Cubango vai homenagear o patrono da abolição na Sapucaí
Nos dias 21 e 22 de fevereiro as 14 Escolas de Samba do Grupo Série A (antigos grupos de Acesso A e B) vão cruzar a Marquês de Sapucaí e a vice-campeã de 2019, a Acadêmicos do Cubango, aposta todas as suas fichas para o título desse ano. A verde e branca de Niterói vai levar para a Avenida o enredo “A voz da liberdade”, assinado pelos carnavalescos Raphael Torres e Alexandre Rangel, que conta a história de Luiz Gama, Patrono da abolição da escravidão do Brasil.
A escola pretende resgatar na figura de Luiz Gama, a luta antirracista, a construção de um país melhor e uma sociedade igualitária. Essa é uma das justificativas do enredo. Gama foi um exemplo no combate ao racismo e conseguiu estudar Direito e foi responsável pela liberdade de mais de 500 negros escravizados.
O carnavalesco Alexandre Rangel explicou que o enredo fala da ancestralidade de Luiz Gama e da força da mulher
“O Carnaval é uma caixinha de surpresas e o que vai acontecer no dia só na hora vamos saber. Esse é o primeiro ano que estou na escola e estamos trabalhando para fazer um desfile nota dez”, comemorou.
Ao todo serão 2.300 componentes divididos em 21 alas com três carros alegóricos e um tripé. O destaque ficará para o carro abre-alas que tem 45 metros de comprimento, 12 metros de altura e vai cruzar a avenida com 70 mulheres negras.
Em média, no barracão, estão trabalhando 30 pessoas entre carpinteiros, ferreiros, soldadores e artistas plásticos. O carnavalesco Raphael Torres salientou que a produção no galpão está em 70% de carnaval pronto.
“Essa parte decorativa é a mais demorada pois estamos trabalhando com o acabamento das alegorias. Será um desfile lindo e emocionante”, promete.
Questionado sobre algum segredinho de avenida, Torres deu uma pista.
“Vamos ter uma ala com 12 cachões que vão atirar na avenida. Será uma explosão de emoção e de reflexão”, completou.
Quem está muito animada para o desfile é a musa da escola, Gleice Souza, 32 anos, mais conhecida em Niterói como ‘Gleice Quebra-Tudo’ ou a gari gata da cidade.
“Trabalho como gari e divido a minha rotina de trabalho com meus treinos, procedimentos estéticos e ensaios para o carnaval. Vou desfilar no Sambódromo como uma escrava vendedora de flores e estou preparada para fazer o melhor para ajudar a escola na vitória”, comemorou.
SAMBA ENREDO
A voz da liberdade
Compositores: Robson Ramos, Sardinha, Anderson Lemos, Jr. Fionda, Duda Tonon,
Sérgio Careca, Alessandro Falcão, Rildo Seixas, Rafael Coutinho, Manolo, Léo Castro,
Diogo Nicolau, Lequinho e Vinicius Xavier.
Se a igualdade fosse cor?
De mahin nagô é raça
Pra mordaça não vingar
Tenho a resistência como ninho
De luiza o passarinho que se permitiu voar
Certo que nego liberto, segura a mão do irmão
Ê sangue malê, rebelião
Ilê meu são salvador
Salva a dor dessa gente escrava, dolente
Que não se entrega não
Quebra a corrente
Sei do meu valor
Não me bote preço não, bote não senhor
Que meu povo é bom de luta
Alforria fez morada em meu peito
É preto sim, meu legítimo direito
Tremeu na casa grande o opressor
Com o peso da palavra de um negro
Quando um novo horizonte vive
Meu povo é livre!
Quem sou eu?
O berro contra toda tirania
Cabresto não segura poesia
Enfim um canto forro ecoou
Lute como um dia eu lutei
Um sonho, tantas vidas, uma lei
Meu lugar de fala
Hoje favela, ontem senzala
A chibata não cantou, kabô lerê
Firma no batuquejê, cubango!
Uma história de bravura, testemunha da verdade
Eu sou a voz da liberdade!
FICHA TÉCNICA
Presidente
Rogério
Belisário
Carnavalescos
Raphael Torres e Alexandre Rangel
Direção
de carnaval
Tavinho
Novello
Direção
de harmonia
Jorginho
do Império e Allan Guimarães
Direção
de bateria
Demétrius
Luiz
Rainha
de bateria
Maryanne
Hipólito
1º
Casal de mestre-sala e porta-bandeira
Patrícia
Cunha e Diego Falcão
2º
Casal
de mestre-sala e porta-bandeira
Mariana
Azevedo e Rodrigo Machado
Responsável
pela comissão de frente
Patrick Carvalho
Intérprete
Thiago Brito