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Após o caso do assassinato do imigrante congolês Moïse Kabagambe, no último dia 24 de janeiro, em um quiosque na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro, a situação dessa população no Brasil tornou-se tema de debates. Niterói possui uma das maiores colônias de refugiados congoleses do Estado, com aproximadamente 350 pessoas.
O levantamento foi realizado pela Associação Estadual de Congoleses. Com base nessa pesquisa, a Secretaria Municipal de Direitos Humanos (SMDH), que organiza políticas públicas voltadas a refugiados, está elaborando um detalhamento sobre a situação dos congoleses que vivem na cidade.
De acordo com o secretário titular da pasta, Raphael Costa, após a morte de Moïse, equipes da secretaria intensificaram o acompanhamento aos imigrantes do país africano que vivem em Niterói. "Visitamos as associações de refugiados sediadas em Niterói, e prestamos orientações sobre quais órgãos e canais recorrer em casos de atos de violência, discriminação, assédio ou violação trabalhista", explicou Raphael Costa.
A nível de Brasil, o Congo é o país que possui a terceira maior colônia de imigrantes. Segundo o Ministério da Justiça e Segurança Pública, 1.073 pessoas chegaram em solo brasileiro vindo do país africano. A maior parte, assim como Moïse, estava fugindo da fome e de conflitos armados entre milícias e as Forças Armadas da República Democrática do Congo.
"Fugimos do Congo para que não nos matassem. Mas mataram meu filho aqui". A frase dita pela mãe do congolês Moïse estava na faixa que a ONG Rio de Paz colocarou no quiosque onde ele foi morto, na manhã desta sexta-feira (4), em protesto por este crime bárbaro e para cobrar uma investigação isenta e célere sobre o caso.
"Ficamos perplexos mais uma vez e impactados com a forma que Moïse foi brutalmente assassinado. Não podemos naturalizar casos como esse. O caso dele nos remete a histórias que aconteceram há séculos quando africanos foram sequestrados e trazidos para cá para serem explorados. E muitos morreram da mesma forma. Nada justifica a barbaridade que fizeram com Moïse. E fizemos este ato para que essa história não seja esquecida e para que uma barbaridade como esta jamais se repita", disse João Luís Silva, articulador social da ONG.
Três suspeitos estão presos
Três homens detidos suspeitos de assassinar o imigrante congolês Moise Mugenyl Kabagambe tiveram a prisão confirmada pela Justiça. A juíza Isabel Teresa Pinto Coelho Diniz, do Plantão Judiciário da capital, decretou na quarta-feira (2) a prisão de Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca, o Dezenove; Brendon Alexander Luz da Silva, o Totta; e Fábio Pirineus da Silva, o Belo, pela participação no crime.
Moïse foi vítima de espancamento em um quiosque na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Eles foram identificados após o depoimento de testemunhas que presenciaram o espancamento a pedaços de pau. A vítima ainda teria sido amarrada com uma corda por um dos indiciados.
A juíza Isabel Teresa Coelho Diniz diz que, de acordo com o exposto apresentado pelo Ministério Público, as investigações policiais apontam a autoria delitiva na direção dos indiciados. No entanto, ressalva ser necessária a realização de diligências para a elucidação dos fatos.