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Computadores ao alcance dos deficientes visuais
Computadores ao alcance dos deficientes visuais
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Por: A Tribuna Data da Publicação: 24 de janeiro de 2019FacebookTwitterInstagram
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“Queremos a inclusão e a independência dos deficientes visuais”. Esse foi o depoimento emocionado do professor de informática da Associação Fluminense de Amparo aos Cegos (Afac), Luiz Benedicto Gonçalves, 63 anos. A afirmação veio em forma de comemoração ao saber que a lei 2.245/13, do deputado Átila Nunes (MDB), foi sancionada pelo governador Wilson Witzel. A normativa obriga que estabelecimentos que tenham uso compartilhado de computadores, como lan houses e cursos de informática, tenham um equipamento adaptado para o uso de deficientes visuais. O texto define que esses espaços disponibilizem o uso compartilhado desses aparelhos façam a adaptação. De acordo com a normativa os estabelecimentos terão o prazo de um ano para se ajustarem aos critérios e em caso de descumprimento, o local poderá sofrer multa de mil UFIR-RJ, aproximadamente R$ 3.4211. “Isso será mais um instrumento de acessibilidade às pessoas com deficiência visual, garantindo a eles o acesso à rede mundial de computadores nas empresas que efetivam a locação de terminais”, comentou. Luiz Benedicto dá aulas de informática na Afac desde 2004 e comemorou a medida. Ele explicou que para ter um computador com acessibilidade para deficientes visuais é preciso apenas a instalação de um programa e de um sistema operacional, o Dosvox. O sistema foi desenvolvido por alunos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em 1993 e desde então é disponibilizado gratuitamente pelo site. “O computador é comum e é preciso apenas um teclado e uma caixinha de som. Basta baixar o sistema e usar. O que aparece na tela é transformado em áudio e é possível acessar tudo, de notícias, e-mails e vídeos até rádios e produção de texto. Os comandos são simples e é recomendado para quem é cego e para quem tem baixa visão. Aprender a usar o computador é uma medida que está diretamente ligada a qualidade de vida dessa pessoa”, contou. A terapeuta ocupacional da Afac, Patrícia Valesca, também comemorou a nova lei. “Temos que comemorar essa vitória. É de passinho a passinho que vamos conseguindo normalizar a questão da deficiência. Queremos a integração dessas pessoas no dia a dia de outras pessoas e o computador e a internet também fazem parte disso. Quem não gosta de acessar a internet?”, indagou. E desse assunto a dona de casa Luma Vieira, 31 anos, sabe bastante. Ela é mãe de dois meninos: um cego e outro com baixa visibilidade. “Eles amam ouvir os vídeos e gostam de usar o celular. Enquanto mãe é tudo que quero para eles, que eles sejam iguais aos outros meninos. Eles estão fazendo tratamento na Afac e estou esperando a liberação da terapeuta para eles entrarem no curso de informática”, contou emocionada. NÚMEROS No último dia 4 foi comemorado o Dia Mundial do Braille e a Comissão Brasileira do Braille, parte do Ministério da Educação (MEC), tem como uma das diretrizes o desenvolvimento de produção e a difusão do sistema braille, em livros, por exemplo. Segundo a União Mundial de Cegos cerca de 5% das obras literárias no mundo são transcritas para braille (nos países desenvolvidos e nos países mais pobres essa porcentagem é de 1%). Segundo o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mais de 6,5 milhões de pessoas com deficiência visual vivem no Brasil, sendo 582 mil cegas e 6 milhões com baixa visão.

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