameda, um desdobramento da Lava Jato no Rio, no dia 10 de dezembro do ano passado, por suspeita de desviar R$ 10 milhões em um esquema de ônibus.
No último julgamento no início de março, a maioria dos desembargadores já tinham votado a favor da denúncia do Ministério Público, mas por conta de um pedido de "vista" o julgamento foi adiado e voltou pra pauta do Tribunal nesta terça-feira. Os três desembargadores que pediram vista Marcelo Anátocles, Cairo Italo e Fernando Antônio de Almeida reviram os posicionamentos anteriores e assim foi recebida a denúncia quanto aos crimes de corrupção. Também por unanimidade eles rejeitaram a denúncia relativa ao crime de organização criminosa e homologaram o acordo de delação Marcelo Traça Gonçalves.
Rodrigo Neves agora responderá ao processo em liberdade e poderá permanecer à frente do Executivo. Na saída do julgamento, o advogado do prefeito, Tecio Lins e Silva, comentou as decisões, lembrando as palavras do presidente da sessão, Cairo Italo França David. Os indícios são muito fracos.
A votação foi uma primeira vitória porque os desembargadores repeliram veementemente a calúnia e indigna acusação de organização criminosa. O grupo reafirmou a liberdade do prefeito e a recondução ao cargo. Nós não nos conformamos. Essa ação penal é indigna e vamos repeli-la de forma cirúrgica e definitiva. Vamos buscar os caminhos legais para corrigir este erro, declarou o advogado.
Procurada, a prefeitura de Niterói disse que não iria comentar o assunto.
Operação Alameda
Rodrigo Neves foi preso no dia 10 de dezembro de 2018, por conta da Operação Alameda. Na época, o Ministério Público afirmou que ele era suspeito de ter desviado R$ 10 milhões da verba destinada à gratuidade do transporte municipal entre 2014 e 2018. A ação foi baseada em delação do ex-dirigente da Fetranspor, Marcelo Traça.
Na ocasião, além do prefeito de Niterói, foram presos Domício Mascarenhas de Andrade, ex-secretário municipal; João Carlos Félix Teixeira, presidente do consórcio TransOceânico e sócio da Viação Pendotiba; e João dos Anjos Silva Soares, presidente do consórcio Transnit e sócio da Auto Lotação Ingá.