Assinante
Entrar
Cadastre-se
Niterói está vencendo a batalha contra o novo coronavírus. É o que dizem os dados do Comitê Técnico Científico, que reúne especialistas de instituições como a Universidade Federal Fluminense (UFF), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Os números de julho mostram queda na evolução da Covid-19 na cidade.
O Plano de Transição Gradual para o Novo Normal, iniciado em 21 de maio, mostrou que a abertura gradual das atividades foi um acerto da prefeitura. Neste mês, os índices de evolução da pandemia - que consideram dados de ocupação dos leitos, taxa de transmissão do coronavírus, novos casos e óbitos -, estão recuando semanalmente.
A prefeitura divulgou a Nota Técnica 03/20,
que informa que, no início do plano, o indicador síntese (média de
todos os indicadores) estava em 12,38. Após sucessivas quedas,
chegou a 7,13. A relação entre número de novos casos semanais para
cada 100 mil habitantes também está caindo de forma consistente.
Antes em 102,8 infectados a cada grupo de 100 mil habitantes, hoje
esse índice chega a 59,20 infectados para cada 100 mil
habitantes.
O Comitê Científico foi instituído pelo decreto
nº 13.604/2020 e avalia que a situação de Niterói diverge do
cenário nacional, onde a pandemia da Covid-19 tem apresentado
grandes desafios para as estratégias de controle, com altas taxas de
incidência, de hospitalização e de letalidade relacionadas à
doença. O Comitê lembra que o Brasil figura entre os três países
com maior número de novos casos diários junto com EUA e Índia,
segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou em seu
relatório de 4 de julho, quando o Brasil registrou mais de 64 mil
óbitos.
"O Comitê entende que a gestão complexa
da pandemia através do plano de transição para um novo normal tem
sido executada de forma eficiente pela Prefeitura. A forma de
comunicação tem sido adequada, o que caracteriza um elemento muito
importante de gestão integrada e de sucesso de implementação do
plano. Entretanto, a situação grave do entorno continua a se
constituir em ameaça à população de Niterói", avalia o
documento.
Os especialistas afirmam que
o resultado se deve a ações como testagem em massa, em especial em
comunidades, rígido protocolo de funcionamento dos estabelecimentos
autorizados a reabrirem suas portas, com treinamento periódico e
fiscalização, e a conscientização da população, com a grande
maioria usando máscara em ambientes públicos e aderindo aos novos
hábitos. A cidade ainda se mantém como o município com a maior
aderência ao isolamento social, desde o início dessa medida.
O
número básico de reprodução, que mostra o quanto em média um
indivíduo infectado pode infectar outros indivíduos, também vem
caindo: de 4,22 para 1,40. O dado é calculado semanalmente para a
cidade por um grupo de pesquisadores da Coppe e da Faculdade de
Medicina da UFRJ.
Essa nota técnica é muito importante
porque ela comprova que Niterói seguiu as recomendações dos
especialistas, fez o dever de casa e teve a ajuda da população, que
se conscientizou, respeitou o isolamento social e o uso de máscaras.
A Prefeitura, por sua vez, fez investimentos robustos em programas
como o Renda Básica, Empresa Cidadã, além da distribuição de
máscaras e sanitização de ruas e comunidades, disse o prefeito
de Niterói, Rodrigo Neves.
De acordo com a Fundação
Municipal de Saúde (FMS), até esta terça (7), Niterói tem 6.195
casos confirmados de Covid-19 em moradores da cidade, com 414
pacientes em isolamento domiciliar e acompanhados pela Fundação e
105 pessoas hospitalizadas. A cidade registra 226 óbitos e tem 5.450
pacientes recuperados.
Os dados de Niterói têm mostrado
em seu monitoramento diário que o início do Plano de Transição
Gradual para o Novo Normal não significou o aumento do número de
casos da Covid-19 em Niterói, informa o secretário municipal de
Saúde de Niterói, Rodrigo Oliveira. Observando os óbitos pela
data de ocorrência e os casos pelo início dos sintomas, fica claro
que o pico da doença ocorreu no final de abril e início de maio e
que hoje temos um processo de redução da incidência da Covid-19, o
que mostra o acerto das medidas de enfrentamento ao longo da
epidemia.
