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Ao fim da primeira semana de oitivas da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, os senadores avaliaram de forma positiva os trabalhos aos ouvir os ex-ministros da Saúde, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, e atual titular da pasta, Marcelo Queiroga. Os depoimentos deixam claro, para os senadores, que a interferência do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) atrapalhou o combate da crise sanitária e agravou suas consequências.
O vice-presidente da Comissão, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou que os depoimentos dos ex-ministros deixaram clara a existência de um comando paralelo para tratar dos assuntos da pandemia, com atores que não tinham relação com a Saúde. Para o senador, a existência desse comando paralelo colaborou com a saída de Mandetta e Teich.
Foi possível perceber que tem uma coisa na cabeça do presidente e outra na cabeça de qualquer médico ou técnico que vá para o Ministério da Saúde, destacou Randolfe, lembrando que a CPI poderá fazer uma diligência sobre um possível estoque de cloroquina no governo.
Randolfe lembrou ainda que a CPI não ouviu o ex-ministro Eduardo Pazuello. De acordo com o ele, tudo indica que esse comando paralelo se efetivou durante sua gestão e isso foi determinante para o agravamento da pandemia no país. O senador ressalta que, com o ministro Queiroga, ocorre uma volta à condução sanitária devida, mas sob fortes resistências.
Ao longo dessa semana foram aprovados 101 requerimentos, 89 pedidos de informações e 12 convocações de testemunhas. O presidente da CPI, o senador Omar Aziz (PSD-AM), solicitou informações ao Ministério da Saúde sobre a compra de exames para a detecção da Covid-19 entre março de 2020 e março de 2021. Ele sugeriu que o Tribunal de Contas da União (TCU) realize uma auditoria nos repasses feitos pela União aos estados, Distrito Federal e municípios com mais de 500 mil habitantes para o enfrentamento do coronavírus.
O relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), apresentou um pacote de requerimentos para investigar a produção e a compra de cloroquina, medicamento sem eficácia contra Covid-19. O parlamentar pede informações ao Ministério da Saúde, ao Comando do Exército e à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), sobre qual foi a quantidade de comprimidos produzidos pelo Laboratório do Exército entre 2018 e 2021.
Depoimentos da próxima semana
Na a próxima terça-feira (11) está marcado o depoimento do presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Ansiva), Antonio Barros Torres. Ainda devem ocorreu os depoimentos dos ex-ministros Fabio Wajngarten, da Secretaria da Comunicação, na quarta-feira (12) de Ernesto Araújo, das Relações Exteriores, na quinta-feira (13). Também devem ser ouvidos a presidente da Pfizer Brasil, Marta Díez, e o ex-líder do laboratório Carlos Murillo.
Alegando ter contato com pessoas que testaram positivo para Covid-19, o ex-ministro general Eduardo Pazuello, teve seu depoimento remarcado para o próximo dia 19. A Comissão deve convocar a agendar, nos próximos dias, o ministro da Economia, Paulo Guedes.