Um estudo da UFF mostra que a letalidade por
Covid-19 em Niterói é de 3,41%, o menor índice da Região
Metropolitana do Rio. A média estadual é de 4,55%. O Rio de Janeiro
registra média de letalidade de 11,44%, São Gonçalo, 8,4%,
Itaboraí, 4,96%, e Maricá, 4,21%. Os dados estão disponíveis no
portal https://covid19.getuff.com.br.
Um
dos integrantes do Comitê, o sanitarista e diretor de Saúde
Coletiva da UFF, professor Aloísio Gomes da Silva Júnior, afirma
que mesmo com resultados positivos, Niterói deve manter a
vigilância.
A evolução dos índices epidemiológicos
mostra que Niterói está em uma posição muito boa. Mas não pode
relaxar. Pelo contrário, isso leva Niterói a ter mais atenção,
principalmente na movimentação de pessoas de outras cidades nos
terminais marítimo e rodoviário, já que os municípios do seu
entorno ainda apresentam índices muito preocupantes, destaca o
professor.
Segundo a nota, o município manteve a política de
distanciamento social e restrição de mobilidade, sendo a mais
restritiva da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, mas vem
implementando uma transição planejada e pactuada com os
estabelecimentos, de acordo com um sistema de monitoramento da
propagação da infecção e da capacidade de atendimento aos
pacientes (também expressa em uma escala de cores).
A
ocupação de leitos clínicos e de UTI públicos e privados
exclusivos para Covid-19, que já foi de mais de 80%, hoje está em
cerca de 25%. A nota técnica atribui essa redução a quantidade de
testes realizada e ao comportamento da população. No período
analisado, foram realizados 39 mil testes, sendo que 24 mil destes
foram coletadas nas unidades do Programa de Saúde da Família, que
têm relação direta com as comunidades de menor desenvolvimento
social e econômico da cidade. Atualmente, cerca de 45 mil pessoas já
foram testadas em Niterói.
Outro fator que influenciou muito
foram os protocolos de funcionamento dos estabelecimentos autorizados
a reabrirem suas portas, que têm sido construídos junto com as
entidades representativas dos setores comerciais, organizações
sociais e religiosas, que são treinados periodicamente e
fiscalizados de forma pedagógica. O estudo constata que a grande
maioria da população tem usado máscara em ambientes públicos e
aderido aos novos hábitos.
O Comitê entende que a gestão
complexa da pandemia através do Plano de Transição para o Novo
Normal tem alcançado seus objetivos com êxito e a forma de
comunicação com a população tem sido adequada, o que caracteriza
um elemento muito importante de gestão integrada e de sucesso de
implementação do plano.
A nota técnica alerta que a
situação grave nos municípios vizinhos continua a ser em ameaça à
população de Niterói. O Comitê entende que a construção do
plano e sua gestão tem permitido a progressiva retomada das
atividades sociais e econômicas com o controle simultâneo da
propagação da pandemia e seus impactos, mas recomenda rigor na
atuação de controle nos terminais marítimo e rodoviário, assim
como a disponibilização de banheiros e lavatórios de acesso
gratuito nestes locais.
"Niterói está entre duas
cidades que apresentam muitos problemas: São Gonçalo e Rio de
Janeiro. Por isso, tem que estar muito atenta para evitar que volte a
ter problemas", afirma o infectologista da UFRJ, Roberto
Medronho.
"As pessoas precisam de acostumar com esse novo
momento, que muitos chamam de novo normal. Se isso não ocorrer,
teremos o retorno dos níveis de infecção de forma muito alta,
acelerada e espalhada pela população. Se isso acontecer, teremos
que restringir novamente a mobilidade", alerta o epidemiologista
da Fiocruz, Rômulo Paes Sousa.